[Resenha - Galera Record] À Procura de Audrey

Título: À Procura de Audrey

Autora: Sophie Kinsella

Tradução: Glenda D'Oliveira

Editora: Galera Record

Skoob | Leia um trecho

A autora de Becky Bloom em seu primeiro livro jovem adulto. Audrey é uma adolescente comum, igualzinha a tantas. Com 14 anos, estuda, se apaixona, entra em conflito com os pais, sonha, confia nas amigas. Até que começa a ser vítima de bullying. No início, parecia apenas uma pequena implicância, mas a provocação vai aumentando. Logo, a menina não consegue mais frequentar o colégio, nem ao menos sair de casa. O diagnóstico? Transtorno de ansiedade social, transtorno de ansiedade generalizada e episódios depressivos. Com a ajuda da Dra. Sarah, Audrey começa um lento, mas decisivo, caminho rumo à recuperação. E quando conhece Linus, parceiro de games do irmão, ela sente uma ligação. Seu sorriso de gominho de laranja é encorajador, e eles podem conversar sobre tudo: ansiedades, sonhos, medos. Ainda que de forma não muito convencional no início. Mesmo com as ressalvas da médica, a amizade se aprofunda — em meio a visitas ao Starbucks e pequenos desafios. Em pouco tempo, evolui para um romance que vai afetar toda a família. Por fim a normalidade parece apenas a um passo de distância. À procura de Audrey é um romance inspirador sobre família, primeiro amor e depressão.

Toda a primeira parte da sinopse não é algo que vemos retratado com detalhes no livro. Audrey é uma garota de 14 anos que sofreu bullying - o que acabou causando a expulsão das colegas que a perturbaram de várias formas, mas mesmo assim a garota deixou o colégio. Foi diagnosticada com transtorno de ansiedade social, transtorno de ansiedade generalizada e episódios depressivos. Conhecemos Audrey já alguns meses depois do acontecido, e podem desistir de saber o que ela passou exatamente porque a personagem não nos conta em nenhum momento. Exerce seu direito de não ter que dividir tudo com as pessoas. Aceitei que ela precisava agir assim e não me incomodou não saber os detalhes.

O que acompanhamos em À Procura de Audrey é a busca da protagonista por ela mesma, para que possa seguir em frente com sua vida. Não consegue nem sair de casa, e na verdade a única pessoa que tem a capacidade de encarar é seu irmãozinho de 4 anos. Os olhos dos outros lhe dizem muitas coisas, e ela não está pronta para isso. 

Usa óculos escuros durante todo o tempo, passa seus dias em uma salinha escura - mas na hora das refeições se senta com a família. Não consegue nem pensar em retomar o convívio social, até que um amigo de seu irmão - alguém que já havia chamado a atenção dela quando ainda tinha uma vida normal - passa a frequentar sua casa regularmente.

Este garoto, Linus, é o ser mais fofo do mundo! Adorei ver como ele se interessa realmente pelo problema da Audrey, e começa a fazer tudo o que pode para que ela melhore. Entende que não é algo que vai acontecer de uma hora para a outra, e respeita o fato dela ter que lidar com pequenos passos - se bem que depois de um certo tempo ela passa a progredir com bastante rapidez. Mas isso não quer dizer que a garota esteja recuperada - as doenças que ela tem são bem traiçoeiras, e pode ser que alguma recaída aconteça.

Não vai ser para sempre. Vai ficar no escuro pelo tempo que precisar, então vai sair.

Amei o trabalho de diagramação feito no livro. Há algumas trocas de bilhetes em que foi usada uma letra para cada uma das pessoas envolvidas. A Dra. Sarah, médica da Audrey, lhe propõe que faça um documentário sobre sua família, e as partes que o retratam também ganharam uma fonte especial, além de terem tornado a narrativa muito mais dinâmica, pois vemos transcrições do que foi filmado em formato de roteiro mesmo.

Mais uma vez, achei a escrita da Sophie leve e fluida. Li o livro bem rápido, e me peguei várias vezes sorrindo com algumas situações. Embora o assunto principal do enredo seja pesado, em nenhum momento isso se transfere para o modo que a história foi narrada. Amei muito toda a família da Audrey, são personagens peculiares e bem dedicados um ao outro, mesmo quando estão em pé de guerra a gente consegue sentir que se amam. Foi uma leitura de que gostei muito, e espero conseguir tempo para ler mais livros da autora.