[Resenha - Galera Record] The 100

Título: The 100

Autora: Kass Morgan

Tradução: Rodrigo Abreu

Editora: Galera Record

Skoob | Leia um trecho

Desde a terrível guerra nuclear que assolou a Terra, a humanidade passou a viver em espaçonaves a milhares de quilômetros de seu planeta natal. Anos depois, a população cresceu demais, e enfrenta a escassez de recursos. Cem jovens delinquentes são retirados das naves para uma perigosa missão: recolonizar a Terra, há muito deixada para trás. Ao chegarem a seu planeta de origem, os cem se deparam com um cenário selvagem, ruínas da antiga civilização. Esperavam um planeta tóxico, mas encontraram uma vida inesperada. Essa poderá ser a segunda chance deles... ou algo a mais.

Após uma guerra nuclear e biológica, ficou impossível viver na terra devido ao alto índice de radiação. Os sobreviventes passaram a viver no espaço, em três naves. Em uma delas, ficaram as pessoas mais ricas, que continuaram mantendo alguns privilégios. Nas outras duas, foi colocado em prática um racionamento bem maior de recursos. Foram criadas regras extremamente rígidas, pois a nave comporta apenas um determinado número de pessoas e ninguém gostaria de ver as pessoas agredindo umas às outras.

Quando um adulto comete uma infração, caso seja considerado culpado em seu julgamento, precisa enfrentar a morte imediata. Quando uma criança comete uma infração, ela é confinada até seus 18 anos, quando passa por um rejulgamento e, caso sua condenação seja mantida, também é morta. Há algum tempo, ninguém consegue o perdão nesse segundo julgamento. Qualquer criminoso, desde ladrões de comida, passando por mulheres que ousaram ter um segundo filho ou um primeiro filho não autorizado, chegando a assassinos; recebe a pena de morte. Não há outra forma de lidar com o crime.

O Governo está curioso para saber se a Terra, após três séculos, passou a oferecer condições de ser novamente habitada. Cem jovens, todos condenados, são escolhidos para serem enviados para lá - não lhes é dada nenhuma escolha, eles só descobrem seu destino na hora do embarque. Suas famílias também não são informadas do que está acontecendo. Em cada um deles, é colocado um bracelete preparado para monitorar suas funções vitais. Caso o experimento seja bem sucedido, outros se juntarão a eles.

O livro foca bastante na sociedade e em suas regras, e vai revelando aos poucos o motivo de algumas coisas serem como são. Apesar das leis serem extremamente cruéis, houve uma razão para que fossem criadas. Elas se tornaram bem mais rigorosas com o tempo, mas isso também é explicado de forma super satisfatória no decorrer da história.

- O Conselho não executa pessoas por diversão. (...) Manter a humanidade viva no espaço exigiu medidas extraordinárias. Algumas vezes cruéis. (...) Mas temos uma chance de ser melhores que isso.

A única coisa que eu não gostei foi que a autora colocou na narrativa não apenas um, mas vários triângulos amorosos. Uns que fazem sentido, outros que são realmente repulsivos. Algumas personagens eu odiei com todas as minhas forças, tem gente que parece que vive apenas com o objetivo de bagunçar a vida alheia. Até parece que alguém consegue ser feliz fazendo de tudo para tornar outra pessoa infeliz.

A narração é em terceira pessoa, e a autora nos mostra em capítulos alternados os pontos de vista de quatro personagens: Clarke, Wells, Bellamy e Glass. A maior parte da narrativa se foca no presente, mas há flashbacks em que nos são apresentados fatos muito importantes das vidas dessas quatro pessoas. Coisas que explicam porque elas mudaram, porque têm dificuldade de confiar em alguém, ou porque fizeram loucuras para estar perto de pessoas que amam, mesmo que possam estar enfrentando uma missão suicida.

- Pessoas boas podem cometer erros. (...) Isso não quer dizer que você deixa de se importar com elas.

Já foi ao ar a primeira temporada de uma série de TV inspirada no livro, e pretendo assistir assim que possível, mesmo que todo mundo diga que as duas coisas não se parecem. Gostei bastante da premissa do livro, e imagino que o objetivo da história tenha sido mantido, embora a série precise alterar bastante os fatos para apresentar as mesmas questões. É uma coisa normal, uma vez que são dois tipos de linguagem bem diferentes. Nunca acho demais ler distopias e parar para pensar no que pode acontecer com a humanidade. Não achei o final do livro desesperador, acho que a autora soube definir bem o momento de encerrá-lo, mas claro que isso não impede que eu esteja torcendo para a continuação ser lançada logo, já que adorei a leitura! =)