Título: A Guerra da Água
Autor: Harald Welzer
Tradução: William Lagos
Número de páginas: 320
Este livro impressionante e devastador nos informa que neste século XXI os homens não vão mais entrar em guerra, matar e morrer só por causa da economia, da religião e dos conflitos racionais, mas também em conseqüência das mudanças climáticas que podem tornar imensas áreas no planeta inúteis para a sobrevivência. Os espaços vitais disponíveis encolherão e provocarão conflitos armados permanentes. As guerras civis, os poderosos fluxos de refugiados e as injustiças atuais se aprofundarão. Ondas de refugiados climáticos e fugitivos do terrorismo vagarão às cegas pelo planeta. Harald Welzer nos aponta um cenário apocalíptico e adverte: o que estamos fazendo para conter o terror que se avizinha?
Para ser bem sincera com vocês, não sabia o que encontraria exatamente nesta obra. Só sei que nunca imaginei que fosse ser uma leitura tão difícil e tão sofrida para mim. E sofrida no sentido de realmente me causar dor, tive a impressão de que o autor não tem realmente nenhuma fé na humanidade. Podem me chamar de sonhadora, mas prefiro continuar me iludindo e pensando que um dia as pessoas vão aprender a ser solidárias, e nesse dia cuidarão melhor umas das outras e do mundo.
Prefiro imaginar que uma pessoa não vai pegar o carro para ir na padaria a dois quarteirões porque, afinal, é uma emissão completamente desnecessária de gases do efeito estufa. Me deixem sonhar com um mundo mais consciente. Obrigada. Agora vamos a um pouco do conteúdo, mas bem pouco mesmo, porque ele é muito extenso. E já vou deixar um quote bem desanimador para começar.
Quando a indústria petroleira queima entre 150 e 170 bilhões de gás natural todos os anos, somente para aliviar a pressão dos poços e facilitar a extração do petróleo - uma quantidade tão grande quanto o consumo anual conjunto de energia pela Alemanha e a Itália, ambas nações altamente industrializadas - as tentativas individuais de diminuir o consumo de energia se reduzem a pouco mais que uma nota de rodapé.
Então, ok, não é alguém deixar de pegar o carro para ir na padaria que vai mudar nossa situação, mas ainda acredito que pequenas ações que representam uma tomada de consciência um dia podem ajudar a fazer com que pessoas conscientes tornem-se responsáveis por empresas ou países, o que, quem sabe, se ainda houver tempo, pode fazer a diferença. Quem sabe um dia não teremos mais países como a Noruega, que se preocupa em financiar “uma estratégia de investimentos a longo prazo em um desenvolvimento sustentável que permitirá às futuras gerações manter os elevados padrões de vida da geração presente e se beneficiar das vantagens fornecidas por um estado voltado para o bem-estar social”. Ao mesmo tempo, o país investe em produção de energia ecologicamente saudável.
No primeiro texto presente no livro, “Um barco no meio do deserto: o passado e o futuro da violência” (que aliás deveria ter recebido uma nota porque fala do vapor “Eduard Bohlen” presente na capa, que não está na capa nessa edição - pelo menos eu não consegui enxergar um barco), meu estômago já começou a embrulhar quando foi descrito o que aconteceu durante a guerra de extermínio entre a administração colonial alemã e as tribos africanas Hereros e Namas, quando as tropas alemãs ocuparam todas as nascentes de água na área em que os Hereros estavam. Nem consigo relatar como as coisas se desenrolaram para vocês.
O livro é muito mais forte que imaginei que seria, principalmente para uma pessoa como eu que nem jornal vê porque não aguenta tanta tragédia. O autor fala de guerras, assassinatos em massa, limpeza étnica, terrorismo. Mostra as justificativas que as pessoas dão para si mesmas para fazerem o que fazem, como por exemplo, “sou um soldado, esse é meu trabalho, tem umas coisas chatas como matar aquelas mulheres com bebês no colo porque senão os bebês vão tomar a minha arma ou jogar uma granada em mim, mas tem que ser feito”. Surreal. Não está no livro exatamente com essas palavras, mas vocês entenderam.
