[Resenha - Darkside] O último adeus

Título: O último adeus
Autora: Cynthia Hand
Tradução: Carolina Coelho
Editora: Darkside
Número de páginas: 354
Skoob

A autora de fantasia que está encantando leitores com a força de sua escrita lança seu primeiro romance contemporâneo – uma trama comovente e impactante situada nos dias de hoje. Depois de sucessos internacionais como a saga 'Sobrenatural', Cynthia Hand demonstra todo o seu talento numa história sobre perda, culpa e superação. "O Último Adeus" é narrado em primeira pessoa por Lex, uma garota de 18 anos que começa a escrever um diário a pedido do seu terapeuta, como forma de conseguir expressar seus sentimentos retraídos. Há apenas sete semanas, Tyler, seu irmão mais novo, cometeu suicídio, e ela não consegue mais se lembrar de como é se sentir feliz. O divórcio dos seus pais, as provas para entrar na universidade, os gastos com seu carro velho. Ter que lidar com a rotina mergulhada numa apatia profunda é um desafio diário que ela não tem como evitar. E no meio desse vazio, Lex e sua mãe começam a sentir a presença do irmão. Fantasma, loucura ou apenas a saudade falando alto? Eis uma das grandes questões desse livro apaixonante. "O Último Adeus" é sobre o que vem depois da morte, quando todo mundo parece estar seguindo adiante com sua própria vida, menos você. Lex busca uma forma de lidar com seus sentimentos e tem apenas nós, leitores, como amigos e confidentes.

Lex perdeu o irmão há um mês e meio. No dia 20 de dezembro, ele se matou. Já havia tentado antes, sem sucesso, mas ela acreditava que ele estava melhor, todos acreditavam. Só que pelo jeito estavam errados. Ty deixou apenas um post-it com os dizeres: “Desculpa, mãe, mas eu estava muito vazio”.

Existe morte ao nosso redor. Em todos os lugares para onde olhamos. 1,8 pessoa se mata a cada segundo. Só não prestamos atenção. Até começarmos a notar.

Agora a garota tenta seguir com sua vida. Está no último ano do Ensino Médio, mas não consegue se empolgar com a ida à faculdade. Sua mãe está numa situação quase tão crítica quanto a do irmão, bebendo e dizendo que sua vida acabou. Não considera que pode contar com o pai que saiu de casa e agora mora com sua madrasta. Não consegue suportar que as pessoas ajam de forma diferente com ela por pena, e acaba se afastando dos amigos.

Eles ainda não entendem. Que estão esperando por aquele telefonema que mudará tudo. Que cada um vai acabar se sentindo como eu. Porque alguém que eles amam vai morrer. É uma das certezas mais cruéis da vida.

O terapeuta de Lex sugere que escreva, como uma válvula de escape. Dá a ela um Moleskine para que inicie a tarefa. E é assim que a garota dá início a um processo de aceitação e perdão.

Comecei a ler esse livro com enormes expectativas, e confesso que no início achei que ele não as atingiria. Mas com o tempo fui me sentindo cada vez mais envolvida com o enredo e quando terminei a leitura não parava de chorar.

Acho que a demora do meu envolvimento aconteceu porque tenho uma enorme resistência a obras com o tema do suicídio, mas vi tantos elogios a essa que acabei comprando. O fato é que não entra na minha cabeça que uma pessoa possa fazer essa escolha. Em parte por acreditar que isso não resolve nada, que a morte traz apenas uma mudança de local para onde a vida real acontece. Ou seja, nenhum problema vai desaparecer. Pelo contrário, as coisas tendem a piorar.

Mas não é um livro sobre a morte. Não esperem justificativas para a atitude de Tyler. É um livro sobre a vida, sobre quem fica e como seguir em frente. Sobre superação e sobre perdoar a nós mesmos e aos outros. Sobre como lidar com o impensável, como manter a estrutura de uma família quando os membros dela estão caindo aos pedaços. E também é uma obra que também fala bastante da amizade e do amor.

Foi muito comovente chegar ao final e descobrir que o irmão da autora também se matou. Mas ela deixa claro que é uma história de ficção, que Lex não é inspirada nela nem Tyler no irmão que perdeu. A edição está maravilhosa, as páginas são amareladas e as letras azuis escuras e de um tamanho que deixou a leitura bem confortável. O livro tem capa dura e uma fitinha fixa nele que serve como marcador. É um toque muito delicado que eu, particularmente, amei. Acabei me encantando com o que encontrei nessas páginas e espero que vocês também decidam ler.

Tudo muda, penso. Esta é a única constante.