Título: Os Anjos do Tempo
Autor: Kevin J. Anderson
Baseado nas letras de Neil Peart
Tradução: Bruno Mattos
Ilustrações: Hugh Syme
Editora: Belas-Letras
No mundo do jovem Owen Hardy, tudo tem sua hora para acontecer. Ele vive em uma sociedade aparentemente perfeita, graças à administração precisa do Relojoeiro. A vida segue um roteiro cuidadosamente planejado para que nada afete a estabilidade conquistada depois de anos de guerras. Até o dia em que, pela primeira vez, um imprevisto acontece e Owen se vê abandonando sua terra natal para viver uma grande – e imprevisível – aventura, entre civilizações perdidas, piratas, anarquistas e alquimistas. Os Anjos do Tempo é uma história de ficção científica escrita pelo mestre do gênero steampunk Kevin J. Anderson, inspirada nas músicas da lendária banda de rock Rush, em parceria com o compositor e baterista Neil Peart. Uma fábula “nostálgica, estranha e encantadora”, ilustrada pelo premiado designer Hugh Syme, sobre a beleza que há na luta entre a ordem e o caos, entre a realidade e o sonho.
Os Anjos do Tempo foi escrito por Kevin J. Anderson, tendo como base as letras do álbum Clockwork Angels da banda Rush, escritas por Neil Peart, que além de compositor é baterista. No posfácio escrito por Neil, ele esclarece que o processo de escrita durou 18 meses, e que houve bastante troca de ideias entre ele e Kevin. E diz que os fãs vão encontrar muitas referências às músicas da banda no livro, mas que ele pode ser lido independente da pessoa ter esse conhecimento prévio ou não. Posso testemunhar que é verdade, a história foi muito bem amarrada e, mesmo sem conhecer nenhuma música do álbum, pude me deliciar com ela.
Sobre o gênero do livro, também no posfácio, Neil diz que procuraram utilizar um cenário steampunk, ambientando a história no fim do século XIX. Eles não quiseram fazer uma distopia, e sim apresentar um mundo alternativo utópico, apesar do governo opressivo presente na narrativa. E na verdade eles conseguiram mesmo descrever um bom lugar para se viver, a imensa maioria das pessoas vivem suas vidas acreditando que nada lhes falta, seguindo a filosofia de que "tudo é como deveria ser". Os habitantes de Albion parecem felizes, não têm problemas em seguir a trilha pré-determinada para suas vidas, acreditam firmemente que o Relojoeiro (o responsável pelo Governo e pelas regras) sabe o que é melhor para cada um.
- Não está me faltando nada. Com seu amor, o Relojoeiro cuida de todas as nossas necessidades. Temos comidas e casas, temos fogo frio e felicidade. Não há distúrbios em Albion há mais de um século. O que mais poderíamos querer? - As palavras saíram de sua boca antes que seus sonhos conseguissem se embrenhar entre elas. A resposta pareceu automática, e não refletia os seus sentimentos.
Owen Hardy é uma exceção. Não é que ele esteja completamente insatisfeito com sua vida no pequeno vilarejo em que nasceu e cresceu, com seu trabalho como assistente de gerente do pomar, morando com o pai e com o fato de estar prestes a fazer 17 anos e ser considerado adulto - momento em que todos esperam que ele peça em casamento Lavínia, seu verdadeiro amor e alma gêmea. Owen apenas acredita que o mundo tem muito mais a oferecer, e tem curiosidade de conhecer outras partes dele, principalmente Crown City, o local em que vive o Relojoeiro e onde ficam os Anjos, seres autômatos gigantes e maravilhosos que abençoam os habitantes em aparições diárias.
O melhor ponto de partida para uma aventura é uma vida perfeita e tranquila... e alguém que percebe que isso não é o suficiente.
A oportunidade acaba encontrando o rapaz - e ele se vê em um mundo cheio de coisas bem diferentes das que imaginou. Sim, tudo é perfeitamente harmônico e controlado - mas ele não pensou que nessa harmonia não haveria espaço para mais um elemento: ele mesmo. Tem dificuldades de se encaixar e de se adaptar às regras, e isso faz com que embarque em aventuras muito maiores do que pretendia. E assim Owen descobre que existem lugares em que a Estabilidade, a precisão buscando a perfeição, não existe e muito menos é desejada.
