Esta resenha foi escrita por mim e publicada originalmente no blog Ler e Imaginar.
Título: Feliz Ano Velho
Autor: Marcelo Rubens Paiva
Editora: Alfaguara
Número de Páginas: 272
Feliz ano velho é o primeiro livro de Marcelo Rubens Paiva. Aos vinte anos, ele sobe em uma pedra e mergulha numa lagoa imitando o Tio Patinhas. A lagoa é rasa, ele esmigalha uma vértebra e perde os movimentos do corpo. Escrito com sentido de urgência, o livro relata as mudanças irreversíveis na vida do garoto a partir do acidente. Ele é transferido de um hospital a outro, enfrenta médicos reticentes, luta para conquistar pequenas reações do corpo. Aos poucos, se dá conta de sua nova realidade, irreversível. E entende que é preciso lutar. O texto expressa a irreverência e a determinação da juventude, mesmo na adversidade, e a compreensão precoce “de que o futuro é uma quantidade infinita de incertezas.
Faz muito tempo que eu queria ler Feliz Ano Velho. Desde que participei de um evento que já existe há muitos anos, chamado Sempre um Papo, em que o autor esteve presente. Mas acabou que fui deixando para depois, dando prioridade aos livros de ficção e, só agora, com o lançamento de uma nova edição, junto com o novo livro do autor, Ainda estou aqui, que em breve resenharei para vocês, parei para ler a obra, que foi lançada originalmente em 1982.
Marcelo nos conta parte de sua vida. Em 14/12/1979, ele mergulhou de cabeça em uma lagoa, sem saber que era um local bem raso. O resultado? A quebra da quinta vértebra cervical e a compressão da medula. Consequências? Ninguém sabia dizer ao certo. Seria preciso observar, fazer muita fisioterapia e aguardar. Não era possível prever quanto dos movimentos ele recuperaria.
Foi o tipo de passagem de ano para pior. Preferiria que o tempo voltasse atrás, até o exato momento em que eu mergulhara naquele lago. Quantas vezes desejei isso. Uma coisa de nada transformou minha vida num pesadelo. (...) Feliz Ano Velho, adeus, Ano Novo.
Gostei muito de algumas coisas no livro. Primeiramente, do fato dele servir como alerta para que outras pessoas possam evitar ter acidentes parecidos com o dele. Porque convenhamos, uma deficiência física causada por um acidente de carro, por exemplo, é algo que não pode se prevenido. Mas uma causada por um mergulho imprudente com certeza sim. Em certo trecho do livro, o Marcelo conta de um livro que leu que dizia que 30% dos casos de paralisia nos Estados Unidos tinham origem em situações parecidas com a que ele viveu - ou seja, foram causadas por mergulhos em rios, piscinas ou lagoas sem profundidade suficiente. Achei a porcentagem assustadora.
Segundo, ele coloca esse tema em discussão. É claro que desde que ele foi escrito até hoje, muita coisa aconteceu, já avançamos bastante na questão da acessibilidade. Mas não o suficiente. Existem, por exemplo, ônibus adaptados para que deficientes físicos possam embarcar. Mas não são todos os ônibus, nem todas as linhas de todos os lugares. Existem leis que regulamentam o acesso, que garantem igualdade de condições... mas, em muitos casos, ainda estão longe de ser integralmente cumpridas.
Acho ótimo que as pessoas da rua perguntem o que aconteceu comigo. Deficiência física sempre existiu no mundo inteiro, e só agora as pessoas estavam discutindo. O ano seguinte seria dedicado ao deficiente físico, e as estatísticas provam que é um problema de toda a siciedade e não de meia dúzia de doentes. Eu adoraria ter sabido antes que, se um cara mergulha num local muito raso, há o risco de ficar paralítico.
A terceira coisa que gostei muito foi de quanto amor vemos nessas páginas. Desde o momento do acidente, o Marcelo sempre esteve cercado por sua família e pelos amigos. O livro se passa durante o período de um ano, com certeza a parte mais dolorosa de sua recuperação. Claro que ele sentiu uma revolta inicialmente, que jovem de 20 anos não sentiria? Chegou a pensar em se matar, considerando que seria "muito mais fácil a morte que a agonia daquela situação". Mas em nenhum momento ficou se lamentando, sempre esteve disposto a lutar para conseguir ter o máximo de liberdade possível. A narrativa é em primeira pessoa e, além de acompanhar esse primeiro ano depois do acidente, acompanhamos também fatos anteriores da vida do autor, que ele insere no meio do texto. Isso foi feito de forma natural e em nenhum momento fiquei perdida.
