[Resenha - Giz Editorial] Por que Indiana, João?

Título: Por que Indiana, João?

Autor: Danilo Leonardi

Giz Editorial

Skoob

Você pode pensar que, aos quinze anos, João já deveria estar acostumado com provocações, apelidos e humilhações. Afinal, ele é um típico adolescente deslocado e tímido. Alvo perfeito para a ira dos valentões e para o desprezo das garotas. Mas sua vida muda completamente quando reage a um ataque de seu maior algoz. O golpe de sorte que derruba o valentão é gravado e vira hit na internet. João se vê finalmente admirado, respeitado e seguro. Mas tudo tem seu preço e João vai aprender qual o peso que suas escolhas podem ter não só sobre sua vida, mas sobre as vidas de todos ao seu redor. Por que Indiana, João? é o livro de estreia de Danilo Leonardi, e parte de uma história quase comum para falar sobre algo que não deveria ser tão comum assim e que faz parte da vida de muitos adolescentes, jovens e até de adultos – o bullying. 

João tem 15 anos e não tem uma vida fácil - é perseguido pelo valentão da escola e por seus companheiros inseparáveis há alguns anos. Mas acha que é melhor aguentar calado do que falar com os pais ou com outro adulto, já que isso poderia piorar sua situação. Só que um dia ele consegue revidar parte da violência que é dirigida a ele, e acaba se tornando uma espécie de herói. O que aconteceu foi gravado e ele vira uma celebridade instantânea. Só que isso mexe muito com a cabeça do garoto. Torna-se irreconhecível para alguns e, em certo ponto, até para ele mesmo. Mas será que é possível viver feliz e em paz com essa nova personalidade que surgiu sem pedir licença?

Por que Indiana, João? me surpreendeu. A narrativa é muito fluida e os personagens bem construídos. Só não digo que o livro é gostoso de ler porque tem algumas cenas bem difíceis de acompanhar. Ele mostra até que ponto uma pessoa pode chegar depois de ter que aguentar bullying dos colegas - e às vezes até dos professores - por um longo tempo. Mostra também que todos somos responsáveis por nossas escolhas; e que o que fazemos pode influenciar os outros, sendo que esse poder de influência cresce se nos tornamos mais conhecidos. Nossas atitudes podem ter consequências que nunca imaginaríamos, por isso é sempre bom pensar antes de agir e nunca incentivar a violência, que só serve para gerar mais violência mesmo.

O Danilo mostra a realidade que está presente em todas as escolas: sempre tem os populares; as patricinhas; os nerds, que são vistos como esquisitos até que alguém precise deles nas provas... sei bem quanta cola quem nem falava comigo já me pediu... u.u Mas nunca fui muito sociável, e no colégio tinha poucos e bons amigos; alguns deles mantenho até hoje. 

Tive sérios problemas com um colega que chegava ao absurdo de me seguir todo dia até em casa, e ainda pagava as pessoas para trocarem de lugar com ele e sentar perto de mim nas aulas e até no ônibus. Isso para mim é caso de doença, cansei de reclamar na coordenação pedagógica, mas só fiquei livre da perseguição dele depois de me formar. Meus queridos coleguinhas ainda inventaram um apelido nada agradável pra mim, para combinar com o dele. Eu, que sempre fui uma pessoa pacífica e completamente na minha, um dia surtei e disse para um policial que achava que estava sendo seguida e apontei para o garoto. Me senti um pouco vingada porque ele teve que se virar para se explicar. Sei que não é bonito se vingar, mas eu realmente estava ficando sem alternativas.

Entendi perfeitamente a frustração do protagonista com o pouco que a escola fazia. Graças a Deus não sou menino e pelo menos ninguém usou de violência física comigo, mas tive que aprender a conviver com a violência psicológica. Isso dói muito, e no fim acho que acabei me tornando uma pessoa mais forte por causa disso. Mas nem sempre as histórias têm um final feliz. As pessoas podem acabar se matando, ou matando outras pessoas. Então o bullying realmente é algo que merece atenção e que precisa ser cortado pela raiz. 

Acho que esse livro merecia ser adotado nas escolas. Ele não suaviza as consequências, apesar de ter um final um tanto quanto certinho. Mas é permitido sonhar, certo? Sonhar com um mundo em que o bullying seja combatido por todos. Então, quanto ao final, ok, só que ainda não aceitei o protagonista usar um pijama de Pokémon (odeio Pokémon)... hehe... Mas enfim, a vida é dele e ele usa o pijama que quiser.

Amo essa capa, acho simples e linda. Tenho um amor infinito por capas simples, na faculdade de Publicidade a palavra "clean" se infiltrou em mim de tal forma que quando vejo aquelas capas com excesso de informação fico enlouquecida. Para mim, quanto mais básico, mais bonito. Não encontrei erros, as páginas são amarelas e a letra tem um tamanho ótimo. E se vocês não entenderam o título, sinto muito, vão ter que ler para entender... recomendo muito que façam isso.