[Resenha - Editora Record] Quando eu parti

Título: Quando eu parti

Autora: Gayle Forman

Tradução: Ryta Vinagre

Editora: Record

Número de páginas: 308

Skoob

Quando um coração falha, não é apenas o corpo que trai. Mas sonhos desfeitos, amores não vividos, destinos cruzados. Maribeth Klein tem a própria cota de problemas: do marido omisso até a chefe e ”ex-amiga” Elizabeth, passando pelos gêmeos superativos. Ela está sempre tão ocupada que mal percebe um ataque cardíaco. Depois de uma complicação inesperada no procedimento cirúrgico, Maribeth começa a questionar os rumos que sua vida tomou e faz o impensável: vai embora de casa. Longe das exigências do marido, filhos e carreira, e com a ajuda de novos amigos, ela finalmente é capaz de enfrentar o passado e os segredos que guarda até de si mesma.

Maribeth Klein tem 44 anos, trabalha loucamente em uma revista, é casada e mãe de gêmeos de 4 anos. Sua rotina é extremamente movimentada, tanto que ela nem percebe que está tendo um ataque cardíaco - eu, particularmente, também não perceberia, nem sabia que às vezes infartos se prolongavam por tanto tempo, no caso da protagonista basicamente por mais de um dia, com sintomas que eu nunca imaginaria estarem ligados a isso, como enjôo, maxilar dolorido e cansaço devido ao sangue cada vez menos oxigenado. Ela também sentiu coisas mais ligadas ao coração, como pontadas no peito e, muito tempo depois, a sensação de que o coração estivesse esticado. Mas enfim, o infarto é apenas o primeiro acontecimento narrado no livro, então vamos em frente.

Maribeth acaba tendo que ser submetida a uma cirurgia de emergência, e sai do hospital com duas pontes de safena. A recuperação de uma cirurgia cardíaca costuma ser lenta, e envolve restrições. Mas Maribeth tem a impressão de que ninguém consegue entender a dimensão de seu problema, ninguém está disposto a se sacrificar um pouco para que ela tenha um recuperação mais tranquila, e acaba tomando uma decisão extrema: deixa sua casa, abandonando os filhos e o marido. Muda-se para outra cidade, adota outro nome, e torce para que um dia possa se perdoar e conseguir o perdão dos outros por sua atitude.

Já li vários livros da Gayle, e os livros únicos e os primeiros de duologias todas as vezes destroçaram meu coração. Até agora. Infelizmente, a história de Quando eu parti não mexeu comigo como as outras. E o motivo basicamente foi um só: não consegui me apegar aos personagens, pelo menos não aos principais, e isso é sempre um problema enorme para mim.

O livro já começa mesmo com o anúncio do infarto da Maribeth e não houve tempo para que eu me afeiçoasse a ela. Aí depois que ela saiu do hospital veio o marido louco para voltar ao trabalho e a mãe dela indo até lá para ajudar, mas estressando a protagonista mais do que tudo. Sinceramente, a parte dela fugir daquele lugar foi a única que consegui compreender, já que não consegui ver amor entre aquelas pessoas. Claro que abandonar os filhos não foi nada bonito, mas naquele momento ela não tinha condições de se dedicar a eles, muito menos de levá-los com ela.

Na nova vida de Maribeth, finalmente consegui me ligar a alguns personagens. Os vizinhos do apartamento de cima são muito legais e responsáveis por trechos divertidos da obra. Também adorei uma amiga que ela fez, que se torna a responsável por ajudá-la a desvendar um grande mistério de sua vida. Mas eles não compensaram completamente as coisas que me incomodaram, como uma espécie de triângulo amoroso que obviamente envolve traição.

A leitura fluiu bem, a narrativa da autora sempre faz com que eu devore os livros dela rapidamente. Os capítulos são curtos, o que facilitou ainda mais as coisas. Mas, fora um pequeno engasgo quase no final, não consegui me emocionar com os acontecimentos.

Sendo um livro de uma autora de quem sou fã desde a primeira obra que li, foi uma leitura meio frustrante. Mas não quer dizer que vocês não possam gostar, para quem não curte obras com personagens adolescentes e nunca leu nenhuma obra da Gayle, é uma forma de entrar em contato com a escrita dela, já que é o primeiro livro adulto em que ela se aventura. Se decidirem ler, espero que tenham uma experiência mais positiva que a minha.