[Resenha - Planeta] O novo mundo de Muriel + Maratona Literária Nacional de Páscoa

Oi gente!

Decidi participar da Maratona Literária Nacional de Páscoa (que vi no Livros y Viagens), e com uma meta nada modesta. Escolhi oito livros nacionais, e meu objetivo é ler no mínimo quatro deles até o dia 21. Claro que eu ficaria muito feliz se um milagre acontecesse e eu conseguisse ler todos! rs...

Comecei bem, hoje foi o primeiro dia e consegui ler a metade de Dias Perfeitos (o que faltava para terminá-lo) e também O novo mundo de Muriel. Vamos à resenha dele? =)

Título: O novo mundo de Muriel

Autora: Liliane Prata

Editora: Planeta

Skoob

Sinopse: Muriel é uma garota de 16 anos que, um dia, quando vai ao banheiro, acaba num outro mundo: as aldeias de Landim. Landim é um lugar bem diferente, regido por leis distintas e inexplicáveis. A reação de Muriel vai mudando ao longo dos anos, refletindo sobre a convivência com diferentes culturas e sobre a realidade. Paralelamente a isso, há a busca pelas respostas do porquê de ela estar lá e a tentativa de ela voltar para casa. Qual seria de fato o novo mundo de Muriel? E quais seriam os reais limites entre realidade e fantasia? 

Muriel mora com os pais e o irmão, e é considerada bem comunicativa pelas pessoas que convivem com ela. Optou por não ter uma vida social repleta de eventos, prefere gastar seu tempo em atividades como aprender línguas e praticar esportes. Nunca teve um namorado, e nem sabe se quer um. Sua meta mais recente é passar no vestibular das três melhores universidades do país. E não, não apenas quando terminar o ensino médio - ela quer fazer isso agora, com seus 16 anos recém-completados.

Apenas dois dias depois de sua festa de aniversário, que pela primeira vez foi uma festa grande, pois a garota sentiu que precisava ter todos os seus amigos por perto, acontece uma coisa inexplicável com Muriel: ela acorda no meio da noite para beber água e ir ao banheiro e, quando pensa que em segundos estará de volta ao seu quarto, se vê em um lugar completamente diferente. Tem árvores por todos os lados e, acima dela, apenas o céu. Exausta, tenta se convencer de que está apenas sonhando mas, depois de inclusive se beliscar e se estapear - e de sentir uma dor bem real -, precisa aceitar aquela nova realidade.

Acaba descobrindo que está em outro mundo, um lugar que parece ter voltado no tempo. Não existe dinheiro nem tecnologia, todos vivem em cabanas simples, dormem em cima de um monte de palha. Não existem profissões, cada um trabalha no que será mais útil para a comunidade. Ninguém se casa, as pessoas podem se envolver amorosamente com quantas pessoas quiserem. Claro que tudo isso causa um grande estranhamento em Muriel, principalmente porque a língua que ela fala é bem diferente da que passou a escutar assim que chegou lá. 

Achava que, se tivesse nascido ali na aldeia, (...) eu seria uma pessoa completamente diferente do que eu era. Mas lá eu percebi que mesmo se eu fosse uma pessoa muito diferente da que eu era, algumas características minhas continuariam iguais por serem muito fortes.

Esse último fato (a língua diferente) foi o que gerou o que considero o único problema de livro: a falta de diálogos. Acredito que isso me causou ainda mais estranheza por ser um livro juvenil. A narrativa é feita pela protagonista, e acompanhamos todas as impressões que ela tem. Só que isso acontece por muito mais tempo que o normal, seus pensamentos não são interrompidos por conversas, como usualmente acontece. Então demorei um pouco a me envolver com a leitura. 

Passado esse problema inicial, gostei bastante do livro. A escrita da Liliane é fluida e a história se desenvolve bem. Começamos a refletir junto com Muriel sobre se, na verdade, o jeito de viver das pessoas desse outro mundo não seria mais benéfico para a sociedade. Ela observa que todos são mais tranquilos, não existem sentimentos como a ciúme e a inveja. Mas será que isso é real, ou é uma imagem que passam às pessoas de fora daquele lugar? Estariam escondendo algo dela? Suas crenças são colocadas à prova no decorrer da narrativa. 

Que vida era melhor? A do meu mundo ou a do deles? No início da minha estada lá, eu certamente riria dessa pergunta, mas, naquele momento eu estava seriamente tentada a dizer: eles sabiam viver, enquanto a gente só achava que sabia.

As personagens são bem construídas, quando acontece a maior reviravolta da história dá para sentir o quanto isso afeta a todos. Mas eles aceitam seu destino com uma tranquilidade impressionante, fazem o que têm que fazer. O bem e o mal também são discutidos. Afinal, devem haver regras universais, ou o certo e o errado dependem da cultura em que estão inseridos?

Amei a capa, principalmente por ter várias cores, como o mundo em que Muriel vai parar. A única coisa que fez com que ela não ficasse completamente perfeita foi a maquiagem pesada da garota, algo que não tem nada a ver com a protagonista. A diagramação está ótima e o tamanho da letra permite uma leitura super confortável.

A história tem um final, mas deixa gancho para uma continuação, que eu gostaria que fosse lançada. A Muriel cresce de forma impressionante durante a história, faz amizades, conhece o amor... Também aprende a se colocar no lugar do outro, levando em conta um contexto diferente. Ela merece viver tudo até o fim.