[Resenha - Geração Editorial] A Cilada

Esta resenha não possui spoilers deste livro ou do primeiro livro da trilogia.

Resenha de O Guardião.

Título: A Cilada

Livro #2 da trilogia Cidade das Sombras

Autor: Daniel Polansky

Tradução: Mariana Mesquita

Geração Editorial

Skoob

A Cilada, segundo livro da série, é um livro ágil, absorvente, narrado na primeira pessoa, na tradição dos detetives clássicos como Sam Spade, de Dashiel Hammett, ou Philip Marlowe, de Raymond Chandler, com pitadas do policial do futuro, Dick Deckard, de “Blade Runner — Caçador de Androides”. O Guardião terá que resolver o mistério de uma garota desaparecida na Cidade Baixa, a pedido de seu pai, o general de uma guerra em que ele também esteve como soldado. Um romance que você não conseguirá largar, disposto a solucionar um mistério que vai ficando mais denso a cada nova página.

A Cilada conta uma história completamente diferente da do primeiro livro. Pode ser lido isoladamente sem problemas, mas quem fizer essa opção vai perder bastante sobre a história das personagens. E o final do primeiro livro é mencionado nesse, mas de um jeito que só quem leu percebe.

O Guardião (um traficante que é bastante temido e respeitado na Cidade Baixa, uma região bem pobre e perigosa da cidade) é chamado à casa de um general que foi seu superior durante a Guerra. Acaba concordando em procurar pela filha dele, que fugiu de casa para descobrir os culpados pela morte do irmão, que aconteceu há mais de dez anos e nunca foi investigada decentemente. Isso causa uma grande bagunça na, digamos, "estrutura política" do lugar.

Gostei mais desse livro que do primeiro. A história me convenceu mais, foi tudo melhor explicado. A Cilada é um ótimo título, na verdade tanta coisa acontece que fica difícil entender quem está armando uma cilada para quem, e o autor conseguiu me enganar durante quase todo o livro. Só quando tudo ficou esclarecido para o protagonista eu também consegui entender a história completa.

A verdade é a que o homem que segura o chicote diz que é, e justiça é o que o forte faz com o fraco.

A narrativa é mais ágil, mas densa, não é um livro para ser lido muito rapidamente. Fatos do passado são intercalados com fatos do presente, para que possamos entender melhor os acontecimentos. Mas confesso que os fatos narrados sobre o melhor amigo do Guardião me deixaram bem confusa, não entendi as atitudes dele nesse volume, principalmente depois de saber o que realmente aconteceu com ele há muito tempo atrás.

A magia está mais ausente nesse livro que no anterior, mas acho que ela ganhará destaque no último livro da trilogia, ou algumas coisas que foram ditas e que começaram a ser mostradas não fariam o menor sentido.

Confesso que esse realmente não é meu tipo preferido de livro, é completamente pessimista. Fica cada vez mais difícil ter fé no mundo e nas pessoas ao fazer essa leitura, porque todo mundo engana todo mundo. Só tem uma personagem de quem realmente sou fã, uma personagem secundária que sempre é importante para fazer o Guardião repensar suas atitudes e não se esquecer de suas responsabilidades, pelo menos das que não estão ligadas ao crime.

Um homem deve saber quem é, mesmo que não sinta orgulho disso.

Apesar dos dois primeiros volumes não terem realmente me conquistado, vou ler o terceiro e último quando for lançado. Agora que já cheguei até aqui, quero conferir o desfecho que o autor preparou para as personagens.