[Resenha - Rocco] Fellside: estranhos visitantes

Título: Fellside - estranhos visitantes

Autor: M. R. Carey

Tradução: Caco Ishak

Editora: Rocco

(Selo Fábrica231)

Número de páginas: 464

Skoob

Uma história de terror moderna, perturbadora e emocionante, assinada pelo mestre dos quadrinhos M. R. Carey, pseudônimo de Mike Carey, roteirista de sucessos como X-Men e Hellblazer e autor do cultuado A menina que tinha dons, adaptado para a telona pela Warner Bros (ainda sem previsão de estreia no Brasil). Em seu segundo romance, Carey conta a história de uma mulher que vive em Fellside, uma prisão de segurança máxima localizada nos confins da Inglaterra. Acusada de ter incendiado o seu apartamento e matado por acidente uma criança, Jess Moulson vive afundada em culpa e medo, e sabe que não pode confiar em ninguém ali. Até que começa a ouvir a voz de uma criança. Uma criança morta, que tem uma mensagem para Jess.

Jess Moulson é viciada em heroína e isso já fez com que perdesse várias coisas em sua vida. Mas quando aparentemente causa um incêndio em seu apartamento com o objetivo de matar seu namorado, e ao invés disso é acusada de matar o vizinho de 10 anos, não consegue aguentar a culpa. Mesmo que não se lembre de nada, acredita que merece ser castigada, e por isso praticamente confessa e é condenada.

Para cumprir sua pena é enviada a Fellside, mais especificamente para o bloco de segurança máxima da prisão. Acaba descobrindo que viver lá não será tão simples, existe toda uma estrutura extraoficial. Além disso, parece que o garoto que ela matou está de volta, e que por algum motivo precisa de sua ajuda.

Confesso que comecei a ler esse livro com certo receio. Sou muito medrosa e além disso uma amiga me disse que tinha gostado muito, mas que havia algumas cenas bem violentas. Por isso, além de me preparar psicologicamente, tratei de preparar o estômago. Acabou que felizmente a violência acabou sendo bem mais fácil de encarar do que eu imaginava.

Me envolvi desde o começo com o enredo e, mesmo que o livro tenha quase 500 páginas, li rapidamente. A narrativa é muito ágil, fluida e envolvente, era difícil interromper a leitura. Algumas das personagens, inclusive a protagonista, me cativaram bastante. Outras ganharam todo o meu ódio. De qualquer maneira, não houve nenhuma personagem que não me causou algum tipo de reação.

O livro mostra o quanto não é fácil a vida dentro de uma prisão. E nem se trata de um daqueles presídios lotados de que ouvimos falar, e sim de um com apenas duas detentas por cela. Mas o lugar é controlado por uma das presas, que tem várias pessoas em sua folha de pagamento, inclusive agentes penitenciários. É mostrado de forma bem crua que não tem como alguém ficar seguro em um lugar assim caso mexa com as pessoas erradas - ou caso apenas se recuse a desempenhar o papel que lhe for reservado.

Minha expectativa era de encontrar algo diferente, achei que a parte sobrenatural fosse ser trabalhada de outro jeito. Acabou que, na minha opinião, essa parte até fez com que o foco saísse um pouco da protagonista. Não acho que isso seja ruim, só foi algo inesperado. A única coisa que me incomodou um pouco foi o final da obra, mas só porque algumas coisas ficaram em aberto, e não curto quando isso acontece. A maior parte das personagens teve um destino bem claro, mas não todas elas, e fiquei um pouco frustrada isso.

Não considerei terror, e sim um suspense. O livro passa longe de ser leve, mas também é bem menos pesado do que imaginei que seria. Algumas coisas me surpreenderam, mas o mistério principal consegui desvendar antes de ser explicado. Mesmo assim, acabei gostando bastante da leitura. 

Acabamos nos acostumando a não ser ninguém. A não ter nada. Quando somos obrigados a retomar algum tipo de vida, é assustador. Dá uma sensação de que talvez seja demais para a gente. (...) Mas é bobagem ficar com medo daquilo que mais queremos na vida.