[Resenha - Novo Conceito] Zac & Mia

Título: Zac & Mia

Autora: A. J. Betts

Tradução: Sylvio Monteiro Deutsch

Editora: Novo Conceito

Skoob

A última pessoa que Zac esperava encontrar no quarto de hospital ao lado do seu era uma garota como Mia - bonita, irritante, mal-humorada e com um gosto musical duvidoso. No mundo real, ele nunca poderia ser amigo de alguém como ela. Mas no hospital as regras são diferentes. Uma batida na parede do seu quarto se transforma em uma amizade surpreendente. Será que Mia precisa de Zac? Será que Zac precisa de Mia? Será que eles precisam tanto um do outro? Contada sob a perspectiva de ambos, Zac e Mia é a história tocante de dois adolescentes comuns que se encontram em circunstâncias inesperadas.

Zac tem leucemia. Apesar de ter só 17 anos, sua luta contra a doença já dura dez meses, e os médicos chegaram à conclusão de que ele precisaria de um transplante de medula. Para isso, vai ter que encarar 35 dias de isolamento em um quarto de hospital. Alguns dias após a realização do procedimento, chega um novo paciente para ocupar o quarto ao lado. Coloca uma música em um volume ensurdecedor, e ainda a repete mais de 20 vezes. Zac tenta ser compreensivo e relevar por ser o primeiro dia do novo "vizinho" no local, mas chega um momento em que não suporta mais aquilo e acaba batendo na parede até que a pessoa desligue a música - e assim surge uma forma inusitada de comunicação.

Essa pessoa é Mia, uma garota da mesma idade de Zac que descobriu ter câncer na perna e vai iniciar o tratamento de quimioterapia. Só que os dois encaram os fatos de forma completamente oposta: enquanto Zac parece otimista e trata funcionários do hospital e sua mãe normalmente de forma gentil e bem-humorada, mesmo que tenha seus segredos e seus medos, Mia é grossa com a mãe, com os médicos e enfermeiros, esconde sua doença de praticamente todos que conhece e não consegue aceitar que precisa passar por tudo aquilo.

Embora as coisas comecem dentro do hospital, ele não é o único cenário da história. Algum tempo se passa durante a narrativa, e acompanhamos Zac e Mia também em outros ambientes. A narração é alternada entre eles, mas de uma forma diferente. O livro é dividido em três partes. Todos os capítulos da primeira parte são narrados por Zac, os da segunda parte são realmente alternados entre os dois, e os da terceira parte são narrados pela Mia. Isso fez com que eu gostasse bem mais do Zac no início, mas é a Mia quem mais cresce no decorrer da história e, por isso, conseguiu se tornar minha personagem preferida.

Gosto quando ela é dura comigo, sabendo que posso aguentar. (...) Se ela sente alguma coisa, ela diz. Ela mostra. Ela diz e faz todas as coisas que os outros escondem. Ela não é previsível nem segura. (...) Ela está viva, apesar de tudo, chutando e gritando e praguejando. Lutando, apesar de tudo.

Achei a narrativa super envolvente. E não, não é um livro deprimente, podem ler sem medo. Tocante, sim, mas não chegou a me fazer derramar lágrimas. As folhas são amareladas, a fonte tem o tamanho ideal para a leitura. Gostei da capa, apesar de não ter entendido completamente a intenção dela. Dá para viajar um pouco e fazer uma ligação, mas prefiro nem dividir minhas viagens com vocês... rs...

O final do livro é como a vida, mostra que nunca há garantias, mas que precisamos ter fé e arrumar forças para seguir em frente, independente das circunstâncias que teremos que enfrentar. Confesso que tive medo das coisas terminarem de forma muito pior, então fiquei bem feliz quando acabei de ler. Foi linda a forma como a autora mostrou que os seres humanos têm necessidade uns dos outros e como aprender e ensinar deve ser sempre uma constante em nossas vidas.

Percebo agora o que é coragem. Coragem é ficar parada, apesar de querer correr. Coragem é se plantar no lugar e encarar coisas que assustam. (...) É abrir os olhos e encarar o medo até ele recuar.