[Resenha - Geração Editorial] O Avião de Noé

Título: O avião de Noé

Autor: Fernando Vita

Geração Editorial

Skoob

Em “Todavia”, cidade do interior baiano, tudo pode acontecer… e acontece. Nos anos 1950, começando com uma explosão durante uma missa em louvor à Santa Rita dos Impossíveis. Uma fábrica de fogos pega fogo, mas todos acham que o barulho é devido às comemorações pela vitória do Brasil contra a seleção sueca. O responsável: o porco de um enfermeiro. Um inventor improvisado acredita que, com os restos de sucatas que vai encontrando, poderá construir um helicóptero, o “Águia de Todavia”, e até marca o dia para seu lançamento. A geringonça voará? Este e muitos outros relatos desfilam numa sucessão de acontecimentos vertiginosos na cidadezinha imaginária baiana criada pelo jornalista e romancista Fernando Vita, que compõe um mosaico debochado, escatológico e cheio de aventuras populares com tipos folclóricos neste seu segundo livro, depois de “Cartas anônimas”.

O avião de Noé fala sobre a vida em uma cidade imaginária no interior da Bahia - uma cidade em que a luz elétrica é de baixíssima qualidade, em que as pessoas vivem com fossas (o escatológico na sinopse não é brincadeira... tem várias cenas que me deram enjoo), e em que a clandestinidade das indústrias é a regra. Isso causa inclusive uma tragédia no início da narrativa - uma explosão em uma fábrica de fogos.

Não foi uma leitura que gostei de fazer. Meu maior problema com o livro foi o estilo de escrita. A história se passa a partir do final da década de 1950, e o vocabulário na época era um pouco diferente. Levei bastante tempo para me acostumar. A linguagem também é bem crua, no sentido de que o autor não mede palavras em nenhum momento.

Minha maior dificuldade foi na hora de ler páginas inteiras sem nenhum ponto final. Que fique claro, o autor usa pontos finais, mas algumas vezes nos deparamos com um texto enorme antes de encontrar um deles. Também não consegui realmente sentir simpatia por nenhuma personagem, e isso sempre prejudica minha opinião sobre um livro.

O que achei legal: as referências que o autor utiliza no texto e a crítica presente na obra. Tem muito disso, e coisas assim sempre enriquecem a narrativa. O enredo ficou bem crível também; por mais que à primeira vista algumas situações possam parecer absurdas, todas são possíveis.

Pensei em abandonar o livro várias vezes, mas acabei conseguindo terminar, mesmo que tenha precisado me obrigar a fazer isso. Eu já disse a vocês e repito: a leitura é uma experiência muito pessoal, e não é porque eu não gostei que vocês também não vão gostar.