[Resenha - Novo Conceito] Três vezes nós

Título: Três vezes nós

Autora: Laura Barnett

Tradução: Ivar Panazzolo Junior

Editora: Novo Conceito

(Grupo Editorial Novo Conceito)

Número de páginas: 384

Skoob

Uma jovem mulher com uma bicicleta quebrada após desviar de um cão. Um homem que ela poderia facilmente ter deixado passar, sem parar, levando consigo uma vida inteira, uma vida que poderia nunca ter sido dela. Eva Edelstein está no segundo ano do curso de Inglês na Universidade de Cambridge. Ela namora David Katz, estudante e aspirante a ator. A vida de Eva parece bem encaminhada, quando, no campus da universidade, ela conhece acidentalmente Jim Taylor, estudante frustrado de direito. Há três versões, três realidades diferentes para o futuro de Eva e Jim, dos anos 1950 até os dias atuais. Se o nosso futuro é uma encruzilhada, gostaríamos de saber qual caminho seguir? E depois, ficaríamos felizes com a nossa escolha? Três vidas. Três histórias. Três destinos... permeados com traições e ambições, mas também com amor e arte. Três vezes nós explora a ideia de que há momentos em nossas vidas que poderiam ter sido diferentes e como pequenos fatos ou decisões que tomamos podem determinar o rumo da nossa vida para sempre.

Uma garota e sua bicicleta. Três versões dos acontecimentos. Na primeira, um cachorro surge em seu caminho e, ao desviar dele, ela fura o pneu em um prego. Um garoto desconhecido, mas que parece familiar, se oferece para consertá-lo. Na segunda, o cachorro desvia no último momento e ela segue normalmente com sua rotina. Na terceira, ela também precisa desviar do cachorro, mas leva um tombo e acaba se machucando. É convidada para ir a um bar onde com certeza teriam gelo e gim, já que mencionou que uma bolsa de gelo e uma taça de gim curariam facilmente seu tornozelo. Esses são os três possíveis começos da história de Eva e Jim.

Em todas as resenhas desse livro que li, as pessoas aconselharam os leitores a ler a obra fora de ordem, uma versão por vez. Não fiz isso, li na ordem em que foi escrita, e não achei tão difícil assim separar os acontecimentos. Existem diferenças fundamentais já no início do enredo, e eu só precisava me lembrar delas para me situar. Além disso, no início de cada capítulo sempre é indicado a que versão - 1, 2 ou 3 - eles se referem. 

Achei que as versões fossem acontecendo só pela questão das escolhas, mas não foi bem isso que vi. Logo no começo, é acrescentado um fato na terceira versão que não acontece nas outras, e é isso que inicialmente a distancia muito da primeira.

No decorrer do enredo, nos deparamos com acontecimentos iguais que se desenrolam de maneira diferente dependendo de como os personagens se relacionam em cada versão, e por isso mesmo achei legal ler na ordem, para comparar as pequenas ou grandes diferenças. Nas últimas páginas do livro, foi deixado um espaço para que o leitor anote os acontecimentos essenciais das versões para identificá-las com mais facilidade, mas não utilizei esse recurso.

Infelizmente, preciso dizer que achei a leitura bem cansativa. São três versões, certo? Seria pedir muito que em uma delas as pessoas pudessem ser felizes? Fiéis a elas mesmas e às pessoas ao seu redor? É querer demais pensar que em ao menos uma das histórias as coisas pudessem se desenrolar sem traições? Não acho que seja, mas a autora estragou tudo para mim. Passei tanta raiva que não conseguia ler por muito tempo, levei duas semanas para terminar um livro de menos de 400 páginas - normalmente eu teria levado no máximo quatro dias, se tivesse lido só durante a semana.

Achei difícil acreditar no amor dos protagonistas e isso dificultou mais ainda meu envolvimento. O livro tem uma espécie de prólogo que se passa em 1938 e depois narra os acontecimentos de 1958 a 2014. Claro que existem acontecimentos diferentes de acordo com as escolhas anteriores dos personagens, mas coisas fundamentais foram mantidas na maior parte das vezes (por exemplo, se uma pessoa morre, morre em todas as versões). O enredo não se torna repetitivo, sempre há diferenças importantes.

Nada é permanente, exceto a mudança.

As folhas são amarelas, a fonte tem um tamanho bom e não me lembro de ter encontrado erros. A leitura não funcionou bem para mim, mas lembrem-se, todos temos trajetórias de vida diferentes que fazem com que nos identifiquemos ou não com um enredo, com que gostemos ou não de uma história. Se curtiram a premissa, não deixem de ler para tirar suas próprias conclusões.