[Resenha - Arqueiro] Ninfeias negras

Título: Ninfeias negras
Autor: Michel Bussi
Tradução: Fernanda Abreu
Editora: Arqueiro
Número de páginas: 352
Skoob

Giverny é uma cidadezinha mundialmente conhecida, que atrai multidões de turistas todos os anos. Afinal, Claude Monet, um dos maiores nomes do Impressionismo, a imortalizou em seus quadros, com seus jardins, a ponte japonesa e as ninfeias no laguinho. É nesse cenário que um respeitado médico é encontrado morto, e os investigadores encarregados do crime se veem enredados numa trama em que nada é o que parece à primeira vista. Como numa tela impressionista, as pinceladas da narrativa se confundem para, enfim, darem forma a uma história envolvente de morte e mistério em que cada personagem é um enigma à parte – principalmente as protagonistas. Três mulheres intensas, ligadas pelo mistério. Uma menina prodígio de 11 anos que sonha ser uma grande pintora. A professora da única escola local, que deseja uma paixão verdadeira e vida nova, mas está presa num casamento sem amor. E, no centro de tudo, uma senhora idosa que observa o mundo do alto de sua janela.

Giverny. Um vilarejo eternizado por Monet em suas pinturas. O lar de três mulheres diferentes, mas com algo em comum: a vontade de deixar aquele lugar para sempre.

Giverny é uma armadilha! Um cenário maravilhoso, sem dúvida alguma. (...) Mas vou lhe confessar: o cenário está paralisado. Petrificado. É proibido mudar a decoração de qualquer casa, pintar uma parede, colher uma mísera flor. Dez leis proíbem tudo isso. Nós aqui vivemos dentro de um quadro. Estamos emparedados!

Por esse trechinho dá para ter uma ideia do que passa na cabeça de cada uma delas. Fanette, de 11 anos, é uma garota talentosa que pretende ser uma pintora famosa e quer muito descobrir quem é seu pai. Stéphanie, de 36, é a professora da única turma da única escola do lugar e vive com o marido por costume, mas sem saber se o ama. A terceira, de 84 anos, não nos diz seu nome. Só nos diz que é má, uma quase viúva que vive espionando todos ao seu redor. Quando um médico é assassinado no vilarejo, as três de alguma maneira se envolvem com os acontecimentos.

Apesar de nunca ter lido O voo da libélula, outro livro do autor publicado pela editora, sempre ouvi infinitos elogios a ele. Então comecei a ler esta obra com as expectativas nas alturas e, infelizmente, elas não foram alcançadas.

Fiz várias tentativas de leitura, sempre recomeçando do início. As duas primeiras páginas me fascinaram todas as vezes, só que não conseguia chegar na página 30 de jeito nenhum. Mas com o prazo para dividir minha opinião com vocês chegando ao fim, acabei me forçando a terminar. E todo mundo sabe que isso nunca traz um resultado bom.

Talvez, em outro momento, eu pudesse ter considerado o livro genial. Nunca vi algo como a estrutura que o autor construiu. Mas acontece que, como isso só é esclarecido no final, obviamente não posso contar o que ele fez. Apenas posso dizer que foi uma construção do enredo inovadora e ousada.

Tive sérios problemas para me conectar com as personagens. Apenas uma delas conseguiu minha simpatia, um dos policiais, o assistente do delegado. Tudo bem que é legal encontrar nas histórias personagens que realmente parecem humanas, com defeitos e qualidades. Mas quando os defeitos de quase todas se sobressaem fica difícil para mim nutrir simpatia por elas e a leitura se torna extremamente arrastada. Mas esse é um problema particular meu com os livros.

Mesmo assim, chegou um ponto em que a história conseguiu me envolver, quando comecei a entender o que havia acontecido. Ou quase. Michel nos dá muitas pistas falsas, o texto dá a aparência de estar acontecendo uma coisa, mas o que realmente acontece é algo bem diferente. E é tudo o que posso dizer.

Claro que houve pontos positivos. As descrições foram muito bem feitas, e quem não gostaria de conseguir se imaginar no cenário retratado tantas vezes por um de seus pintores preferidos? Além disso, sou fascinada por arte e por sua história, e pude aprender algumas coisas a esse respeito. 

Embora o livro não tenha conseguido me conquistar totalmente, a leitura valeu a pena por ter me oferecido algo novo, pelo menos levando em conta tudo o que já li. Além disso, todas as opiniões que vi até agora foram positivas, então acredito que a experiência de quem decidir ler tem grandes chances de ser positiva também.