A narrativa é muito ágil e rica, o autor nos apresenta a todo um mundo alternativo, as descrições são feitas na medida certa e nos permitem visualizar com bastante facilidade os cenários. Além disso, somos presenteados com algumas ilustrações, mas elas não foram colocadas no meio dos capítulos. Existem algumas folhas mais ou menos no meio do livro, em que são representados certos elementos da história.
Owen está o tempo todo em conflito, fica em dúvida sobre tudo o que lhe foi ensinado desde pequeno. No enredo, vemos o embate entre a ordem extrema e a liberdade extrema, e claro que nada que é em excesso pode fazer um bem absoluto. O representante da liberdade extrema está disposto a pagar qualquer preço para provar que tem razão - inclusive não se importando em matar inocentes. Fica bem difícil acreditar que o que ele propõe é algo bom, as pessoas não estão dispostas a voltar a viver no caos para poderem fazer escolhas, principalmente porque correriam o risco de escolher mal. As ações do representante da liberdade só servem para reafirmar que o método do Relojoeiro é o melhor - pelo menos esta é a conclusão da população em geral.
Uma vida sem riscos é uma vida sem vida.
Como em todo steampunk, conhecemos invenções tecnológicas muito legais. E mais legais ainda porque nesse mundo a que somos apresentados a alquimia está presente. Tudo bem que não é permitido aos alquimistas atingir todo o seu potencial - sempre aquela história da ordem -, mas mesmo assim conhecemos invenções que só puderam ser concebidas devido aos estudos alquímicos (normalmente os estudos do próprio Relojoeiro).
A escrita do Kevin é muito fluida, eu queria sempre mais e fiquei um pouco triste quando a história terminou, apesar de ter amado o final. Queria saber ainda mais sobre esse universo, mesmo que não tenha sentido falta de nenhuma informação. É apenas um caso de livro que vai deixar saudades, um dia vou querer acompanhar novamente as aventuras do Owen.
O tesouro de uma vida se mede em amor e respeito. (...) Uma dessas coisas não serve de nada sem a outra. Amor sem respeito pode ser tão frio quanto um sentimento de pena; respeito sem amor pode ser tão sinistro quanto o medo.
Oi Ju!
ResponderExcluirBom, não conheço muito do steampunk, mas que é bem parecido com distopia, é! Acho que esse é o elemento principal do livro ter me deixado tão curiosa! Tenho um livro aqui do Neil Peart, mas não li ainda.
Já tinha ouvido falar do livro, mas é a primeira vez que vejo o nome Kevin J. Anderson em algum livro.
Beijo!
http://www.roendolivros.com/
Oiii Ju sua linda tudo bem?
ResponderExcluirGostei da resenha, muito bem escrita porem o livro nao me encantou Ju, não gostei muito do enredo e nem gosto do genero literário.Que bom que vc gostou da leitura.
beijos
www.marichic.com
Oi Ju!!
ResponderExcluirEu não li nada desse estilo ainda acredita? Como tô fazendo um trabalho sobre literatura, varios estilos estão me deixando curiosa , não conhecia essa obra e achei mais interessante do que as demais que localizei por ai.
O que eu gostei muito de saber que a escrita é tão boa que você não conseguiu parar e ainda queria mais *-*
Gostei e vou procurar por aqui :D
Beijinhos,
www.entrechocolatesemusicas.com
Apenas essa única palavra foi essencial para me conquistar: steampunk. Não sei expressar qual o fascínio que obras do gênero exercem sobre mim, mas amo livros que tem esse pano de fundo. Vou procurar saber mais e quem sabe comprar meu exemplar!
ResponderExcluirOlá, tudo bem?
ResponderExcluirNossa, assistente de gerente de pomar, e eu achando que operador de máquina de xerox já era um nome bem diferente pra estagiário HAHAHAHA Gostei de saber que a narrativa do autor consegue te prender, isso é um ponto super positivo no livro, e quando somados a steampunk e um mundo onde a ordem não é desejada, tenho certeza que será uma ótima leitura. Dica anotada.
