[Resenha - Galera Record] Uma História de Amor e TOC

Título: Uma História de Amor e TOC

Autora: Corey Ann Haydu

Tradução: Alda Lima

Editora: Galera Record

Leia um trecho

Skoob

Bea foi diagnosticada com transtorno obsessivo-compulsivo. De uns tempos pra cá, desenvolveu algumas manias que podem se tornar bem graves quando se trata de... garotos! Ela jura que está melhorando, que está tudo sob controle. Até começar a se apaixonar por Beck, um menino que também tem TOC. Enquanto ele lava as mãos oito vezes depois de beijá-la, ela persegue outro cara nos intervalos dos encontros. Mas eles sabem que são a única esperança um do outro. Afinal, se existem tantos casais complicados por aí, por que as coisas não dariam certo para um casal obsessivo-compulsivo? No fundo, esta é só mais uma história de amor... e TOC.

Bea foi diagnosticada com TOC - Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Embora, no início, procure fechar os olhos para essa realidade, a garota sabe que faz coisas estranhas. Por exemplo, não consegue dirigir nem a 60 km/h, mesmo na estrada... ela acha que pode machucar alguém acidentalmente se não tomar um cuidado extremo. Também não gosta de se expor a objetos cortantes, pois as pessoas perdem o controle e, mais uma vez, existe a possibilidade dela machucar alguém se um deles estiver por perto. Também tem fixação por algumas pessoas (normalmente uma de cada vez) e se torna uma stalker completamente assustadora, pesquisando com um nível absurdo de detalhes a vida de quem observa. Sente que, se não vigiar o objeto de sua fixação constantemente, algo terrível acontecerá. E, acreditem, a Bea tem muito mais problemas do que esses que citei.

Então, quem não gosta muito do tema (eu adoro!), pode se cansar um pouquinho com a leitura do livro. O TOC ocupa grande parte da história. Não só o TOC de Bea, mas de todos os frequentadores de um grupo de terapia que ela se vê obrigada a frequentar, em que conhece alguém que começa a fazê-la se sentir apaixonada: Beck. O engraçado é que o TOC de todos os outros membros do grupo é bem mais visível que o de Bea (pelo menos bem mais visível que as coisas mais graves que ela faz, já que não conta para ninguém pelo que está passando), e ela se acha bem normal ao ver aquelas pessoas fazendo coisas como arrancar quase completamente o cabelo... mas será que seu caso não é mesmo tão grave assim? Como ela pode voltar a ser a Bea despreocupada de que sente tanta falta?

O início da leitura foi um pouco complicado para mim. O livro apresentou alguns problemas de revisão e outros que chamarei de problemas de continuidade. Sobre a revisão, o que mais me marcou foi um trecho em que a palavra "cara", aparentemente, apareceria três vezes, aí alguém foi lá e trocou por garoto. Mas o sentido era de rosto, então imaginem como a frase perdeu completamente o sentido. 

Sobre a continuidade, duas coisas me incomodaram mais: em um momento, a Bea é levada pela mãe para a terapia, e depois sai de lá dirigindo seu próprio carro, que supostamente teria ficado na garagem de casa. Em outro, ela diz que uma pessoa mora no sexto andar, depois é citada a sexta janela do primeiro andar como o local em que reside a mesma pessoa, e depois o sexto andar novamente. Fiquei enlouquecida com essas coisas. Esse tipo de erro me incomoda mais que simples erros de revisão.

Mas depois de um tempo essas coisas pararam de acontecer - ou eu parei de notar. Foi aí que consegui me ligar mais à história. Embora não tenha sido uma leitura completamente fluida, o livro se tornou bem mais interessante quando começaram a ser reveladas as origens dos problemas da protagonista. Porque sim, ela faz umas coisas bem loucas, mas sua loucura até que faz algum sentido levando em conta o que ela viveu. Ver a Bea entendendo as origens de seus comportamentos compulsivos e obsessivos foi algo bem legal.

Enfim, é um livro interessante pela visão que proporciona sobre o TOC e sobre o quanto é difícil e longa a luta para superá-lo. A pessoa cria rotinas que sente que são essenciais para a sua segurança e para a segurança dos outros também, por isso é muito doloroso abrir mão delas. Mas não é o melhor livro que li sobre o assunto.