[Resenha - Galera Record] As Herdeiras Quebram as Regras

Esta resenha não possui spoilers deste livro ou do livro anterior da série.

Resenha de As Herdeiras

Título: As Herdeiras Quebram as Regras

Autora: Joanna Philbin
Livro #2 da série As Herdeiras

Tradução: Sabrina Garcia

Editora: Galera Record

(Selo Galera Junior)

Skoob

Carina Jurgensen está acostumada a vestidos caros, viagens de luxo e aos melhores restaurantes – afinal, ela é nada mais nada menos que a filha de um dos caras mais ricos de Nova York. Mas, depois que se separou da mãe de Carina, o pai trata a filha com a frieza de um homem de negócios. Quando, num ato de rebeldia, Carina acaba divulgando documentos comprometedores sobre a empresa da família, ela recebe o pior castigo da história: o pai corta todo o seu dinheiro. Agora, ao lado de suas inseparáveis — e igualmente ricas — melhores amigas Lizzie e Hudson, Carina deve decidir se abre o jogo sobre seu atual status financeiro ou se prova para a alta sociedade, e para si mesma, que não precisa de grana para conseguir o que quer... mesmo que para isso precise contar algumas mentirinhas.

Adorei o primeiro livro da série As Herdeiras, que saiu no ano passado. Quando vi que a continuação estava sendo lançada, fiquei louca para ler o segundo volume. O que acontece é: a autora sempre termina os livros de um jeito bem cruel. Pelo menos nos dois livros que li foi assim. A história foi interrompida no meio de um acontecimento super importante no final do primeiro volume, e foi retomada no segundo sem nenhuma passagem de tempo. E o final do segundo é completamente enlouquecedor.

As protagonistas da série são as três garotas da capa: Hudson, a morena, a filha de uma estrela pop; Lizzie, a ruiva, a filha de uma supermodelo; e Carina, a loira, a filha de um bilionário dono de uma cadeia de veículos de comunicação. O trio se conhece meio que desde sempre. No primeiro livro, o foco é a vida de Lizzie. No segundo, passamos a acompanhar mais de perto a vida da Carina. Mesmo assim, a autora não deixa de lado as outras garotas e seus problemas ou conquistas, só tira um pouco do foco delas. 

Carina nunca teve um bom relacionamento com o pai. Ele se separou de sua mãe e conseguiu ficar com a guarda da garota, mas ela acredita que ele fez isso apenas para poder ganhar da ex-esposa. Isso porque nada material nunca lhe faltou, mas tem pouquíssimo contato com ele e é tratada com extrema frieza. Certo dia, descobre um documento bem comprometedor, que pode falar diretamente contra a imagem dele, e num momento de fúria o divulga anonimamente. E ainda por cima joga na cara do pai que ele nunca lhe deu atenção, que acha que pode comprá-la com coisas, mas isso nunca vai funcionar. Então ele toma uma atitude drástica, e tira dela todos os cartões de crédito e as mordomias - e a faz viver apenas com 20 dólares por semana e com um cartão do metrô.

Não tive nada contra a Carina no primeiro livro, mas confesso para vocês que neste, durante um certo tempo, senti uma antipatia profunda por ela. Sabem aquela pessoa que sempre teve tudo o que o dinheiro pode comprar e nunca nem parou para pensar sobre isso, e aí só falta desabar de tanto chorar porque descobre que não pode comprar uma blusa de quase 300 dólares? Sim, praticamente mil reais... então, é ela. Não tem noção nenhuma do quanto é consumista e de quanto liga para a opinião que os outros formam com base na sua aparência e nas coisas que pode ostentar. Mas até que levando em conta o ambiente em que a garota vive é compreensível, então o tempo todo eu pensava que devia dar um desconto. Só que mesmo assim não consegui evitar minha irritação.

Às vezes, a forma como as pessoas o veem é a forma como você vê a si mesmo.

Felizmente, ela amadurece muito durante a narrativa. Muito mesmo. Começa a enxergar como era e descobre que não é assim que quer ser de verdade. Ela, que sempre acusou o pai de só ligar para dinheiro, acaba percebendo que é ainda pior do que achava que ele era. Percebe que dá tanta importância ao fato de manter as aparências, que é capaz de fazer coisas das quais não se orgulha nem um pouco para não perder a "admiração" alheia.

As lições que a Carina aprende são muito valiosas. Consegue entender que sua família é sua base, e que o diálogo enriquece qualquer relacionamento. Descobre que as relações que valem a pena manter são as que lhe permitem ser quem ela realmente é. Percebe que o valor das coisas não é medido pelo dinheiro que foi necessário para obtê-las. 

Fora os momentos em que eu odiei a personagem, amei completamente essa história. A escrita da Joanna continuou muito fluida, e foi uma delícia conhecer mais um pouco das três protagonistas. Torço para que o terceiro livro não demore, porque o final desse foi realmente muito tenso.