quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

[Resenha - Editora iD] Codinome Verity

Postado por Ju às 19:00
Título: Codinome Verity
Autora: Elizabeth Wein
Tradução: Marina Petroff Garcia e Lígia Arata Guimarães Barros
Editora: iD

Sinopse: Outubro, 1943: o avião britânico pilotado por Maddie sofre uma pane e cai em plena França ocupada pelos nazistas. Sua melhor amiga, Queenie, é a única passageira desse voo sem volta, que muda o destino das duas garotas.  Enquanto uma delas tem uma segunda chance, a outra não tem tanta sorte assim. Emocionante, Codinome Verity conta a história de uma grande amizade, capaz de resistir aos horrores da Segunda Guerra Mundial. (Fonte: site da editora)

Codinome Verity se passa durante a Segunda Guerra Mundial. Mas a maior parte do livro não tem seu foco no que está acontecendo no momento. Isso porque nossa personagem principal é uma garota que está sendo mantida como prisioneira alemã na França. O avião em que estava sendo transportada sofreu um acidente, ela sobreviveu e até tentou cumprir a missão que a levou da Inglaterra até lá. Mas cometeu um erro muito bobo: olhou para o lado errado antes de atravessar a rua. Foi o suficiente para que fosse presa. E não posso dizer que a tenham tratado de forma muito gentil.

Mas a garota acaba fazendo um acordo. Em troca de algumas informações e da promessa de contar muito mais, tem suas roupas de volta (pois é...) e papel e caneta para escrever tudo o que souber que possa ajudar a Alemanha durante a guerra.

Por que eu me refiro a ela como "a garota"? Porque nomes é o que ela mais tem. Para falar sobre o livro para vocês, não é importante que eu conte quem ela é, nem o que planejava fazer ou tudo o que viveu para chegar até esse momento. O que interessa é que ela tem uma tarefa imediata. Precisa escrever. Escrever o máximo que conseguir. Enquanto ela tiver uma história para contar, vai continuar viva. A escrita é sua única distração e seu maior sofrimento. Ela sofre todo o tempo por estar passando preciosas informações para o inimigo. Sofre também porque, junto com ela no avião, estava sua melhor amiga, Maddie, a piloto. E ela não tem a menor ideia do que aconteceu com ela.

A diagramação do livro é simples, mas bem-feita. E eu amo a capa. Adorei essa ideia das letras cursivas nos braços das duas garotas, e isso se repete nas primeiras páginas do livro, antes do primeiro capítulo começar. Achei a fonte um pouco menor que o tamanho ideal, mas nada que tenha dificultado a leitura. Só considero mais confortável uma fonte maior. 

Uma coisa que a gente sente desde o início é que a autora precisou fazer uma pesquisa imensa para escrever Codinome Verity. No final do livro, ela confirma isso. Eu não sabia que Elizabeth Wein é piloto, mas não acho que isso tenha facilitado muito a vida dela... rs... A autora precisou voltar no tempo e investigar como as coisas eram  durante a guerra, o que existia e o que ela poderia tornar plausível com sua escrita, mesmo que não correspondesse exatamente à realidade. Acredito que ela tenha se saído muito bem. Não duvidei em nenhum momento de nenhum tipo de avião, nenhum campo de pouso, nenhuma técnica de voo aparentemente maluca. Entrei completamente na história e consegui visualizar tudo.

É um livro denso, claro. Afinal, é sobre a guerra, sobre aquela coisa odiosa em que as pessoas lutam às vezes sem nem entender direito porque estão lutando e, quando entendem, sem pensar seriamente sobre o motivo, já que com certeza nada justifica a imensa perda de vidas. Nada justifica pessoas perdendo tudo o que têm, inclusive a família, os amigos e até os conhecidos, para uma disputa por território ou por poder. Nada justifica ter que manter uma postura falsa 24 horas por dia apenas pela oportunidade de sobreviver. Enfim, não preciso falar mais sobre o quanto a guerra é uma coisa sem sentido.

Conhecemos muitas personagens. Todas elas fortes, muito bem escritas. Pessoas cheias de conflitos e que têm que aprender a conviver com o medo. A autora nos mostra o quanto a vida muda no meio de um conflito assim, tem uma cena no livro em que algumas crianças assistem sem querer a uma pessoa ser decapitada. Assim, sem mais nem menos. Estavam passando, viram a multidão, e não tiveram nem a oportunidade de virar o rosto para evitar o momento em que a guilhotina caiu.

Eu não entendia antes, não entendia mesmo. Ser criança e ter medo que uma bomba possa lhe matar é terrível. Mas ser criança e ter medo que a polícia possa decepar sua cabeça é algo completamente diferente. Não tenho palavras para isso. Cada novo terror despedaçado é algo que eu não compreendia até chegar aqui.

A narrativa flui bem, mas não dá para ler rápido, são muitas informações para absorver. Nem tudo é o que parece. Na verdade, quase nada é o que parece. Vontades e atitudes inicialmente ocultas vão sendo reveladas no decorrer da narrativa. 

