[Resenha - Novo Conceito] Todos os Nossos Ontens

Título: Todos os Nossos Ontens

Autora: Cristin Terrill

Tradução: Bárbara Menezes de Azevedo Belamoglie

Editora: Novo Conceito

Skoob

O que um governo poderia fazer se pudesse viajar no tempo? Quem ele poderia destruir antes mesmo que houvesse alguém que se rebelasse? Quais alianças poderiam ser quebradas antes mesmo de acontecerem? Em um futuro não tão distante, a vida como a conhecemos se foi, juntamente com nossa liberdade. Bombas estão sendo lançadas por agências administradas pelo governo para que a nação perceba quão fraca é. As pessoas não podem viajar, não podem nem mesmo atravessar a rua sem serem questionadas. O que causou isso? Algo que nunca deveria ter sido tratado com irresponsabilidade: o tempo. O tempo não é linear, nem algo que continua a funcionar. Ele tem leis, e se você quebrá-las, ele apagará você; o tempo em que estava continuará a seguir em frente, como se você nunca tivesse existido e tudo vai acontecer de novo, a menos que você interfira e tente mudá-lo...

Todos os Nossos Ontens foi uma leitura bem diferente do que eu esperava. O livro conseguiu me envolver de verdade e, enquanto eu lia, amei tudo. A narrativa é extremamente ágil e repleta de ação, então mal dá tempo de piscar. Mas, infelizmente, quando terminei a leitura e parei para pensar sobre o que tinha lido, não consegui me sentir satisfeita com a história.

É até difícil contextualizar, vocês vão precisar ler a sinopse mesmo dessa vez. O que acontece é que não encontrei o que ela descreve no enredo. Achei que fosse acompanhar o governo usando um mecanismo para viajar no tempo meio que para dominar o mundo... não foi bem isso que a autora me mostrou. Esse mundo citado na sinopse, em que o governo usa viagens no tempo para controlar o povo e os acontecimentos históricos, é apenas vagamente citado. Os protagonistas precisam a todo custo destruir a pessoa que tornou a viagem no tempo possível. Dizem várias vezes que a vida se tornou insuportável... mas isso não é demonstrado.

Então, embora o enredo seja sim consistente e tenha a capacidade de prender o leitor à história, no fim o que ficou para mim foi o fato de ler sobre pessoas correndo umas atrás das outras usando a viagem no tempo. Senti as dores que elas sentiram, vivi seus conflitos internos, mas uma contextualização fez sim muita falta. Eu realmente precisava ter vivenciado a versão do mundo que a autora tentou me convencer que existia para entender a motivação deles - mas não aconteceu. 

É uma pena, porque a premissa é algo que achei mega diferente, e quem não gosta de histórias inovadoras? Achei o final do livro bem fechado, mas mesmo assim fui pesquisar sobre a existência de alguma continuação. Descobri que a autora tentou escrever uma sequência, mas não conseguiu fazer com que ficasse como ela queria, então desistiu. Mas resolveu não deixar o universo completamente de lado, e escrever algumas histórias curtas. Encontrei essas informações neste link, de um ano atrás, porém não encontrei nada a respeito de algo que chegou a ser escrito.

A diagramação é simples, com folhas amarelas e a fonte de um tamanho ideal. Não percebi erros de ortografia. Gosto muito da capa, ela aguçou minha curiosidade desde o início. O final é realmente surpreendente, por alguns acontecimentos eu nunca esperaria. Mas gostaria que a autora escrevesse algo mais, principalmente coisas que se passassem na época em que as pessoas decidem que precisam voltar no tempo para fazer com que viagens no tempo nunca fossem possíveis. Acredito que, assim, eu conseguiria gostar muito mais do livro, pois não ficaria com essa sensação de que faltou algo. De qualquer maneira, aconselho que leiam para tirar suas próprias conclusões, já que o livro tem ótimas avaliações tanto no Skoob quanto no Goodreads.