[Resenha - Planeta] Mulheres de água: contos sobre o universo feminino

Título: Mulheres de água: contos sobre o universo feminino

Autor: Gabriel Chalita

Editora: Planeta

Skoob

As mulheres são as personagens principais em cada um dos 22 contos que compõem este livro de Gabriel Chalita. Apesar de as histórias serem independentes umas das outras, o elo ou o fio que as une é a sensibilidade feminina, tantas vezes representada através de versos, canções e outras manifestações artísticas ou literárias. Os contos curtos, tendência da literatura contemporânea, na sua forma e simplicidade estética traduzem na sua essência a complexidade de cada uma das Maria das Dores, Anésias, Joaninhas, Gorettis, Judiths, Loretas, Virgínias e todas as outras personagens que encantam e se revelam. O livro Mulheres de água é uma verdadeira homenagem do autor a todos os seus leitores, homens ou mulheres, que conhecem ou se reconhecem através da alma feminina.

Não sou muito fã de contos. Logo na introdução do livro, o autor me esclareceu o motivo. Segundo ele, "as personagens vão embora sem despedidas para que os leitores continuem a conviver com elas. Como não mais estão, cada um decide o seu destino.". Nunca tinha percebido isso... que contos normalmente têm finais abertos. E não curto nem um pouco esse tipo de final, então a birra com o gênero está explicada... rs...

Em Mulheres de água: contos sobre o universo feminino, somos apresentados a 22 contos, divididos em 142 páginas. Acabei gostando bastante de quatro deles, o que me surpreendeu. E acho que só de um realmente não gostei nada, porque até agora não consegui entendê-lo. Mas enfim, vou falar um pouquinho dos meus preferidos para vocês.

O primeiro foi Quatro, o conto que abre o livro. No início, não dá para entender bem o que se passa. Uma mulher parece estar com problemas, mas não conta exatamente do que se trata, só cita vários fatos relacionados ao número quatro em sua vida e relembra um pouco de seus quatro anos de casamento. Quando eu soube qual era o problema dela, fiquei até arrepiada. Acho que esse foi o conto que mais gostei, e o fato dele ter sido o primeiro me fez ficar mais exigente e demorar bastante a gostar de outro.

Até que cheguei ao nono conto, Atende, que mostra uma mãe enlouquecida porque o filho não atende ao celular durante a madrugada. Esse já tem um desfecho mais cômico, o que me conquistou. O terceiro conto que chamou a minha atenção foi o décimo quinto, Estela e suas irmãs. Isso porque a Estela é uma personagem peculiar, me diverti com ela. 

O último foi o que fecha o livro, Hortance, a velha. Nele o autor utilizou referências de vários campos da arte, e até da história em geral, sem deixar de lado uma referência a outro conto do próprio livro. A maior parte das coisas citadas eu conhecia, sobre outras tive que pesquisar, e achei muito legal o conto ter me estimulado a fazer isso.

Realmente prefiro romances, mas gostei de sair da minha zona de conforto, porque acabei conhecendo textos interessantes que normalmente eu não leria.