O autor fala sobre como as mudanças climáticas tornarão vários lugares inabitáveis e como muito mais gente vai tentar se refugiar em outros lugares, e que o provável é que as pessoas desses outros lugares façam tudo que puderem para não aceitar refugiados. Fora que a projeção de refugiados climáticos é tão alta que seria extremamente complicado acolhê-los, mesmo se houvesse o desejo geral de fazer isso. Segundo o autor, os problemas ecológicos levam a conflitos sociais, e esses conflitos agravam os problemas ecológicos. Entendam conflitos sociais como conflitos armados - guerras. Porém, não seria algo imediato.
As consequências das variações climáticas são pouco ameaçadoras à segurança interna dos países em si e não tendem a provocar guerras internacionais, pelo menos por enquanto. Elas ameaçam muito mais as possibilidades de sobrevivência das pessoas individuais, pela falta de água potável, diminuição constante da produção de alimentos, aumento dos riscos à saúde e encolhimento do espaço vital, ocasionado pela degradação das terras de cultivo ou de pastagem e por sua exploração excessiva. São destes fenômenos que resultam os conflitos internos violentos, as guerras civis, os genocídios e as migrações.
A obra fala de muito mais coisas, mas vou parar por aqui, já que o intuito é apenas apresentá-la a vocês. As páginas do livro são brancas e a letra menor que o tamanho que acho ideal, principalmente nas numerosas notas de rodapé e isso, junto com a quantidade de informações, tornou minha leitura bem lenta. Não foi mesmo fácil para mim acompanhar o conteúdo, mas valeu a pena ter lido para saber um pouco mais sobre o assunto. É sempre bom ter contato com textos que nos fazem refletir sobre temas importantes.
Ola
ResponderExcluirAndo lendo e apreciando muitos livros de não-ficçã, mas esse me deu um pouco de medo, o problema do clima é bem complexo, e temos essa mania de achar que é sempre culpa nossa e esquece que a própria natureza também tem ciclos de aquecimento e esfriamento, aí como iremos parar, vamos quebrar o cliclo, desequilibrar a natureza, quanto do atual aquecimento é mesmo obra humana? Nos anos 70 se discutia justamente o contrario, ai complicado.
A trama tem tudo para me agradar, mas saber que as folhas são brancas e as letras pequenas me desanimam muito, pois cansa demais e acaba retardando a leitura. :/
ResponderExcluirRaíssa Nantes
Olá,
ResponderExcluirÉ duro ter algumas dessas esperanças e sonhos quando o que presenciamos é totalmente o oposto. Sei que não devemos desistir, mas é difícil e não sei se ainda acredito que a humanidade será mais solidária.
Depois de dito tudo isso, fiquei muito curiosa para conferir o porquê de você dizer isso do autor e a premissa da obra me chama muito a atenção, sem contar que adorei a capa.
http://leitoradescontrolada.blogspot.com.br/
Olá
ResponderExcluirque interessante a leitura, parece mesmo nos fazer refletir, não conhecia o livro ainda mas bela dica, quem sabe uma hora eu arrisque
Beijos
http://realityofbooks.blogspot.com.br/
Oi,
ResponderExcluirO tema desse livro me lembrou um vídeo que vi e fiquei horrorizada com o futuro da humanidade. Certamente o autor quer conscientizar os leitores sobre as consequências das variações climáticas.
Uma ótima dica!
Bjos,
http://contosdacabana.blogspot.com.br/
Olá, achei o livro bem legal e com uma pegada dark que eu adoro, a resenha está ótima e passou realment o medo desse futuro louco que o livro passou para você, e confesso que isso só me de mais vontade ainda de ler o livro KKK, dica anotada,
ResponderExcluirOlá
ResponderExcluirPrimeiramente, parabéns pela incrível resenha! Amei a forma como expôs os pontos positivos e negativos.
Acredito que eu não vá gostar da história, pois acharia tudo um completo absurdo. Porém, achei a capa bem interessante!
Bjs
Oi,
ResponderExcluirA resenha ficou ótima e bem explicativa. Confesso que eu não conseguiria ler um livro tão pesado assim.
