[Resenha - Petit Editora] A luz que vem do coração

A luz que vem do coração

Cristina Censon | Espírito Daniel

Petit Editora

Skoob

Quando as pessoas são surpreendidas pelo desencarne de uma pessoa querida é comum que entrem em desespero. Não foi diferente com Raul, um dos personagens centrais desse romance, que conhece o fundo do poço quando sua jovem esposa parte dessa existência terrena vítima de uma doença fatal. Encontros, esperança, novas oportunidades... Todos nós temos uma luz interior capaz de nos reerguer. Você já descobriu a sua?

A sinopse já dá uma dica de que encontraremos algo diferente. Ela fala do Raul, mas já cita que ele é apenas um dos personagens centrais desse romance, e não o protagonista. E o motivo dele nos ser apresentado assim é que, a cada momento, um dos personagens se torna o protagonista deste livro. Portanto, sou incapaz de falar sobre a história para vocês, ela é muito extensa. Cada pessoa que conhecemos tem seus dramas particulares. Todos temos nossas imperfeições, e cada um dos personagens tem provas a enfrentar, erros a expiar.

Perder as esperanças é como sepultar nossos sonhos. 

O mais legal do livro é que a gente sente o amor fluindo através das páginas. Tanto o amor infinito de Deus por cada um de Seus filhos, como o amor de cada ser imperfeito por Ele e por seus companheiros de caminhada.

Um dos assuntos que tem mais destaque no enredo é a culpa, e o que ela causa a quem a carrega. Se alguém não consegue se livrar da culpa, não consegue seguir em frente. E o pior é que essa culpa normalmente atrapalha a caminhada de outras pessoas também, porque os que já desencarnaram não conseguem se desligar de um ser amado que lhes causa constante preocupação. É mostrada a importância de perdoar a nós mesmos e aos outros, para que também possamos ser perdoados. É frisado a todo momento que só Deus pode julgar. Que não conhecemos todos os fatos, já que não nos lembramos de todas as vidas que já vivemos; portanto, como podemos dizer que algum acontecimento é injusto?

Renovação íntima deve ser uma constante em nossas vidas. (...) Precisamos nos conhecer para respeitar nossos próprios limites. A evolução deve se processar sem sofrimentos desnecessários. (...) O sofrimento apenas ocorre quando não aceitamos as correções necessárias, frutos das nossas ações equivocadas.

As relações no livro são permeadas pela confiança e pelo respeito, e o livre arbítrio de cada um é completamente respeitado. As pessoas opinam, sim, sobre as atitudes umas das outras, em conversas em que abrem o coração, mas nunca forçam uma decisão. 

Apesar de ser uma história repleta de belos ensinamentos, a leitura não foi muito fácil para mim. É um livro denso, que trata de obsessão, de suicídio, de vingança... Ao mesmo tempo que acompanhamos o crescimento dos personagens, acompanhamos também uma investigação de algo que aconteceu durante a ditadura (o livro se passa na época atual). Novos personagens são apresentados no decorrer da narrativa.

É muita informação e, apesar de se tratar de um romance (estou falando do tipo de narrativa, e não do gênero do livro), em alguns momentos o narrador faz longas explanações sobre a doutrina espírita. Não tenho problemas com isso, mas acho muito mais proveitoso quando as explicações são colocadas em diálogos. O que até aconteceu, mas apenas em parte, quando as cenas se passavam em um centro espírita. Isso tornou o livro cansativo em alguns momentos, mas valeu a pena a leitura devido às lições transmitidas.

Como é triste observar alguém tão convicto em seus ideais de destruição, quando já tivemos provas mais que suficientes de que Deus é amor, é luz é crescimento! (...) Ter coragem de não revidar as ofensas e não se vingar são atitudes sábias e nobres, porém poucos assim decidem agir e adquirem mais dívidas e mais sofrimento.