[Resenha - Novo Conceito] Enquanto a chuva caía

Título: Enquanto a chuva caía

Autora: Christine M.

Editora: Novas Páginas

(Grupo Editorial Novo Conceito)

Skoob

Erik não procura mais a garota dos seus sonhos. Vive em busca de adrenalina e de uma razão para continuar cumprindo tarefas obscuras. Ele sabe que é muito bom no que faz e não vê nada que possa ser melhor do que os seus dias repletos de perigo. O que Erik não esperava é que sua paixão por correr riscos seria a sua ruína. Ameaçado, ele precisa fugir para o exterior e viver disfarçado de cidadão comum, trabalhando como advogado em uma grande empresa. Marina comanda o império da família depois de seu pai ter sucumbido ao mal de Alzheimer. Precisa suportar ver os pais tombarem diante da ação implacável do tempo, enquanto ainda carrega a ferida provocada pela morte do jovem marido. Com o comando das empresas nas mãos, ela percebe que nem todas as atividades da corporação obedecem aos manuais de boa conduta. Quando ambos se encontram, presente e passado se misturam, dando início a um mistério arrebatador que os atrai a uma paixão incontrolável. No entanto, os segredos, cedo ou tarde, virão à tona e os colocarão em lados opostos da balança. Nenhum dos dois é inocente, mas será que eles aceitarão as verdades que tanto se empenham em esconder? É possível construir um futuro mesmo depois de descobrir que nesta história não há mocinha nem herói?

Enquanto a chuva caía conta a história de Marina, uma garota que de repente precisa assumir o império da família após seu pai ter sido diagnosticado com Alzheimer, e sua mãe ter precisado se ausentar do trabalho para cuidar dele. Conta também a história de Erik, um cara que se define com um "informante com benefícios" da polícia. Ele ajuda em investigações, e também usa meios nada ortodoxos (e nem um pouco legais, nos dois sentidos da palavra) para cuidar de situações em que a polícia se descobre de mãos atadas. Duas pessoas que sabem que têm um lado obscuro, mas se esforçam para viver bem mesmo com a presença dele.

É na bagunça das minhas identidades que eu sei quem sou. Talvez nos acostumemos com qualquer rotina, qualquer vida, e acabemos criando involuntariamente uma teia em volta de tudo que consideramos nosso. Talvez fiquemos cegos, trancados ali, iludidos pela segurança que parece oferecer tudo o que nos é familiar. Não importa: para o bem ou para o mal, a gente quer o que já conhece, o que não gera receios ou insegurança.

A narrativa é em primeira pessoa, intercalada entre Erik e Marina. Isso nos permite conhecer mais as personagens, com certeza, mas também me incomodou. Eu gosto de livros que nos trazem belas lições, é uma das coisas que mais curto em uma leitura. Acontece que descobri que essas lições têm muito mais valor para mim quando são mostradas, e não ditas. 

Li trechos bem longos de reflexões das personagens, em que o conteúdo era realmente muito legal, mas esses trechos não me tocaram. Não é que Erik e Marina não cresçam durante a leitura, e não se tornem pessoas melhores e completas. Isso acontece. Está sendo complicado demais explicar o que senti para vocês, mas é que eu preferia que acontecimentos, e não pensamentos apenas, os fizessem chegar a todas aquelas conclusões. Sim, eles foram influenciados pelas próprias vidas, mas eu preferia que eles me mostrassem mais que contassem. Acho que é isso. É o melhor que posso fazer para explicar, sinto muito por não conseguir ser clara a esse respeito.

Mas o livro tem muitos pontos fortes. Ele deixa o clichê um pouco de lado e nos apresenta a uma garota que viveu os momentos mais felizes da sua vida no meio da chuva. Marina até encara com desconfiança dias lindos demais, pois as coisas ruins que acontecem com ela sempre são acompanhadas pelo sol brilhando em um maravilhoso céu azul, provando que sua infelicidade não fará o mundo parar. 

- Eu tenho vários medos, mas prefiro fingir que não, porque eu acho que isso me deixa a salvo.

A autora conseguiu me fazer desconfiar das pessoas erradas, fiquei meio neurótica... rs... Criou personagens imperfeitas, mais próximas da realidade. E essas personagens, no geral, aceitam que têm muito a melhorar, mas não se lamentam, correm atrás disso. Alguns trechos me arrancaram um sorriso bobo. Achei muito interessante ter sido utilizado o recurso de deixar as personagens conversarem diretamente com o leitor algumas vezes. O amor, a amizade e as relações familiares têm destaque na narrativa, e é dada uma grande importância a essas três coisas.

Ele fica perto o suficiente para me socorrer e longe o bastante para me fazer acreditar que minhas imensas e ridículas quedas são apenas escorregões corriqueiros. Acho que essa é a melhor definição de amigo que eu consigo imaginar.

A edição está linda. Amei demais a capa, escolheram uma foto bem expressiva. A diagramação também está ótima, a letra tem o tamanho ideal e as páginas são amarelas. Só me lembro de ter encontrado um erro de ortografia no livro, então considero a revisão excelente.

Achei a história realmente muito boa, mas não me agradou muito a forma como foi trabalhada. Mas só li resenhas super positivas a respeito da obra, então aconselho que vocês leiam, de qualquer maneira, para tirar suas próprias conclusões.

- Aprendi que não adianta querer evitar as coisas ruins; elas vêm de um jeito ou de outro. Então, pra quê adiar as boas? Essas sim podem acabar não vindo nunca.