[Resenha - Geração Editorial] As vidas e as mortes de Frankenstein

Título: As vidas e as mortes de Frankenstein

Autora: Jeanette Rozsas

Geração Editorial

Número de páginas: 176

Skoob | Leia um trecho

Escapar da morte, viver para sempre… O que antes parecia apenas fantasia ou ficção científica, hoje está sendo procurado nos principais centros de pesquisa do mundo. Neste romance, Jeanette Rozsas reúne personagens reais e ficcionais para tratar de uma questão polêmica: a fim de vencer a morte, a ciência pode passar por cima de tudo, até mesmo da moral e da ética? Esse é o estranho vínculo que aproxima intimamente, mas em épocas diferentes, uma jovem pesquisadora brasileira trabalhando na Alemanha, três importantes escritores ingleses do século XIX e um famoso alquimista do século XVII e seu ingênuo discípulo.

Não tive coragem de ler Frankenstein de Mary Shelley até hoje, mas mesmo assim algo nesse lançamento me deixou curiosa para conhecê-lo. Acredito que a presença da discussão de moral e ética, pois sempre gostei de estudar o assunto. E nesse mundo em que a ciência procura vencer a morte, muitas vezes essa discussão é deixada completamente de lado.

Jeanette intercala três histórias no livro. A primeira que conhecemos é a protagonizada por Liz, uma médica brasileira de 27 anos que foi selecionada para uma bolsa de pesquisa na Alemanha. Depara-se com pesquisas de um nível muito superior ao que imaginava, equipamentos de ponta, recursos praticamente ilimitados... nosso contato com a personagem ocorre através de e-mails e tuítes que escreve para a família. A história dela se passa de 2010 a 2014.

Logo em seguida, somos transportados para o início do século XIX, em que conhecemos a jovem Mary Godwin (que depois viria a se tornar Mary Shelley), que aos 16 anos fugiu de casa com um rapaz e com sua meia-irmã. Ao parar em uma vila, um taberneiro lhes conta uma história sobre certo castelo em que viveu Konrad Dippel, que se dizia descendente dos Frankenstein. Mary não pode evitar uma visita ao local, devido a seu espírito aventureiro.

E aí somos apresentados ao terceiro núcleo, com uma história que se passa no final do século XVII. Conhecemos o tal sr. Dippel, um médico/cientista que tem uma péssima fama, embora nunca se negue a atender as pessoas do povoado em que vive, quer o paciente possa ou não pagar pelo atendimento e pelos remédios. Os boatos são de que pratica magia negra e tem pacto com o diabo. Aceita um garoto questionador, Max, que quer mais que tudo entender a vida, como seu discípulo. Estaria o garoto preparado para o que vai precisar aprender?

O medo encarcerado é a pior fonte de angústia.

Adorei o livro. Todas as histórias possuem ligações entre elas, e a autora vai alternando-as durante a narrativa, o que torna tudo bem dinâmico. Me senti absurdamente envolvida pelo enredo, e minha curiosidade para conhecer os desfechos só aumentava à medida que eu passava as páginas. Tive que encarar alguns trechos ligeiramente nojentos, mas nada impossível de ler.

A diagramação está linda, cheia de detalhes, e não encontrei nenhum erro. As folhas são amareladas e a fonte tem um ótimo tamanho. Foram misturados personagens reais e fictícios, e temos 16 páginas em que podemos encontrar gravuras, retratos e fotos que nos aproximam da parte real utilizada no enredo.

Parte da história é bem finalizada, mas outras partes ficam em aberto. Cabe ao leitor juntar as peças e escolher em que acreditar. Não sou muito fã desse tipo de final, então foi a única coisa que não gostei no livro, mas entendo a escolha da autora. Acredito que assim o enredo consegue gerar ainda mais discussão sobre o tema que ela se propôs trabalhar (os limites da ciência frente à moral e à ética), além de nos permitir imaginar finais tão sinistros quanto pudermos aguentar.