[Resenha - Planeta] A Caçada ao Lobo de Wall Street

Título: A Caçada ao Lobo de Wall Street

Autor: Jordan Belfort

Tradução: Julio de Andrade Filho

Editora: Planeta

Skoob

Jordan Belfort fez uma fortuna no mercado de ações americano nos anos 1990 e viveu uma vida de luxo, drogas, sexo e pura loucura. O problema foi que, para enriquecer dessa maneira, ele não seguiu apenas o bom caminho, e o FBI não deixou barato... Acusado de fraude de valores mobiliários, manipulação de ações, lavagem de dinheiro e outros inúmeros crimes financeiros que nem ele saberia citar, Jordan se viu obrigado a cooperar com a Justiça americana, dedurando amigos e antigos colegas para tentar se livrar de uma pena que poderia chegar a 30 anos de prisão – e arruinar de vez sua vida.  Em A caçada ao Lobo de Wall Street, Jordan conta com sua fina ironia e acidez todos os detalhes de seu início de carreira, bem como tudo que aconteceu com ele depois que seu império desmoronou: perdeu a esposa, o dinheiro e quase perderia os filhos. Uma história contada sem pudores, por um homem cativante que precisou se reinventar a qualquer custo.

No início do livro, confesso para vocês que não gostei da narrativa como gostei em O Lobo de Wall Street. Me deparei com um cara completamente arrogante, que não tinha pudores em se exibir, contando detalhadamente toda a sua história de vida e como acabou escolhendo tomar o caminho mais fácil para enriquecer - no caso, cometendo basicamente todos os tipos de crime previstos quanto ao mercado de ações. 

Pensando mais sobre o assunto, cheguei à conclusão de que a narrativa começou assim por um motivo: como a sinopse diz, Jordan realmente se viu obrigado a cooperar com a Justiça, e acredito que a única forma de ele esquecer ao menos por alguns momentos que se sentia um completo traidor, era quando conseguia vislumbrar as caras de espanto das pessoas com quem foi obrigado a conviver durante sua cooperação, devido a coisas inimagináveis que contava a elas.

- Quero que vocês entendam uma coisa: você não começa no lado negro da força, a menos, evidentemente, que seja um sociopata, e espero que todos saibam que eu não sou um - todos assentiram em concordância. Em um tom mais sério, acrescentei: - O problema é que você se torna insensível com as coisas, você cruza a linha um pouquinho e nada de ruim lhe acontece, então você acha que tudo bem dar um passo além, só que então é um passo maior.

Essa é a segunda parte da autobiografia de Jordan Belfort, mas muita coisa que é contada no livro aconteceu até mesmo antes da história que nos é mostrada no livro anterior. Os dois volumes se complementam. Odiei completamente o Jordan no início, a arrogância dele estava me deixando louca. Mas no final do livro, eu queria abraçá-lo. O cara cometeu milhões de crimes, e eu queria abraçá-lo. Pois é. Ele tem um carisma impressionante. Desde bem jovem descobriu que era um ótimo vendedor, que tinha um dom especial com as palavras, que fazia com que outras pessoas também se tornassem vendedores excelentes. Pena que usou esse dom para o mal.

Eu nasci com todos os dons, todas as vantagens. Eu poderia ter tido o que quisesse, mas destruí tudo. Minha própria ganância e meus excessos tinham tirado tudo de mim.

Em certos trechos, continuei querendo esganar o "Lobo". Ele dava festas em sua mansão todas as semanas, e essas festas eram abertas a qualquer um que chegasse e sorrisse. Durante algumas delas, seus filhos estavam presentes. E as pessoas desconhecidas lá, podendo entrar e sair quando bem entendessem. Gente, fiquei louca com isso!! Essas crianças só não foram sequestradas/abusadas/mortas por pura sorte!!! Ainda bem que uma força superior as protegeu, porque não gosto nem de pensar nas coisas que poderiam ter acontecido com elas. 

No decorrer da narrativa, Jordan muda. Reconhece que errou muito, e se esforça para fazer ao menos algumas coisas certas - somos informados de que ele passa a dar palestras sobre o uso de drogas em escolas (ele usava praticamente todos os tipos de droga existentes); faz de tudo para ser um bom pai; começa a pensar sobre as atitudes das pessoas, se esforça para se colocar no lugar delas ao invés de julgá-las. Em alguns momentos, me comovi com a situação dele. Torci para que se desse bem (mais uma vez). Fiquei chocada comigo, por estar torcendo para o bandido. Mas foi o que aconteceu, cheguei a chorar com um acontecimento que me emocionou.

Fiz mais de uma tentativa de leitura, porque não conseguia passar do início do livro. Mas acho que era apenas o momento errado já que, dessa vez, quando peguei pra ler, devorei as 462 páginas em dois dias. A narrativa é ágil  e, em alguns momentos, bem divertida. Apesar de todas as atitudes ilegais, irresponsáveis e altamente irritantes do Jordan, recomendo a leitura.