As pessoas são levadas aos seus limites. Têm muito tirado delas e precisam encontrar forças para seguir em frente e para fazer algo de valor, por elas mesmas e pelos outros. Muita gente se arrisca por um ideal, mesmo que para alcançá-lo tenham que aceitar jogar um jogo triste e doloroso. 

É incrível o que se faz, sabendo que tem que fazer.

Espero que eu tenha conseguido demonstrar para vocês o quanto o livro mexeu comigo. Ele nos coloca para pensar o tempo todo. Só chorei bem no final, não deu para evitar, era muita emoção acumulada. Mas não é uma leitura sofrida. A garota é um tanto quanto irônica e atrevida, e não fica se lamentando, enfrenta seu destino da melhor maneira possível. Consegui manter um certo distanciamento dos fatos que ela narrava, coisa que ela mesma tentava fazer, contando sua história em terceira pessoa. Gostei bastante da leitura e um dia vou querer reler, para prestar atenção em alguns detalhes que conheço agora.

Resenha postada no skoob.

20 comentários:

  1. Oiee ju =)
    quis ler esse livro desde a primeira resenha que li dele, até tentei sorteio e neca :|
    E agora a tua resenha só vem confirmar que eu preciso tê-lo, eu acredito que livros bons, são aqueles que são capaz de mexer com nossos sentimentos mesmo que seja para ficarmos com raiva e logo em seguida sorrindo ou até aos prantos rs rs
    espero que ele me deixe assim.
    Beliscões da Máh ♥
    Cantinho da Máh
    @Maaria_Silvana

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  2. oiiiiiiiiiiii

    primeiro eu concordo contigo que a capa é linda!
    Eu amo llivros sobre segunda guerra mundial.
    Esse com certeza estará na minha lista de aniversário.
    obrigada pela dica!

    Bjs

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  3. Oi Ju,

    Acho a capa linda, e sabia que a historia se passava num período de guerra, mas não imaginei que a leitura seria assim tão densa, não sei se vou querer ler esse livro, se sim vou custar um pouco, não quero ser pega por uma leitura meio que "pesada" agora, mas sua resenha deixa qualquer pessoa com vontade de ler esse livro.

    Mayla

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  4. Nossa Ju nunca tinha dado nada por esse livro, achei a capa dele bacana e tal. Mas agora fiquei bastante curiosa, amo livros que tenham como plano de fundo uma guerra apesar de você dizer que esse não retrata tanto a guerra. Mas achei interessante o fato da garota ser mantida em cativeiro para poder passar informações, creio que isso seja muito doloroso mesmo e não tem como não chorar.
    Outra coisa que me fascinou foi o fato da autora pesquisar bastante pra escrever o livro, isso é algo que contribui muito para a narrativa se tornar mais real!!
    Enfim esse livro já entrou na minha lista!!!
    Gostei muito da sua resenha!!

    Beijos!

    http://meudiariojk.blogspot.com.br/

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  5. Caramba! Parece ser uma história bem forte e impactante. Eu tb adorei a capa, me atraiu muito. Acho super interessantes histórias que usam guerras como pano de fundo, principalmente se bem construídas e embasadas. Legal a autora ter colocado as referências das pesquisas no final, isso só dá mais riqueza ao trabalho.
    bjos

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  6. Ju, nunca ouvi falar neste livro! Mas seria um título que eu escolheria pra ler sim pois gosto do tipo que nos faz pensar e pelo o que você disse, esse livro tem muito disso!

    Beijão,
    Caroline, do criticandoporai.blogspot.com

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  7. Oie!

    Sempre quando leio livros que se passam na Segunda Guerra mundial, mesmo o foco não sendo exatamente este, me apaixono, isso aconteceu com "O menino do pijama listrado" "A menina que roubava livros" "O Inverno na manhã" e outros, não sei se é o assunto "segunda guerra mundial" que me chama atenção, ou o que está acontecendo com os personagens na segunda guerra mundial.

    Eu sei que se eu ler este livro, irei adorar, pois quando este é o assunto, me atrai muito. Quando estou lendo um livro sobre eventos que mudaram o mundo, como a 2° Guerra Mundial, eu não ligo para narrativa, se ela é lenta, rápida, chata ou legal. Eu só quero viver - ou melhor, acompanhar pela ótica dos personagens - o que aconteceu no mundo nesta época.

    A proposta do livro de emocionar o leitor já me deixa ainda mais curioso, eu estou precisando de livros que me emocionam, eu não compraria o livro pela capa, até não ligo muito para isso, mas podiam fazer uma capa melhor! Abraços!

