[Resenha - Novo Conceito] Esperando por Doggo

Título: Esperando por Doggo

Autor: Mark B. Mills

Tradução: Ana Paula Corradini

Editora: Novo Conceito

Número de páginas: 224

Skoob

Dan achava que tinha uma vida feliz com Clara, mas, de uma hora para outra, ela desaparece inesperadamente de sua vida, deixando para trás apenas uma carta de despedida e um cachorro. A pequena criatura é incomum e sequer tem um nome definitivo, ele é simplesmente chamado de Doggo. Agora, Dan tem a missão de devolver Doggo, e, ao mesmo tempo, encontrar um novo emprego. A primeira missão parece ser fácil, a segunda, nem tanto. Com o passar dos dias, Dan começa a desfrutar da companhia de Doggo e não tem coragem de abandoná-lo. De forma singela, mas significativa, a presença do pequeno cão ajuda àqueles que estão ao seu redor. Doggo acaba tornando-se muito mais que um amigo de quatro patas, transforma-se em uma verdadeira fonte de inspiração para o trabalho e para a vida de Dan. Esperando por Doggo não é só um livro sobre um cachorro. É um livro sobre o poder de uma verdadeira e sincera amizade.

Clara abandona Daniel deixando-lhe apenas uma carta para informá-lo do que decidiu fazer. É bem vaga, diz que no momento em que ele ler aquilo ela já estará no ar, indo para um lugar distante. Aconselha que ele devolva o cachorro que ela adotou há algumas semanas ao abrigo de animais de onde o retirou, pois tem o pressentimento de que ele conseguirá o novo emprego para o qual tem uma entrevista, e o cão não poderia ficar sozinho o dia todo no apartamento. Mas ao tentar devolver Doggo, Dan desiste ao saber que ele será castrado.

Pausa aqui para fazer uma observação sobre a castração. Ela serve para reduzir o risco de várias doenças e também para diminuir a quantidade de animais abandonados, já que as pessoas não têm a menor consciência de que quando seus animais não castrados vão dar voltinhas por aí acabam cruzando com outros e dando origem a um número gigante de animaizinhos que nunca terão um lar. Eles muitas vezes vão se deparar com a maldade humana, grande parte viverá toda a sua vida nas ruas, estando expostos a perigos e doenças e muitos deles serão simplesmente sacrificados. 

Sim, tem gente que sacrifica animais, principalmente gatos pretos não castrados. Fiquei um pouco irritada pelo personagem demonstrar mais de uma vez seu horror pela castração. Espero que ele cuide de todos os futuros filhotes não planejados do Doggo. Tenho um gato e sim, ele é castrado, e é um animalzinho super alegre e ativo - exceto pelas mil horas que ele dorme, mas todo gato dorme muito... rs... Se você é contra a castração, é um direito seu, mas tenha responsabilidade e cuide dos filhotes que seu animal gerar. Ok, voltando ao livro.

Daniel acaba conseguindo o emprego e impõe sua condição: levar seu cachorro para o trabalho com ele. Não é um pedido tão absurdo assim, considerando que ele trabalha com criação publicitária, e na agência tem vários divertimentos à sua disposição, inclusive uma mesa de sinuca. Vemos aos poucos um relacionamento ser construído entre Dan e Doggo, e também entre Doggo e o resto da equipe. E o mais legal é que ele não é um cachorro fofinho, é bem feio, pelo que todos dizem, mas isso não impede que seja amado e que inspire as pessoas.

A leitura foi bem fluida, mas achei um pouco estranha a forma como a história foi construída. De certa forma, ela espelha a vida, nem tudo que acontece conosco tem um final bem definido, certo? Algumas coisas começam a acontecer com o protagonista e aí de repente nunca mais ouvimos falar daquilo... é um pouco difícil de aceitar no começo, mas depois me acostumei. No fim, quase todos os personagens tiveram um desfecho bem construído.

As folhas são amarelas, a letra é de um tamanho bom e temos capítulos curtos que fazem a leitura ficar mais rápida - são 27, divididos em 224 páginas. O motivo do livro ter esse título só fica claro quase no final, e adorei a explicação para ele. Infelizmente não posso contar porque entregaria o destino de algumas pessoas.

O livro não alcançou minhas expectativas, mas não deixou de ser uma boa leitura. Deu para perceber um crescimento em várias personagens, que no decorrer da história pararam de ter atitudes autodestrutivas (pelo menos eu considero assim as coisas que algumas pessoas fizeram). Recomendo a leitura para quem gosta de cachorros, já que o Doggo ocupa uma grande parte do enredo, e posso garantir a vocês que no final o cachorro continua vivo e bem. Podem ler sem medo.