Abraços,
Matheus Braga
Vida de Leitor - http://vidadeleitor.blogspot.com.br/
Oi Juju, sua linda, tudo bem?
ResponderExcluirNão conhecia esse livro, mas ele me ganhou por ser distopia e depois por ser steampunk. Agora, o que fez meu olhos brilharem, foi a discussão levantada pelos autores: o extremo. Todo mundo pensa que liberdade é algo bom. E é. O problema é o homem. O que o homem está disposto a fazer para consegui-la. E mais, do que ele não está disposto a abrir mão para mantê-la. Nossa, como eu sou fascinada por esses debates. É por isso que sou apaixonada pelos filósofos antigos. Maquiavel é eterno, sua máxima de que os fins justificam os meios é tão contemporânea. Ele entendia do homem, essa que é a verdade. Eu sei que irei amar o livro só por causa disso. Adorei a sua resenha, Juju!!!!!
beijinhos.
cila.
http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/
Ola Ju lindona
ResponderExcluirNão conhecia o livro sempre fujo um pouco de ficção, mas gostei da premissa desse livro, assim como a capa. Essas inovações que você comenta devem ser muito interessante ainda mais com uma escrita que flui bem. Vou anotar a super dica. beijos
Joyce
www.livrosencantos.com
Cara esse livro é bem "louco" né? A premissa é super interessante e o fato de ser algo de um gênero que sou muito curiosa pra ler mas ainda não li só me aguça mais a curiosidade.
ResponderExcluirvou deixar esse livro na lista, vai que algum dia eu topo com ele.
Seguindo o Coelho Branco
Oi Ju, tudo bem? Adorei a sua resenha, e achei super legal o livro ter como base as letras da banda. E que bom que mesmo sem conhecer a banda, a história pode ser facilmente entendida... o único porém é que não vai dar para entender muito bem essa conexão, eu acho.
ResponderExcluirAdorei o mundo Steampunk e ainda mais a presença da Alquimia *-*. Achei interessante o mundo criado e as questões políticas e filosóficas. O Owen parece um personagem bastante determinado e inteligente. Fiquei bastante curiosa para conhecer a história.
Beijinhos,
Rafa
Oi Ju, tudo bom?
ResponderExcluirNossa não sabia que o livro era tão bom assim hahahaha
Nunca li um livro nessa temática, e pela sua resenha eu pude perceber que o livro quer passar algo a mais.
Não é aquela coisa batida que costumamos ler - por isso disse que nunca li algo assim hahahahah
Achei a história bem bolada :D
E eu não sei que banda é essa y.y
Adorei a resenha o/
Bjs
Www.horadaleitur.blogspot.com.br
Oi Ju,
ResponderExcluirmoça, fiquei tanto tempo fora, que não sabia da mudança do design do blog, mas me peguei surpresa por me deparar com esta mudança enorme. Está maravilhoso e muito cute o blog, eu amei.
Agora sobre o livro, eu gostei muuito da premissa, e para você elogiar a obra, significa que ela é realmente muito boa, não li nada de negativo somente elogios. E por se tratar de Steampunk, o autor(a) tem que saber o que faz para não ficar sem graça e noção e sim ligar e tornar tudo real. Fiquei bastante curiosa sobre o mundo perfeito criado pelo relojoeiro, e principalmente as aventuras que o Owen. Pronto já adicionei e vou procurar pelo livro.
Parabéns pela resenha!
Beijos Ana Zuky
SA Revista
Oi Ju... fiquei bem interessada na leitura... essa temática steampunk está bem crescente e alguns livros tem me interessado... eu curto histórias que envolvem alquimia, mas tem que ser uma escrita que me envolva e me contagia de primeiro momento... confesso que pela capa tinha tido outra percepção de história, mas foi super legal descobrir o enredo e para onde a história caminha... xero!!
ResponderExcluirOiiii
ResponderExcluirEu não conhecia o livro, mas fiquei bem instigada. É muito bom quando o livro te prende de tal forma, que no fina, tu sente aquele vazio, aquela saudade.
Fiquei super curiosa e pretendo ler.
Beijos
http://www.sacudindoaspalavras.com.br/