[Resenha - Petit Editora] Pescadores de Almas

Título: Pescadores de Almas

Autora: Walkiria Kaminski

Petit Editora

Skoob

Em sua estreia muito aguardada na Petit, o relato de Walkiria Kaminski é bastante sensível e emocionante, e nos fala sobre a pintura mediúnica, esclarecendo como esse trabalho pode ajudar encarnados e os que já desencarnaram em sua adaptação no mundo espiritual. Vamos acompanhar como, ao utilizar a arte como terapia, ela pode se transformar em uma poderosa ferramenta de auxílio.  Pescadores de almas é, antes de mais nada, um relato corajoso e surpreendente da vida e da obra da médium psicopictográfica Walkiria Kaminski, que iniciou o movimento Arte Cura no Brasil. “Quanto à questão de as obras estarem ou não dentro dos princípios estéticos e dos padrões de beleza, é preciso que compreendas que a beleza tem muitas faces. Em nosso caso, aquilo que se pode considerar como feio ou sem sentido é de uma grande conquista para os sofredores, sejam eles encarnados ou desencarnados. A Arte que trazemos conosco é arte curativa” (trecho da obra; transcrição do mentor espiritual da autora).

Este livro é um relato da vida e do trabalho no Espiritismo da autora. Porém, a narrativa começa antes dela nascer, na época em que seu pai, Oscar, era ainda um adolescente. Com 17 anos, já era um preso político. Na verdade, começa um pouco antes disso, contextualizando a situação do Brasil nos anos 1920 e 1930. Oscar acabou descobrindo sua mediunidade durante a prisão e, ao sair de lá, procurou desenvolvê-la. Ao mesmo tempo, garantia uma vida mais segura com a aprovação em um concurso público e na faculdade de Direito. 

Após se formar, passou a reservar um tempo para auxiliar presos que considerava inocentes e que não tinham como pagar por uma defesa. Tornou-se também o dirigente de um centro espírita, e formou uma família. Foi consultado antes do nascimento de Walkiria, sobre a possibilidade de recebê-la como filha, e prontamente aceitou a tarefa. Ela havia tido uma última encarnação complicada e desenvolveria o dom da mediunidade desde criança para que pudesse desempenhar muitas tarefas como forma de diminuir os débitos contraídos. A partir desse momento acompanhamos toda a vida de Walkiria, mas vou me concentrar só no motivo do livro ter sido escrito: a Arte Cura.

Já acompanhei uma sessão pública de pintura mediúnica. Sei que muita gente não acredita nisso, mas é inacreditável o que se sente estando presente. Os quadros foram pintados com uma rapidez impressionante, e em certo momento todas as pessoas na sala choravam. Quando o quadro que estava em andamento ficou pronto e o pintor foi revelado, entendemos o motivo daquilo. Era uma pessoa que emanava uma energia inexplicável, e ninguém ficou ileso a ela.

Mas  nunca tinha ouvido falar de pintura mediúnica como Arte Cura, até conhecer esse livro. Na verdade, a Arte Cura é algo muito maior, com várias vertentes, incluindo teatro, dança, música, artes plásticas... enfim, todos os tipos de arte, sempre com foco no amor e na evangelização. Tem o objetivo de encantar e tornar espíritos endurecidos mais propensos a aceitar ajuda. No livro, acompanhamos várias situações em que foi utilizada, sempre com um ótimo resultado. O assunto suicídio é muito abordado, focando no que acontece com alguém que toma esta atitude após fazer a passagem para o outro lado da vida. A autora expõe como a Arte Cura é utilizada no Plano Espiritual e também aqui, no Plano Material.

Fiquei realmente fascinada pelo trabalho. Sobre a pintura, especificamente, a autora conta como isso entrou na vida dela (causou bastante espanto no início, já que ela não tinha nenhuma ligação com a arte), como acabou se tornando um trabalho de grandes proporções e porque ela precisava fazer aquilo. A atuação dela acabou se expandindo para outras áreas relacionadas depois, e adorei acompanhar toda a trajetória percorrida. Foi um livro que me ensinou muito, e que me fez ter vontade de cooperar de alguma forma com a Arte Cura. É algo fascinante.