[Resenha - Editora Record] O Diário de Anne Frank

Título: O Diário de Anne Frank

Autora: Anne Frank

Tradução: Élia Ferreira Edel

Editora: Record

Skoob

Anne Frank escreveu em seu diário toda a tensão que a família Frank sofreu durante a Segunda Guerra Mundial. Ao fim de longos dias de silêncio e medo aterrorizante, eles foram descobertos pelos nazistas e deportados para campos de concentração. Anne inicialmente foi para Auschwitz, e mais tarde para Bergen-Belsen. Seu diário destaca sentimentos, aflições e pequenas alegrias de uma vida incomum, problemas da transformação da menina em mulher, o despertar do amor, a fé inabalável na religião e, principalmente, revela a rara nobreza de um espírito amadurecido no sofrimento.

Essa capa é a da minha edição, que é de 1985. Não foi esta a que li para escrever a resenha, porque está na casa da minha mãe, em Belo Horizonte. Mas decidi homenagear meu livro velhinho colocando a capa dele na resenha... rs... Nunca vou abrir mão dele, porque ele tem história, mas se alguém quiser me presentear com a edição linda de morrer em capa dura que a Record lançou recentemente não se acanhe... hahaha... 

Foi o primeiro livro que li tendo como tema a Segunda Guerra Mundial, e ele é o responsável pela minha fascinação por esse período histórico. Eu sei que foi um dos períodos mais cruéis que a humanidade viveu. Mas, incrivelmente, ainda me ajuda a ter fé nas pessoas, porque algumas delas ajudaram os outros apenas por ser o certo e por terem vontade de ajudar, mesmo se colocando constantemente em risco, como foi o caso das pessoas que ajudaram a família de Anne por mais de dois anos - o período em que conseguiram se esconder.

Este livro é realmente o diário da Anne. Ela o ganhou como presente de aniversário aos 13 anos, em 12 de junho de 1942, pouco menos de um mês antes de sua vida mudar mais ainda (claro que um diário só não deu para documentar dois anos, ela usou outros cadernos que foram levados até o seu esconderijo, o Anexo Secreto). Ela e sua família já tinham mudado de país e a garota já tinha sido obrigada a mudar de escola, uma vez que todos os judeus precisavam estudar na escola judaica. Além disso, era obrigada a encarar cada vez mais restrições. No início de julho, sua irmã foi convocada a se apresentar à polícia, sem saber exatamente porque (coisa boa é que não era, obviamente). E isso fez com que a família Frank tivesse que deixar tudo para trás para tentar se manter em segurança.

Toda vez que me lembro de que os judeus foram perseguidos apenas por serem judeus, me dá uma revolta que não consigo nem descrever. Este livro é um registro do período feito por uma menina que realmente o viveu. Anne queria ser jornalista, e depois escritora. Pretendia escrever um livro após o fim da guerra. De certa forma, seu desejo foi realizado.

Vemos a transformação que se passou na garota, podemos perceber a infância a deixando e ela adquirindo muito mais independência e pensamento crítico. No início, quer o tempo todo chamar a atenção dos outros, mas acaba compreendendo que não vai conseguir ter sua vida de volta. É necessário que divida o esconderijo com mais quatro pessoas além das três de sua família. Precisa exercitar sua paciência e tolerância, e também tentar não incomodar os outros, para conseguir ter um pouco de paz. Vive com um medo constante de ser descoberta, precisa obedecer regras rígidas de silêncio e não pode nem pensar em olhar pela janela enquanto ainda tem luz do lado de fora.

Claro que uma guerra afeta todas as pessoas que pertencem às nações que participam dela, mas quando se tem que viver escondido, torna-se muito mais difícil conseguir sobreviver. Sem ajuda, seria impossível. Vários trechos do livro cortaram o meu coração. Apesar de se passar nesse período tão conturbado, no máximo ouvimos falar de atrocidades de que Anne tomou conhecimento ouvindo alguma notícia, porque dos 13 aos 15 anos ela viveu realmente no Anexo Secreto, então não precisam temer cenas de violência. É um livro que pode - e considero que deve - ser lido por todos.