[Resenha - Planeta] O órfão de Hitler

Título: O órfão de Hitler
Autor: Paul Dowswell
Tradução: Edmundo Barreiros
Editora: Planeta
Número de páginas: 272
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Piotr é um menino polonês quando os nazistas invadem seu país e matam seus pais. Seu destino parece traçado: viver num orfanato, sendo depois oferecido para trabalho escravo. Mas seus olhos azuis, seu cabelo loiro e sua pele clara fazem dele um exemplo da raça pura, um modelo para a Juventude Hitlerista. Então, os alemães o entregam a uma família nazista. Só que Piotr, que nunca deixa de se sentir estrangeiro junto a sua nova família, começa a formar seus próprios conceitos sobre o que vê e o que lhe é dito. Ele não quer ser um nazista. E então assume um risco – o mais perigoso que poderia escolher na Berlim de 1942. Vencedor de seis prêmios e finalista de outros dezesseis, este romance de Paul Dowswell parte de uma pesquisa meticulosa para uma narrativa cheia de reviravoltas, trazendo à tona um ângulo diferente dos horrores da Alemanha nazista.

O órfão de Hitler conta a história de Piotr Bruck, garoto de descendência alemã nascido e criado em uma fazenda na Polônia. Ao perder os pais, acaba em um orfanato em Varsóvia. É a época da Segunda Guerra Mundial, e os nazistas dominaram o país. Mas algumas coisas fazem com que Piotr ganhe uma segunda chance: sua aparência ariana impecável e sua fluência na língua alemã. 

Ao ser avaliado pelo “Departamento de Raça e Povoamento”, imediatamente definem que ele é o candidato perfeito para ser recuperado pela comunidade nacional alemã. O garoto logo ganha uma nova família, e passa a viver plenamente a realidade do nazismo, mas do lado dos opressores, e não dos oprimidos.

Já li vários livros com essa época como pano de fundo, mas acredito que nunca havia me deparado com uma obra que mostrasse as coisas pelo ângulo que essa mostra, com o foco em uma “perfeita família alemã”, em que todos fazem tudo o que é pedido deles para que a Alemanha possa se tornar a nação suprema vislumbrada por Hitler. É de enlouquecer acompanhar a rotina da família em que Piotr - agora Peter - foi parar.

As crianças parecem ser até mais fanáticas que os próprios pais, sempre atentas a algum sinal de traição à pátria. No decorrer da obra ficamos sabendo que alguns membros da família fizeram coisas bem difíceis, praticamente impossíveis, de serem perdoadas. Foi a primeira vez que ouvi falar de alguns fatos, parece que sempre descobrirei um novo horror que acontecia durante o nazismo de que não tinha conhecimento.

Peter precisa se policiar o tempo todo, não só em casa como também na escola e, claro, na Juventude Hitlerista. Ele com certeza não aprova toda aquela idolatria e muito menos a perseguição aos judeus, que nunca entendeu. Mas é um adolescente de apenas 13 anos e sabe que aquela é sua única chance de sobreviver. Felizmente, acaba descobrindo que nem todos são tão fanáticos como tentam parecer, mas o contato com essas pessoas acaba fazendo com que ele enverede por um caminho bem arriscado.

A leitura foi tranquila durante boa parte do tempo, mesmo que em alguns momentos eu tenha tido vontade de entrar na história só para fazer algumas pessoas acordarem ou até mesmo sofrerem bastante. Mas houve um momento em que a tensão chegou e não foi mais embora. Fiquei agoniada enquanto os acontecimentos se desenrolavam, torcendo muito para dar tudo certo para as pessoas que se tornaram queridas para mim.

A leitura realmente me envolveu e várias personagens me cativaram de verdade, principalmente as que mostraram seu desprendimento e sua generosidade. Nem todos tiveram um final feliz, mas pelo menos não houve dúvida sobre o destino de nenhuma das personagens principais. Gostei bastante do livro.