[Resenha - Arqueiro] O homem de São Petersburgo

Título: O homem de São Petersburgo

Autor: Ken Follett

Tradução: A. B. Pinheiro de Lemos

Editora: Arqueiro

Número de páginas: 336

Skoob

A história pode estar prestes a mudar. 1914: a Alemanha se prepara para a guerra e os Aliados começam a construir suas defesas. Ambos os lados precisam da Rússia, que enfrenta graves problemas internos e vive na iminência de uma revolução. Na Inglaterra, Winston Churchill arquiteta uma negociação secreta com o príncipe Aleksei Orlov, visando a um acordo com os russos. No entanto, o anarquista Feliks Kschessinsky, um homem sem nada a perder, está disposto a tudo para impedir que seu país envie milhões de rapazes para os campos de batalha de uma guerra que nem sequer compreendem. Para isso, ele se infiltra na Inglaterra com a intenção de assassinar o príncipe e, assim, frustrar a aliança entre russos e britânicos. Um mestre da manipulação, Feliks tem várias armas a seu dispor, mas precisa enfrentar toda a força policial inglesa, um brilhante e influente lorde e o próprio Winston Churchill. Esse poderio reunido conseguiria aniquilar qualquer homem no mundo – mas será capaz de deter o homem de São Petersburgo? Costurando com maestria a narrativa ficcional à colcha da História, mais uma vez Ken Follett fala sobre assuntos universais, como paixões perdidas e reencontradas, amores e traições, ao mesmo tempo que oferece uma visão precisa sobre os acontecimentos que mudaram o mundo para sempre.

1914. Uma Guerra Mundial pode começar a qualquer momento. A Alemanha é o país com o melhor exército, e pretende lutar contra a França, de que a Inglaterra é aliada. Os ingleses não estão nem um pouco dispostos a ser dominados por outra nação, e sabem que para vencer a guerra que parece inevitável precisam de reforços. A Rússia seria o país ideal, já que poderia atacar a Alemanha por outra direção e assim forçá-la a dividir seus recursos.

Quantas guerras foram travadas para impedir a guerra? Se não tivéssemos lutado no território de outros povos, será que eles teriam precisado lutar?

Stephen Walden é um conservador que se mantém atualmente distante da política devido à presença dos liberais. Mas é solicitado diretamente pelo Czar para negociar o acordo entre as nações com o príncipe Aleksei Orlov, que a propósito é sobrinho de Walden devido a seu casamento com uma russa. Mas a negociação precisará vencer um enorme obstáculo, chamado Feliks Kschessinsky.

Ele é um anarquista que não tem nada a perder. Se oferece para matar Orlov e, com isso, impedir o acordo e fazer com que os jovens inocentes de sua pátria não sejam obrigados a lutar uma guerra que nada tem a ver com eles. Esse é o início da trama, que acaba se desmembrando e tratando de muito mais coisas que temos a impressão que tratará.

No caminho, descobriu uma coisa extraordinária a seu respeito: perdera a capacidade de sentir medo. (...) Não havia nada que desejasse, e não existia mais nada que pudesse feri-lo. (...) Seu amor não era pelas pessoas, mas pelo povo.

Levei muito mais tempo para ler o livro do que imaginei que levaria, mas não por causa de uma narrativa lenta, uma vez que o ritmo é muito bom, e sim densa. Principalmente no meu caso, que não sei nada de política nem de história. Tive que ler bem devagar para conseguir absorver todas as informações.

As personagens foram muito bem construídas e me afeiçoei a várias delas. Não consegui odiar ninguém no livro, achei que odiaria o vilão no início, mas depois comecei a sentir simpatia por ele. No final, não sabia bem o que sentir. Seus motivos até eram louváveis, só que ele é meio sádico. 

A narrativa foi muito bem construída. Algumas coisas foram fáceis de desvendar, mas isso não atrapalhou nem um pouco minha leitura. Pelo contrário, quando eu descobria algo ficava muito mais ansiosa pelas próximas páginas, querendo saber qual seria a reação das personagens quando fizessem aquela mesma descoberta. E quando elas ficavam sabendo, era como se eu estivesse descobrindo aquilo novamente, pois sentia todas as emoções que elas experimentavam.

Fazer o bem não o torna feliz, mas fazer o mal certamente o deixará infeliz.

Achei o desfecho simplesmente brilhante. Não tinha a menor ideia de como o autor conseguiria terminar as coisas de forma satisfatória, porque se me perguntassem o que eu queria que acontecesse não saberia responder. Este livro foi o primeiro do Ken Follett que li, e com certeza vou querer conhecer muitas outras obras dele.

Eles não compreendiam que um homem podia planejar as próprias ações - era só quando começava a organizar a vida dos outros que se tornava um tirano.