O livro tem gírias, palavrões e foi escrito de forma bem informal. A única coisa que chegou a me incomodar mesmo foi o quanto ele e os amigos se drogavam, mas simplesmente porque sou muito chata com isso. O fato dele escrever Deus sempre com a primeira letra minúscula com certeza pode incomodar algumas pessoas também. Enfim, não gostei de tudo que o autor contou sobre ele, mas não vejo porque eu teria o direito de julgar suas atitudes. Ninguém tem esse direito.
Foi uma leitura que me colocou para refletir. Feliz Ano Velho é um daqueles livros que nos fazem ter vergonha de reclamar da vida. É uma bela história de superação. O Marcelo faz questão de frisar que não é melhor que ninguém, que não é modelo para nada, apenas uma vítima do destino que aceitou o que lhe aconteceu e seguiu em frente da forma que conseguiu. Eu o admiro por ter se disposto a dividir essa história, que com certeza pode ajudar muita gente que está na mesma situação e também ajudar para que outras pessoas não tenham que encarar algo assim por causa de uma atitude impensada.
Oi Ju
ResponderExcluirSou doido pra ler esse livro, minha mãe já leu e amou (há muito tempo atrás), eu já li alguns trechos estudando sobre o período militar e já gostei da narrativa. Vou procurar ler este livro ainda em 2015. Que bom que foi uma leitura bacana pra você.
Abraço! =)
Olá,
ResponderExcluirEntão eu conheço o livro, já o li, e realmente ele lhe faz pensar, porem não e um livro que eu vá ler novamente, não me prendeu tanto assim a história, apesar de ser bem elaborada.
Abraços.
Kah Fernandes
nossa!!!Voltei ao passado agora!!!
ResponderExcluirfui a uma peça de teatro sobre esse livro, acho que em 1984 ou 85, quando morava no Rio....
Acho uma narração bem impactante que, ainda hoje não está ultrapassada!!!
Parabéns pela resenha...me vi reassistindo a peça...
abraços
Eu Pratico Livroterapia
Oie!
ResponderExcluirSério, não imaginava que o livro seria assim :O Fiquei muito curiosa para acompanhar tudo o que ele vivenciou.
Bjks!
http://www.historias-semfim.com/
Eu amo esse livro! Já conhecia o trabalho do Marcelo como jornalista, mas depois que li Feliz Ano Velho eu passei admirar ele ainda mais. É um livro que com certeza quero reler e também vou querer ler a "continuação" assim que tiver uma chance!
ResponderExcluirTambém sou muito chata com negócio de uso de drogas e essas coisas, mas confesso que não me incomodou tanto. Marcelo teve a juventude numa época bem hiponga, então era quase natural os jovens se drogarem o tempo todo (não que concorde com isso, mas encarei o uso dele como uma característica da época que ele vivei mesmo).
Beijoos
Um Metro e Meio de Livros
Nossa, gosto de livros que nos fazem refletir.
ResponderExcluirAdoraria ler. Beijos!
www.apaixonadaporleiturass.blogspot.com.br
Olha, eu sou louca por esse livro, infelizmente ainda não li mas meu pai me contou tudo, cada detalhe do livro e eu super amor, acho a história de superação muito interessante, você acredita que eu moro próximo a uma estação de metrô chamada Engenheiro Rúbens Paiva? em homenagem ao pai do autor. Eu preciso comprar esse livro para deixar na minha coleção, por mais que eu saiba a história dele eu preciso ler em algum momento. Ele já me toca muito.
ResponderExcluirOie.
ResponderExcluirtenho uma amiga que leu esse livro e adorou! Eu curti o enredo dele, preciso comprar urgente!
Beijinhos, Helana ♥
In The Sky, Blog / Facebook In The Sky
Li este livro tem uns 20 anos... sério!!!! hahahahha Na época me impressionou bastante e lendo sua resenha, me deu vontade de reler.