Bjs!
Fadas Literárias
É... também queria acreditar na humanidade, mas está difícil. Livros de distopia podem acabar sendo nossas previsões de futuro!
ResponderExcluirQue a água vai acabar um dia, isso é fato! triste, mas fato!
Uma pena a leitura ter sido um pouco sofrida pra você. é chato quando acontece isso!
#Ana
https://literakaos.wordpress.com/
Oi Juju, sua linda, tudo bem?
ResponderExcluirFuncionou comigo: ao ler esse trecho que você colocou, já fiquei emocionada. Juju, eu vi uma cena, em um filme, em que uma pessoa faz uma coisa muito simples para alguém que não gostava dela e a filhinha dele pergunta porque ele fez isso. A resposta: eu o tratei como gostaria de ser tratado. Ele me calou para o restante do filme. Então, eu acho que é isso, não importa quantas pessoas sejam, nós temos que nos tratar e tratar nossa terra, da forma como gostaríamos de ser tratados. Lembrei também do filme a corrente do bem e da frase gentileza gera gentileza. É isso que temos que plantar, essa é a solução: vamos amar porque nós gostaríamos de ser amados!!!! No final, Juju, um texto tão sem esperança como esse, surtiu efeito contrário em mim, acho que vai me despertar para o que está faltando. Sua resenha está lindíssima!!!!
beijinhos.
cila.
http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/
Nossa, este livro deve ser forte mesmo, assim você me passou nessa resenha. também prefiro ainda ter fé na humanidade, no amor, pode ser só ilusão mas prefiro viver na ilusão do que na constante dor.
ResponderExcluirOlá,
ResponderExcluirVocê acredita que nunca ouvi falar nesse livro? 😱 Assim como você ainda acredito que haja salvação para a humanidade e que um dia iremos ter ciência do que nossos pequenos erros causam ao planeta. Enfim, adorei a premissa do livro e já anotei o nome para ler assim que der.
Beijos,
entreoculoselivros.blogspot.com
Oi, Ju!
ResponderExcluirNossa, vou passar longe desse livro... Basta tudo o que vemos diariamente nos jornais (mesmo sem querer, assim como você, as notícias pipocam nas telas). Gosto de livros que me deixem um fio de esperança, e não que acabem com minha possibilidade de acreditar no ser humano rs
Beijo
www.leitorasinquietas.com.br
Olá! Que livro incrível e fantástico, não conhecia essa obra e você deixou com uma vontade enorme de conhecer e apreciar esse livro. Já vou marcar na lista de desejados para ler o mais rápido possível.
ResponderExcluirOi, Ju!
ResponderExcluirQue livro interessante! Aqueles livros que te fazem ficar horas e horas refletindo! Já amei, vou adicionar à minha lista.
Muito obrigada pela dica, amei a resenha!
Sucesso com o blog sempre!
Beijos, Belle.
floraliteraria.blogspot.com
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirConfesso que depois que li sua resenha, não senti nenhum pingo de vontade em querer conferir se teria outra opinião sobre esse livro. E isso é pelo simples fato da minha vibe estar em outro momento, pode até parecer egoismo da minha parte, mas prefiro continuar assim, por enquanto.
Parabéns, gostei da forma sincera que conduziu essa resenha.
Abraços
http://www.viciadosemleitura.blog.br/
Não da pra negar que a leitura é muito interessante, mas como também corro de jornais e de documentários sobre o final do mundo e sobre como estamos matando o planeta, eu não leria esse livro. Sofro, tenho medo, temo pelo futuro e por isso não gosto de ler, nem de assistir sobre e ficar imaginando tudo isso acontecendo. Te admiro, foi muito forte, eu não sei se conseguiria terminar a leitura.
ResponderExcluirbjs
Oi
ResponderExcluirNosaa... Olhando a capa do livro eu não imaginaria que o seu conteúdo fosse desse modo como você falou.
O leria? De forma alguma!
Não por mal, nem nada disso, mas eu gosto de livros que me tirem dessa realidade que temos e me afundar em histórias nesse estilo não é interessante para mim.
beijos
Mayara
Livros & Tal