[Resenha - Rocco] A luz entre oceanos

Título: A luz entre oceanos
Autora: M. L. Stedman
Tradução: Geni Hirata
Editora: Rocco
Número de páginas: 368
Skoob

Depois de enfrentar os horrores da Primeira Guerra Mundial, Tom Sherbourne retorna à Austrália e aceita um emprego como faroleiro, em uma longínqua ilha da costa australiana. O lugar propicia refúgio e consolo para os fantasmas do seu passado, e Tom e a sua mulher, Isabel, estão satisfeitos com a sua vida, a não ser por um fato: não poderem ter filhos. Numa manhã de abril, um barco vai dar na praia carregando um homem sem vida e um bebê chorando. Isabel interpreta aquele naufrágio como um sinal de benevolência divina e, isolado do mundo real, o jovem casal resolve quebrar as regras sociais e seguir o que o coração lhe diz. Essa decisão, porém, terá consequências devastadoras. Com extrema delicadeza, M. L. Stedman aborda temas universais como redenção, verdade e a natureza da felicidade e propõe ao leitor participar de um dilema ético e moral envolvendo pessoas bem-intencionadas, examinadas sob a luz fria da realidade.

Tom Sherbourne é um veterano da Primeira Guerra Mundial. Voltou para casa fisicamente intacto, mas psicologicamente destroçado. Sua sobrevivência é uma luta diária, os fantasmas do passado insistem em assombrá-lo. Ao pensar num emprego que poderia aguentar, decide ser faroleiro. E encontra seu lugar no mundo ao preencher uma vaga temporária em Janus, uma ilha isolada de tudo entre os oceanos Índico e Antártico. O único local em que achou possível sentir um pouco de paz.

Tom tem pouquíssimas oportunidades de ir à terra firme, mas ao chegar na cidade mais próxima do farol antes de ocupar seu posto, depara-se com uma garota que chama sua atenção. Uma garota linda e espontânea, que demonstra que também se interessou por ele. Os dois acabam se casando e indo morar na ilha.

A autora começa o livro narrando o dia 27 de abril de 1926, que foi o dia em que tudo mudou na vida do casal. Um pequeno barco chegou a Janus e dentro dele haviam duas pessoas: um homem morto e um bebê. A narrativa então retrocede oito anos, e passamos a acompanhar o passado dos personagens até chegar ao tempo atual, o que nos permite entender as escolhas que serão feitas pelos protagonistas.

A precisão, a tranquila ordem das estrelas, dava-lhe uma sensação de liberdade. Não havia nada que ele estivesse atravessando que as estrelas já não tivessem visto antes, em algum lugar, em algum lugar neste mundo. No devido tempo, a lembrança delas se fecharia sobre sua vida como a cicatrização de uma ferida. Tudo seria esquecido, todo o sofrimento apagado.

Vocês já ouviram falar que amar alguém é querer o bem dessa pessoa, até acima do seu próprio bem? E se você percebesse que a pessoa que você mais ama não tem mais como suportar passar por um sofrimento que parece que nunca terá fim, mas vislumbrasse uma oportunidade de vê-la bem novamente, mesmo que o preço fosse fazer algo com que não conseguisse concordar de verdade?

Você realmente faria tudo por amor, passaria por cima dos seus princípios para que a outra pessoa pudesse ser feliz, mesmo que isso causasse a infelicidade de um desconhecido? Conseguiria se encarar todos os dias com a culpa lhe corroendo por dentro? Todas essas são reflexões que o livro oferece ao leitor.

As escolhas e suas consequências ganham destaque na história. Os personagens são imperfeitos, erram e acertam, mas na maior parte das vezes têm a intenção de fazer o bem. Todos amadurecem durante o enredo, e se tornam capazes de seguir em frente aceitando a vida que podem ter.

Posso me deixar apodrecer no passado, gastar meu tempo odiando as pessoas pelo que aconteceu, (...) ou posso perdoar e esquecer. (...) É tão menos exaustivo. Você só tem que perdoar uma vez. Mas para se ressentir, você tem que fazer isso o dia todo, todo dia. Tem que ficar se lembrando de todas as coisas ruins. (...) Nós sempre temos uma escolha. Todos nós.

Adorei a editora ter colocado uma jacket com a capa do filme no livro, assim o leitor pode ter também a capa original, que mostra Janus e o farol. A fonte tem um tamanho agradável para leitura, as páginas são amarelas e não me lembro de ter encontrado erros no texto.

Foi um leitura que me surpreendeu, que me deixou apreensiva em vários momentos pensando no destino que teriam pessoas que se tornaram queridas para mim. O desfecho foi bem condizente com o desenvolvimento. Agora quero assistir ao filme e conferir como foi trabalhada a adaptação dessa história repleta de ensinamentos.

Para ter qualquer tipo de futuro você tem que desistir da esperança de mudar seu passado.