[Resenha - Galera Record] O Peculiar

Título: O Peculiar

Autor: Stefan Bachmann

Tradução: Viviane Diniz

Livro #1 da série O Peculiar

Editora: Galera Record

(Selo Galera Junior)

Leia um trecho | Skoob

Não seja notado e não será enforcado. É sob esta lei que os Peculiares, crianças nascidas da união entre mortais e fadas, vivem. Após a invasão do mundo pelos seres mágicos, as fadas foram aceitas, mas os mestiços não têm lugar. E os irmãos Barthy e Hettie vivem com medo. Tudo piora quando Peculiares são encontrados boiando no Tâmisa. Mas os irmãos estão seguros nos cortiços das fadas em Bath, não? Provavelmente... Se não fosse pela misteriosa dama que aparece no Beco do Velho Corvo.

O Peculiar é do gênero steampunk, como vocês podem perceber pela capa. A obra está repleta de criaturas mecânicas, como o pardal em destaque na ilustração. Existem autômatos de vários tipos, como os cavalos que conduzem as carruagens. E um dirigível tem uma participação toda especial.

Ambientado em Londres, nos mostra um mundo pós-guerra entre humanos e fadas. As fadas invadiram, mas acabaram sendo derrotadas, e a maior parte delas (fadas dos dois sexos) têm trabalhos que pagam muito pouco e vivem em cortiços.  Mas em situação muito pior que as fadas estão os mestiços, os peculiares. Nascidos de relacionamentos entre fadas e humanos, são apelidados de medonhos, todos os consideram muito feios e os evitam. E eles devem evitar a todos também, ou podem acabar na forca.

Bartholomew e Hettie são peculiares. Crianças que vivem com medo de serem descobertas. E quando peculiares começam a aparecer mortos no rio Tâmisa (de uma forma bem assustadora e sem explicação, por sinal) o medo das crianças atinge um nível muito mais alto. Principalmente o de Barthy, já que ele resolveu espionar por uma janelinha que imaginava que nunca chamaria a atenção, e acabou vendo o que não devia.

Adiei a leitura deste livro por bastante tempo, porque vi várias resenhas negativas. Contra todas as minhas expectativas, acabei gostando muito! Achei que não fosse gostar quando iniciei a leitura, porque só comecei a entender alguma coisa que o autor dizia quando cheguei no capítulo 2 (quer dizer que fiquei muito confusa durante o prólogo e o capítulo 1, mas não foi tanto tempo assim, afinal). Mas acabei sendo envolvida pela história e fiquei muito curiosa para desvendar todos os mistérios que surgiam. E não desvendei todos, várias coisas ficaram para ser esclarecidas na continuação, que felizmente já foi publicada e é o último livro. Sim, são só dois livros, praticamente um milagre, rs, e como o segundo foi publicado no exterior em 2013, não acredito que exista chance do autor mudar de ideia e resolver continuar a história.

No início do livro, acompanhamos as trajetórias de Barthy e do Sr. Jelliby em capítulos alternados, mas em determinado momento elas se cruzam. O Sr. Jelliby é um dos heróis mais intrigantes que já conheci, porque no começo da história o conhecemos como um senhor completamente acomodado, que só quer terminar suas obrigações o mais rápido possível e poder ficar em sua casa em paz, mas acaba descobrindo completamente por acidente um plano diabólico para o qual não pode fechar os olhos. E aí ele se transforma, e se torna uma pessoa corajosa e disposta a ir até as últimas consequências para fazer o que é certo.

O autor é músico, e no site da série vocês podem conferir algumas composições feitas especialmente para o livro. Gostei muito de como o enredo e as personagens foram trabalhados e estou realmente ansiosa para conhecer o desfecho da história. Logo trarei a resenha de Não-Sei-Quê para vocês.