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  8. Essa capa é linda demais!
    Bom,adoro livros de envolvem história e quando tem guerra já se torna um livro desejado,haha.Adorei esse livro e com certeza vai entrar para minha listinha de desejos!
    Beijos

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  9. Oi Ju,
    tudo bem?
    Eu não conhecia esse livro. Fui lendo sua resenha e ficando com o coração apertado,pois esse assunto sempre emociona todo mundo. É algo que nunca deve ser esquecido, acho que deveriam sempre escrever livros sobre esse evento que manchou o passado da humanidade. Temos que aprender com os erros. Fiquei curiosa para saber quem é ela, pois como ela sabe tantos fatos assim par escrever? E o que garante que quando ela terminar de falar, não vão matá-la? E se vão matá-la de qualquer forma, porque ela disse a verdade? Porque entregou pessoas e fatos?
    Beijinhos.
    cila-leitora voraz
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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  10. Oi Ju.
    Esse é um livro que me interessa muito, desde que ouvi a Alba comentando sobre.
    Eu adoro história que tem como plano de fundo a Guerra, mesmo sabendo que em sua maioria são histórias muito tristes, mas é o que traz mais realidade.
    Eu gosto de livros assim, onde sinto que realmente houve aquele trabalho de pesquisa e juntamente com uma boa narrativa me levam a vivenciar toda a história.
    Sua resenha só veio confirmar minha necessidade de conhecer essa garota forte que encontrou na escrita sua bóia de salvação, quero entender melhor como isso funciona.

    Beijos.
    Leituras da Paty

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  11. Oi Ju!
    Romances históricos são os meus prediletos, principalmente os ambientados na Segunda Guerra Mundial, e como você citou, muito bem escritos, onde o autor faz uma pesquisa precisa com o intuito de fazer o leitor viajar no tempo, creio eu que livros assim, apesar de descreverem o horror da guerra, ao mesmo tempo nos faz valorizar mais o ser humano, e como você disse, valorizar mais a familia, amigos e conhecidos e sobretudo a paz, e nao destruir tudo isso em uma disputa ridicula por poder e território!
    Adorei sua resenha e sim, você conseguiu através dela transmitir as sensações que o livro te passou!
    Abração
    Claudinei Barbosa
    http://resenhandoecontando.blogspot.com

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  12. Oii Ju tudo bem?
    Nossa, esse tipo de leitura é aquela que realmente mexe com a gente
    e pelas suas palavras vi que mexeu muito com você!
    Eu adorei a resenha e quero ler o livro *-* .. gosto desse tema e essa personagem
    me lembra muito de um outro livro que eu li um tempo atrás.
    Parabéns pela resenha!

    Beijos
    http://lendocomaolly.blogspot.com

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  13. Oi Ju,
    Ainda não conhecia essa livro, mas pelo que percebi é uma leitura um tanto diferente do que estou acostumada, com riqueza em detalhes que sempre devemos fica atentos a eles, para entende de uma forma melhor a história, sua resenha me deixou bem curiosa, mas por enquanto anoto sua dica para mais na frente ler.
    Beijos

    Mari - Stories And Advice

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  14. Hi Ju! :)
    Eu amei a resenha, depois de ler "A casa das orquideas" me interessei bem mais sobre histórias com plano de fundo a segunda guerra mundial, eu ainda não conhecia o livro, mas o enredo parece bem interessante e a capa é simples e muito linda, só pareceu um pouquinho confuso mas acho que a leitura deve esclarecer mais.. Beijos!

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  15. Jurava que pela capa este seria um livro erótico, e não sobre guerras. Adorei saber disso, pois estou escrevendo um conto que aborda a 1ª e 2ª Guerras Mundiais. Vou anotar aqui e adquirir em breve!

    Beijo

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  16. Também pretendo reler algum dia. Achei uma história muito bonita e mexeu muito comigo também.
    Adorei sua resenha.

    Beijos,
    Carissa
    www.carissavieira.com

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  17. Não faz muito meu estilo de leitura, mas acho que darei uma chance :)

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  18. Parece ser um livro muito interessante. Temáticas mais densas como a guerra nunca são fáceis de escrever, é bom saber que a autora pesquisou o suficiente para dar credibilidade e verossimilhança à história. Além disso fiquei curiosa em relação a essa protagonista, parece ser uma personagem bem forte e bem construida.

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  19. Nossa Ju, quando lemos uma resenha e notamos de como a leitura a tocou, é o que nos motiva a querer ler o livro. Acho que tudo que é tão profundo, que retrata algo que aconteceu, merece e deve ser lido.
    A capa é bonita e misteriosa, ate desperta o interesse, mas acho que se não fosse pela sua resenha, com toda certeza não me entregaria assim facilmente para ler ele, contudo acho que você me pegou de jeito. hahahahahahahaha
    Sabe o que mais me despertou, quando você falou que para ela sobreviver teria que contar historias, entregar aos inimigos o que não devia. Curiosa, talvez. Só espero poder ler esta obra.
    Ju parabéns pela resenha, como sempre arrasando!

    Beijokas Ana Zuky

    http://www.sanguecomamor.com.br

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