[Resenha - Globo Alt] Redoma

Título: Redoma

Autora: Meg Wolitzer

Tradução: Alexandre Raposo

Número de páginas: 288

Editora: Globo Alt

Skoob

Se a vida fosse justa, Jam Gallahue estaria vivendo sua vida tranquila em Nova Jersey, assistindo a séries e abraçando seu namorado, Reeve Maxfield. Ela não estaria infeliz e sem vontade de se levantar da cama, nem estaria em um internato para adolescentes “emocionalmente frágeis”. Mas a vida não é justa, Jam perdeu seu primeiro amor e está completamente perdida. A mudança de escola parece a única possibilidade de recuperação para a garota, que passou quase um ano mergulhada em tristeza. No entanto, ela odeia a nova rotina e decide levar tudo com o menor esforço possível. Por isso, Jam fica surpresa quando descobre que foi selecionada para a exclusiva e lendária aula de “Tópicos Especiais em Inglês”, da misteriosa Sra. Quenell. A turma tem mais quatro estudantes, todos com histórico de traumas ainda piores que os de Jam. Mesmo assim, a professora parece não se importar com a fragilidade de seus alunos quando escolhe o livro que trabalhará durante o semestre: A redoma de vidro, de Sylvia Plath. O romance, que narra a série de eventos que levariam a estudante Esther Greenwood a um colapso nervoso, parece a opção mais improvável, para adolescentes que ainda estão superando experiências difíceis. Além das discussões sobre o livro, cada aluno tem a tarefa de escrever em um diário entregue pela professora. E é esse trabalho que leva Jam e seus amigos desajustados à Redoma. Repleto de referências ao clássico de Sylvia Plath, Redoma é um romance sobre o primeiro amor, o sofrimento, o amadurecimento e os problemas de aceitação na adolescência. É também uma história sobre como a amizade pode ajudar a superar os piores traumas da vida.

Jam é uma garota que perdeu seu namorado (desde a primeira página ela nos conta que ele morreu) e depois disso se afundou em uma tristeza profunda. Não suportava mais nenhum tipo de convívio social, e após ser tirada da escola e não ter tido sucesso com aulas particulares, acaba sendo mandada para um internato para adolescentes "emocionalmente frágeis e altamente inteligentes", o Celeiro. 

Ao ser acordada por sua colega de quarto para que não perdesse o primeiro dia de aula, e ser questionada por ela sobre qual seria sua primeira aula, descobre que foi selecionada para uma matéria super exclusiva, que só é ministrada quando a professora quer fazer isso, e nunca tem mais de cinco ou seis alunos na classe.

A disciplina é "Tópicos Especiais em Inglês", e a professora é a Sra. Quenell, que parece ter mais de 70 anos e tem uma atitude diferente dos outros professores da escola. Ela não quer menos que o melhor que seus alunos possam oferecer, e demonstra que não vai pegar mais leve por causa dos problemas deles ao anunciar a escritora que é a única que lerão durante o semestre: Sylvia Plath, que se suicidou aos 30 anos e escreveu um livro em que demonstrou todo o seu isolamento: A redoma de vidro. 

Além disso, precisarão escrever com regularidade em um diário que deverá ser devolvido no final do semestre, mas que não será lido pela professora. Os cinco jovens ficam receosos a princípio, só que acabam descobrindo que o método da Sra. Quenell esconde muitas surpresas e pode ser exatamente o que eles precisam para se recuperar de seus traumas.

Achei esse livro genial, e nem sei bem como falar sobre ele. Primeiro, preciso dizer que ele prova que é possível escrever um livro único com menos de 300 páginas trabalhando muito bem os personagens e o enredo. Também mostra que não é necessário encher o livro de mimimi só porque os protagonistas são adolescentes "problemáticos". Todos os personagens principais têm problemas, alguns bem mais graves que outros, mas nenhum deles fica se lamentando pelos cantos e dizendo que ninguém passou pelo que ele passou. Todos amadurecem durante o enredo, e entendem o valor da amizade. Constroem lindos relacionamentos entre eles, focados na honestidade, na cumplicidade e no companheirismo.

A narrativa me ganhou desde o prólogo, quando Jam citou a Redoma, sem dizer nada sobre ela. E claro que não sou em quem vai explicar o significado desta palavra que dá nome ao livro, mas se quiserem saber é só procurar a sinopse completa por aí - tirei essa parte ao colocá-la aqui no blog. Realmente evito a leitura de sinopses, e adorei que essa parte tenha sido uma surpresa para mim, então vou dar a vocês o direito de escolha.

Foi uma leitura intensa. Fui praticamente sugada para dentro do livro, eu simplesmente precisava descobrir quais eram os traumas de Jam e de seus colegas, e acabei me surpreendendo muito - principalmente com a história da Jam, que é a última a ser revelada. O livro mostra que a vida nem sempre é como queremos, mas isso não é motivo para estacionar e não se entregar a novas experiências. Redoma me fez refletir bastante, e é uma leitura que recomendo para adolescentes e adultos.