ResponderExcluirhttp://meuamorpeloslivros.blogspot.com.br/
bjs
Olá, Ju.
ResponderExcluirEu li esse livro tem muito tempo, quando era bem novinha hehe. Li em uma época que pegava tudo o que era de ler e devorava, mas acho que hoje não leria de novo. Meus gostos mudaram hehe. Mas é legal ver que mesmo depois de tanto tempo, o livro continua atual.
Blog Prefácio
Olá!
ResponderExcluirAdoro livros reflexivos. E adorei sua resenha.
Tenho muita vontade de ler Feliz Ano Velho, pois quero entender a forma como ele age após o acidente. O fato de ter gírias pode me incomodar um pouco e também o fato de ele escrever Deus com o D minúsculo.
Beijos
http://mileumdiasparaler.blogspot.com.br/
Olá, sempre ouvi falar muito desse livro e tenho bastante curiosidade em ler, parece ser um livro incrível, adoro essas histórias que fazem o leitor refletir e tirar uma mensagem importante. Já estou querendo!
ResponderExcluirBeijos
http://www.oteoremadaleitura.com/
Oii,
ResponderExcluirNão conhecia esse livro e nem o autor. Mas não consegui me interessar por esse livro, acho que ele pelo fato de ele ser biográfico, e o não sou muito fã dessa categoria. Mas a resenha está ótima.
Abs
Oi Ju! Saudades! Acredita que tenho essa obra qui em casa, é um livro bem antigo, era da minha mãe, ela me deu e acabei ainda não lendo, mas é uma obra que ela gosta muito e disse basicamente o que vc disse no final, que tem uma lição enorme e que é inspirador! Vou ler com certeza! Beijos
ResponderExcluirPaulinha - Overdose
http://overdoselite.blogspot.com.br/
Olá,
ResponderExcluirEsse é um dos livros que quero ler a bastante tempo, até fiz o download em em ebook, mas não li ainda e nem sabia que tinha sido reeditado, fiquei feliz em saber porque é provável que eu compre mais pra frente. Penso que essa deve ser uma história comovente e sensível, com certeza deve ter sido muito difícil pra ele lidar com a vida depois do acidente e aceitar a situação. Concordo que esse livro seja um alerta, muitas vezes somos inconsequentes e acabamos sofrendo lesões que podem durar a vida toda. Lerei em breve com certeza, bjus!!!
http://www.lendoaestante.blogspot.com.br/
Não conhecia o livro mas achei a proposta bem interessante. Acho super interessante livros que fazem a gente pensar, refletir e ver que muitas vezes reclamamos por nada. Mesmo assim não sei se colocaria ele na minha lista de leituras. Quem sabe uma hora surge a oportunidade...
ResponderExcluirBeijinhos,
Lica
Amores e Livros
Oi Ju, não conhecia o livro e não leria, mas acho super válido o autor se dar ao trabalho de dividir sua história para alertar outras pessoas, afinal esse tipo de acidente acontece o tempo inteiro. O fato de Deus estar escrito em minúsculo com certeza me incomodaria bastante e esse é mais um motivo pela minha falta de interesse no livro.
ResponderExcluirBjs, Glaucia.
www.maisquelivros.com
Olá!
ResponderExcluirNão conhecia esse livro, posso dizer, que me surpreendi muito! Quero ler agora! Esse tema que você citou, é bem recorrente, já li um livro com esse tema também.
Abraços, Heitor Botti
shakedepalavras.blogspot.com
Olá.
ResponderExcluirTudo bom?
Não conhecia o autor e nem a obra, mas infelizmente esse não é o tipo de leitura que me atrai.
Sua resenha está ótima.
Beijos
Olá. Fiquei bem curiosa sobre esta obra. Gosto de livros que nos fazem refletir mesmo que não concorde com os pontos que você citou das ações do personagem, achei bem interessante esta obra.
ResponderExcluirQuem sabe eu leia. Mas mesmo assim, dica anotada.
Beijos.
Olá
ResponderExcluirNão conhecia o livro,mas gostei da premissa é aquele livro que faz você refletir,quanto ao que você citou na resenha, a conscientização sobre as dificuldades que os deficientes enfrentam vem crescendo,mas está muito longe de ser ideal.
Bjss