[Resenha - Editora Record] A Garota no Trem

Título: A Garota no Trem

Autora: Paula Hawkins

Tradução: Simone Campo

Editora: Record

Skoob

Um thriller psicológico que vai mudar para sempre a maneira como você observa a vida das pessoas ao seu redor. Todas as manhãs Rachel pega o trem das 8h04 de Ashbury para Londres. O arrastar trepidante pelos trilhos faz parte de sua rotina. O percurso, que ela conhece de cor, é um hipnotizante passeio de galpões, caixas d’água, pontes e aconchegantes casas. Em determinado trecho, o trem para no sinal vermelho. E é de lá que Rachel observa diariamente a casa de número 15. Obcecada com seus belos habitantes – a quem chama de Jess e Jason –, Rachel é capaz de descrever o que imagina ser a vida perfeita do jovem casal. Até testemunhar uma cena chocante, segundos antes de o trem dar um solavanco e seguir viagem. Poucos dias depois, ela descobre que Jess – na verdade Megan – está desaparecida. Sem conseguir se manter alheia à situação, ela vai à polícia e conta o que viu. E acaba não só participando diretamente do desenrolar dos acontecimentos, mas também da vida de todos os envolvidos. Uma narrativa extremamente inteligente e repleta de reviravoltas, A garota no trem é um thriller digno de Hitchcock a ser compulsivamente devorado.

Rachel teve sua vida virada de cabeça para baixo. Tinha um bom emprego, um marido que amava, mas não conseguia engravidar. Isso fez com que se tornasse uma alcoólatra, e o álcool acabou tirando tudo dela: primeiro, o marido, que arrumou uma mulher menos problemática, e depois o emprego, ao fazer a empresa perder um grande cliente por causa de seu comportamento. Mora de favor com uma antiga colega de faculdade, e tem tanta vergonha de sua atual situação que finge ainda estar trabalhando. 

Acabei me tornando uma pessoa triste, e a tristeza cansa depois de um tempo, tanto para quem está triste como para todo mundo em volta. Então passei de alguém que gostava de beber à condição de bêbada, e não há nada que canse mais que isso.

Todo dia, pela manhã e no final da tarde, pega um trem. Este trem passa em frente à sua antiga casa, e também em frente à casa de duas pessoas que ela nunca conheceu pessoalmente: um casal que aparentemente é muito feliz, que ela gosta de observar. Mas um belo dia, Rachel presencia algo na casa dos dois que nunca imaginou que fosse ver. Alguns dias depois, descobre que a mulher está desaparecida desde o dia seguinte ao que viu. Não consegue conter o impulso de ir até a polícia, e na verdade acaba se envolvendo muito mais no caso do que imaginou que se envolveria a princípio. Só que precisa enfrentar um grande problema: não se lembra de muita coisa do dia do desaparecimento, e quando se lembra não sabe se pode confiar nas lembranças.

- Tenho apagões e não consigo me lembrar de onde estive ou o que andei fazendo. Às vezes fico me perguntando se fiz ou falei coisas terríveis, e não consigo lembrar. E se... se alguém me conta alguma coisa que eu fiz, a sensação é de que não fui eu. (...) E é tão difícil se sentir responsável por algo de que você não se lembra. Eu nunca me sinto mal o suficiente. Eu me sinto mal, mas a coisa que eu fiz fica fora de mim. É como se não pertencesse a mim.

A narrativa do livro é em primeira pessoa, e temos três narradoras: Rachel; Anna, a nova esposa de seu ex-marido  e Megan, a mulher desaparecida. As narrativas de Rachel e Anna são feitas no presente, mas a de Megan começa mais de um ano antes, o que me deixou absurdamente ansiosa para chegar à data do desaparecimento dela para entender o que lhe aconteceu. A autora deixa pistas durante todo o enredo, mas elas não foram suficientes para que eu desvendasse a trama. Às vezes até achava algo estranho, mas não conseguia ligar os fatos.

A Garota no Trem é um thriller muito ágil e completamente viciante. As personagens são reveladas aos poucos, e sinto dizer que a maior parte delas não vale muita coisa. Mostram o pior de suas personalidades, e é meio aterrorizante o fato de que parecem tão reais; de que poderiam ser colegas e vizinhos com quem teríamos um bom relacionamento, sem jamais desconfiar de seu lado sombrio.

Se eu puder me ater a esse sentimento, a este que estou sentindo agora - se eu puder simplesmente descobrir como me concentrar nessa felicidade, aproveitar o momento, não ficar me perguntando de onde virá a próxima forte emoção -, então tudo vai ficar bem. 

Acho a capa linda, e tem tudo a ver com a história. O título é em alto relevo! *-* A diagramação é bem simples, no início de cada capítulo vem o nome da narradora e os dias e períodos do dia a que aquela narração se refere. As folhas são amareladas, e a fonte tem o tamanho ideal. 

O livro me surpreendeu bastante, a autora soube terminar os capítulos nos momentos mais enlouquecedores, e no final esclareceu todos os acontecimentos, não deixou nada em aberto. Apesar de thriller não ser um dos meus gêneros preferidos, foi uma excelente leitura.