[Resenha - Arqueiro] As cordas mágicas

Título: As cordas mágicas

Autor: Mitch Albom

Tradução: Lúcia Brito

Editora: Arqueiro

Número de páginas: 352

Skoob

Francisco Presto nasceu numa pequena cidade da Espanha em plena guerra civil. Com a infância marcada por tragédias, Frankie se torna pupilo de um professor de música cego, que se dedica a lhe ensinar tudo o que sabe. Ao completar 9 anos, ele foge para os Estados Unidos carregando consigo apenas seus bens mais preciosos: um violão e seis cordas mágicas. Com um talento fora do comum para tocar e cantar, Frankie rapidamente alcança o estrelato e influencia o cenário musical do século XX, apresentando-se ao lado de nomes consagrados como Elvis Presley e Little Richards. No entanto, seu dom se transforma em um terrível fardo quando ele percebe que pode afetar o futuro das pessoas: uma corda de seu violão fica azul cada vez que uma vida é alterada. No auge do sucesso, assombrado por seus erros e por seu estranho poder, Frankie sai de cena por anos, apenas para ressurgir para um espetacular e misterioso adeus.

Frankie Presto, um grande nome da música, faleceu. A narradora de trechos deste livro está presente em seu enterro esperando por sua alma. Ou pelo menos por uma enorme parte dela. Não, não é a morte. É a Música, que lhe concedeu um talento extraordinário.

Por mais bem utilizada que eu seja, sou um empréstimo, não uma posse. Você me devolve ao partir.

Frankie, ou Francisco, como nasceu, morreu de forma intrigante. Ele estava tocando em um festival, e a multidão que compunha a plateia viu seu corpo ascender até uma viga e depois cair inerte no palco. Claro que ninguém morre assim, por isso está acontecendo uma investigação de assassinato.

Na verdade, Frankie estava afastado da música há muito tempo. Então, ao mesmo tempo que a Música nos narra toda a trajetória de sua vida e nos explica porque aquilo aconteceu, e porque afinal ele estava tocando quando morreu mesmo que não fizesse isso há anos, conhecemos várias pessoas que fizeram parte de sua história em diversos momentos enquanto concedem entrevistas para uma rede de televisão.

O livro conta uma história delicada e encantadora. O protagonista não tem uma vida nada fácil, precisa lidar com o abandono várias vezes. Erra muito, mas claro que também acerta. É uma personagem que mesmo que tenha se tornado uma estrela, nunca esqueceu sua humanidade.

E sobre o título… bem, ele é literal. Frankie possui cordas mágicas, mesmo que não saiba do poder que elas carregam no início e depois não consiga entender bem como esse poder funciona. Tudo o que ele percebe é que aquelas cordas conseguem alterar vidas, e que cada uma só pode ser usada para esse fim uma única vez. Como o violão tem seis cordas, a obra é dividida em seis partes, que mostram como elas foram utilizadas.

O autor inseriu no livro várias personagens baseadas em astros da música reais, sendo que, para as pessoas citadas que ainda estão vivas, ele realmente pediu permissão para inseri-las na história. Não entendo nada de música, menos ainda de música internacional, então muita gente citada eu não conhecia. Isso não prejudicou minha leitura, mas acredito que quem tem mais conhecimento sobre o assunto vai ter uma relação ainda mais especial com a obra.

Aliás, adorei o cuidado que tiveram em traduzir trechos de músicas ou apenas palavras ou expressões em outras línguas que aparecem no decorrer da narrativa. É muito chato quando simplesmente deixam essas partes na língua original e o leitor precisa se virar para entender.

Marquei tantos quotes que o livro vai ganhar uma segunda postagem para que eu possa mostrá-los para vocês. Seria impossível encaixar todos na resenha e acredito que uma obra que promove tantas boas reflexões merece esse destaque. Foi uma leitura que me envolveu do início ao fim; que me deixou engasgada e com o coração ao mesmo tempo partido e cheio de esperança quando a finalizei. Não consigo explicar melhor do que isso, vocês terão que ler para entender o que eu quero dizer.

Todo mundo entra numa banda nesta vida. E a forma como você toca sempre afeta alguém. Às vezes, afeta o mundo.