[Resenha - Galera Record] Prata: A revolução do carrasco

Esta resenha não possui spoilers deste livro ou do livro anterior da série.

Resenha de Prata: O assassino relutante

Título: Prata – A revolução do carrasco

Autor: Eoin Colfer

Tradução: Alves Calado

Livro #2 da série Prata

Editora: Galera Record

Número de páginas: 384

A jovem agente do FBI, Chevie Savano, volta à Londres contemporânea, após uma viagem pela era vitoriana, e encontra as coisas bem diferentes de como as deixou. A Europa está sendo governada por um movimento fascista conhecido como Boxita, que controla todo o território por meio do terror e da intimidação. As memórias de Chevie retornam fragmentadas, e no momento que ela aprende sobre o programa do professor Charles Smart, inventor da máquina do tempo, ele é morto pelo serviço secreto da polícia. Agora, eles estão atrás de Chevie, mas ela consegue escapar, fugindo para o passado. Ela encontra Riley, que está sendo perseguido por agentes futuristas, e o salva. Trabalhando em equipe, cabe aos dois descobrir o paradeiro do Coronel Clayton Box, que pretende aumentar ainda mais seu poder, lançando um míssil em cada capital europeia. 

No livro anterior, o autor nos apresenta uma trama muito interessante sobre viagem no tempo. Quando a máquina do tempo é inventada, é claro que algumas pessoas pensam em usá-la de forma nada honesta, manipulando governos e regimes, decretando toda uma nova ordem mundial. Ao perceber isso, o homem que a inventou foge com todo o material necessário para tornar esse plano impossível, interrompendo o Programa de RelocAção de Testemunhas Anônimas – PRATA – do FBI, um revolucionário projeto que permitia que testemunhas importantes fossem escondidas no passado. 

Chevron Savano é uma Agente Especial menor de idade que participou de um piloto do FBI em que adolescentes treinados ficariam responsáveis por detectar a presença de terroristas em escolas. Após um grave incidente, é enviada para Londres para tomar conta de um objeto esquisito que não tem a menor ideia do que é... e que é capaz de mudar toda a sua vida.

Frequentemente acho que deveria simplesmente abandonar a coisa toda. Acho mesmo. A viagem no tempo poderia ser um presente para a raça humana. Aquele que pudesse controlá-la poderia fazer coisas boas pelos homens. Mas você precisa se perguntar: considerando a trajetória da humanidade, isso é provável?

Não vou falar sobre a história que se desenrola no primeiro volume. Neste livro, conhecemos uma espécie de realidade paralela. Algo aconteceu no passado e acabou alterando todo o futuro. Chevron é uma cadete do Império Boxita, um governo fascista que controla quase todo o globo terrestre e que domina todos através do medo e da intimidação. Um governo em que o Coronel Box é considerado um deus enviado à Terra para purificá-la e fazer dela um mundo justo, o que obviamente é um convite para o surgimento de fanáticos, que derramam sangue sem nem questionar o motivo.

Chevie está com um grande problema: alguém começou a falar em sua cabeça, uma pessoa que ela apelidou de Chevie Traidora, que não é ninguém mais que ela mesma, o que restou da garota que pertencia ao FBI, a que viveu um futuro diferente. Começa a falar de coisas que ninguém sabe o que são, e isso faz com que suspeitem que é uma espiã. A vida da garota está por um fio e lhe dão uma chance de provar que é fiel ao regime... será ela capaz de fazer algo que considera fundamentalmente errado?

Como no livro anterior, neste temos trechos que se passam na Londres atual e também na Londres da época vitoriana (final do século XIX). É impressionante como o autor ambienta bem as coisas, e como consegue incluir cenas de estilos tão diferentes em suas obras. É um livro de ficção científica e aventura, e tem cenas de suspense que me deixaram agoniada, cenas que embrulharam meu estômago de tão nojentas, cenas que me pareceram até melodramáticas e me fizeram rir bastante. A leitura fluiu muito bem.

O outro protagonista é Riley, um aprendiz de mágico (e de bandido) da época vitoriana, que faz amizade com Chevie no livro anterior e nesse tem muito mais oportunidades de demonstrar suas habilidades. É um personagem que eu amo mas, surpreendentemente, outro ganhou ainda mais meu coração: Otto Malarkey, o rei dos aríetes, a maior classe organizada de bandidos de Londres. Ele seria um vilão, mas frente ao grande vilão, um ser completamente detestável, quase vira um mocinho. 

No final do livro, os protagonistas são apresentados a uma nova missão, algo menos grandioso que salvar o mundo, mas muito mais pessoal para um deles. Não acho que o enredo será só sobre isso, estou bem curiosa para saber qual será o futuro que conheceremos no terceiro volume, já que mais uma vez os acontecimentos históricos tomaram um rumo diferente. Espero que o próximo livro não demore para ser publicado.