[Resenha - Novo Conceito] Fragmentados

Título: Fragmentados

Autor: Neal Shusterman

Tradução: Camila Fernandes

Livro #1 da série

Editora: Novo Conceito

Skoob

Em uma sociedade em que os jovens rejeitados são destinados a terem seus corpos reduzidos a pedaços, três fugitivos lutam contra o sistema que os fragmentaria. Unidos pelo acaso e pelo desespero, esses improváveis companheiros fazem uma alucinante viagem pelo país, conscientes de que suas vidas estão em jogo. Se conseguirem sobreviver até completarem 18 anos, estarão salvos. No entanto, quando cada parte de seus corpos desde as mãos até o coração é caçada por um mundo ensandecido, 18 anos parece muito, muito longe. O vencedor do Boston GLobe-Horn Book Award Neal Shusterman desafia as ideias dos leitores sobre a vida: não apenas sobre onde ela começa e termina, mas sobre o que realmente significa estar vivo.

Connor. Um garoto com temperamento um tanto quanto explosivo e com notas longe de serem excelentes. Risa. Uma tutelada do Estado que parece não ter muito a oferecer, com notas medianas e talento para a música, mas não o suficiente para considerarem que fará diferença no mundo. Lev. Um menino de 13 anos que nasceu com um objetivo - ser um dízimo humano. Só para esclarecer: Lev não é o único dízimo do livro. Existem dízimos em todas as religiões. Ele é o décimo filho e foi gerado já com esse objetivo específico. O que eles têm em comum? Em breve serão fragmentados.

Ok, eu amo distopias, mas essa realmente ganha o título de distopia mais revoltante. Existe uma discussão infinita sobre o direito ou não ao aborto, certo? Pois nesse mundo, após uma Guerra Civil, eles acharam uma alternativa diferente, que os dois extremos consideraram aceitável. Não se pode fazer nenhum mal a uma criança do momento em que é concebida até que ela complete 13 anos. Mas, a partir dessa idade, e até os 17 anos, os pais podem entregá-la para ser fragmentada. O que é isso? A solução para a falta de doação de órgãos e a possibilidade de ficar livre de um filho, por qualquer motivo absurdo. O adolescente é simplesmente partido em mil pedacinhos, e cada parte dele é colocada em alguém que precise dela, desde um braço até um minúsculo pedaço de cérebro. E o mais absurdo? Eles acreditam que a pessoa continua vivendo, mas de forma muito mais útil!

Como alguém pode achar que isso é normal, e que é uma boa alternativa? Socorro, boa alternativa pra quem? E gente, os pais podem entregar os filhos justamente durante a adolescência, quando eles com frequência se tornam insuportáveis! Percebem o nível de maldade dessa lei? Queria ver quem a fez se voluntariar para viver de forma mais útil.... u.u

Para as pessoas de estômago mais fraco, preciso dizer que por causa de uma única cena estou enjoada até agora. Eu realmente não precisava de tantos detalhes. Seria muito mais feliz se essa cena não existisse. Como existe, e eu li, só me resta torcer bastante para que ela não invada os meus sonhos, porque aí eles seriam transformados em pesadelos e realmente não acho nada legal quando isso acontece. Sim, eu poderia ter pulado a cena, mas simplesmente não consegui. A escrita viciante do autor me prendeu até mesmo durante aquele momento torturante.

Mesmo assim, gostei da leitura. O mundo criado pelo autor é plausível, as personagens têm vida, o ritmo é ótimo. Foi um livro que não me permitiu ficar indiferente em nenhum momento (acho que deu para notar a minha indignação na resenha), e amo livros que mexem comigo e me fazem refletir. 

Se ele tem erros de revisão, não percebi. A fonte tem um tamanho bom, as folhas são amareladas. No Goodreads, descobri que existem 4 livros da série já publicados, e não consegui chegar a uma conclusão sobre a possibilidade de existir mais algum. Aparentemente, deveriam ser só três, e a série aumentou de tamanho. Não acho que o autor vá me fazer passar por alguma cena nojenta como a que tive que acompanhar de novo. então espero que os demais volumes cheguem logo por aqui.