[Resenha - Jangada] Tempestades de Sangue

Esta resenha não possui spoilers deste livro ou do livro anterior da trilogia. Porém, caso não tenha lido o primeiro volume, aconselho que pule a sinopse.

Resenha de Fortaleza Negra.

Título: Tempestades de Sangue

Autora: Kel Costa

Livro #2 da trilogia Fortaleza Negra

Editora: Jangada

(Grupo Editorial Pensamento)

Número de páginas: 302

Skoob | Leia um trecho

Durante o último ataque de mitológicos à Fortaleza Negra, Sasha sofreu perdas irreparáveis. Agora, só o que ela quer é juntar os cacos e seguir em frente. Mas, quando menos espera, ela se depara com um esquema de tráfico de sangue dentro da Fortaleza e resolve usar essa informação para se aproximar de Klaus, o líder dos Mestres vampiros. Enquanto isso, Mikhail viaja na companhia dos irmãos numa caçada aos mitológicos, e está concentrado em encontrar seus inimigos e dar fim ao grupo que atacou a Fortaleza. Mal sabe ele que enquanto isso, Sasha está se arriscando para desvendar todo o mistério que envolve o tráfico de sangue, ao mesmo tempo que tenta se reaproximar do cientista Blake Campbell e descobrir mais sobre a Exterminator, a arma criada para exterminar os mitológicos, mas que também pode ser uma grande ameaça para os vampiros. Será que Blake está tramando contra os Mestres? Sem que imagine, as investigações de Sasha a levam a percorrer um caminho sem volta que acaba se transformando no seu pior pesadelo.

A trilogia Fortaleza Negra nos apresenta a uma realidade alternativa. A história se passa nos dias de hoje (bem, no caso do segundo volume, ele está uns dois anos no passado, mas isso não faz com que não seja uma narrativa contemporânea), mas o mundo que a autora nos mostra é bem diferente do que conhecemos. Os vampiros controlam todo o planeta. Têm pontos de controle espalhados pelo mundo, mas o governo central se localiza na Rússia. Lá, dentro de uma fortaleza praticamente impenetrável, localiza-se a Morada dos Mestres.

Mestres são os vampiros mais antigos e mais fortes que existem. Eles controlam os elementos - terra, fogo, água e ar. Existe uma hierarquia entre eles, de acordo com a ordem de nascimento, sendo que os mais velhos são os mais poderosos. Durante o governo dos vampiros, a vida dos humanos até melhorou. A criminalidade reduziu-se drasticamente, já que a punição para qualquer crime passou a ser extremamente severa, normalmente a morte. Ninguém mais passava fome, todas as crianças podiam frequentar a escola e todos tinham onde morar. Um mundo quase perfeito. Até que os mitológicos resolveram intervir.

Como mitológicos, entenda-se centauros e minotauros. Imagino que já tenham ouvido falar deles. Centauros têm a forma de cavalos até a cintura, e a forma humana da cintura para cima; minotauros são aqueles monstros gigantes com cabeça de touro e corpo parecido com o humano - apesar das patas e das mãos com garras. São naturalmente cruéis e aparentemente não é possível se comunicar com eles. Passam a invadir cada vez mais cidades e a matar todos os seres que cruzam seu caminho. Os vampiros passam a se importar e decidem intervir só porque acabarão ficando sem alimento se eles matarem todos os humanos.

A protagonista da trilogia é Aleksandra Baker - mais conhecida como Sasha - uma garota que acaba de fazer 18 anos e que tem um ímã para o perigo. Ela cresceu muito de um livro para o outro, se tornou uma pessoa ainda mais corajosa e disposta a tudo para fazer o que é certo. Infelizmente, tem talento para fazer burrices e loucuras, me deu vontade de sacudi-la em alguns momentos.

No primeiro livro, me irritei muito com os amigos que ela fez ao se mudar para a Fortaleza - Lara e Kurt. Agora, já me acostumei com eles. E acho que eles também melhoraram um pouquinho - bem pouco - seu comportamento. Pelo menos o Kurt não fez nenhuma chantagem emocional idiota com a Sasha, passou a tomar suas próprias decisões, mesmo que às vezes sejam decisões nada boas.

Neste segundo volume, a autora nos esclarece sobre a origem dos mitológicos e dos vampiros, e conhecemos um pouco da história dessas espécies. Alguns Mestres precisam fazer uma longa viagem e, à medida que passam por alguns lugares, recordam acontecimentos (um dos Mestres conta parte da história de outro jeito também, mas não vou falar disso porque prometi uma resenha sem spoilers). Descobrimos que eles foram bem importantes durante alguns momentos históricos, mesmo que ninguém tenha a menor ideia disso. Isso foi legal, a autora misturou a história criada por ela com acontecimentos reais, o que acabou dando mais veracidade ao enredo. Mas, de certa forma, teve também um lado ruim, porque nesses momentos a narrativa se tornava bem mais lenta. Só que foi algo necessário para que pudéssemos conhecer de verdade o universo criado por ela.

Achei o primeiro livro excelente, e esse não atendeu completamente minhas expectativas., mas não deixou de ser uma ótima leitura. Acho que demorei um pouco a me envolver com a narrativa por dois motivos: senti falta da ação frenética do primeiro volume, e também de um casal que passou algum tempo separado. Mais ou menos no meio do livro, ele voltou ao ritmo do primeiro volume, e aí não consegui mais largá-lo.

Na resenha de Fortaleza Negra, eu disse que o final do primeiro livro tinha sido cruel. Na verdade, ainda não sabia o que era crueldade. O jeito que a Kel terminou esse segundo volume foi infinitamente pior, não dá nem para saber quem vai sobreviver, vários personagens ficaram entre a vida e a morte na última cena. Então, preparem seus corações. A espera pelo último livro será basicamente insuportável e dolorosa. Só espero que não seja muito longa.