[Resenha - Galera Record] O Bosque Selvagem

Título: O Bosque Selvagem

Autor: Colin Meloy

Tradução: Rodrigo Abreu

Ilustrações: Carson Ellis

Livro #1 da trilogia As crônicas do Bosque Selvagem

Editora: Galera Record

Número de páginas: 488

Skoob

A vida de Prue McKeel é bem normal. Quer dizer, era até seu irmãozinho ser sequestrado por um bando de corvos. E foi então que as coisas ficaram realmente estranhas. Nos mapas de Portland, no Oregon, existe uma imensa área verde às margens da cidade conhecida como “F.I.”, ou “Floresta Impassável”. Ninguém nunca cruzou seus limites ou pelo menos nunca voltou de lá para contar. É exatamente a esse lugar que os corvos levam o irmão de Prue. E é onde começa a aventura que levará a menina e seu amigo, Curtis, até o coração da Floresta Impassável, com seus perigos e maravilhas. Sim, um mundo secreto se esconde em meio à agitação da natureza. Um mundo de criaturas valentes, místicos serenos e alguns poderosos com as piores e mais sombrias intenções. E o que começa como uma missão de resgate se transforma em algo muito maior à medida que os amigos se veem envolvidos em uma luta pela libertação daquela imensidão verde. Uma imensidão que seus habitantes chamam de Bosque Selvagem.

Prue é uma menina de 12 anos que vive em Portland. Até onde ela sabe, a cidade tem um limite: uma ribanceira, penhascos que se estendem por uns cinco quilômetros e são ocupados pela Zona de Resíduos Industriais. Além dela, há apenas uma extensão de montanhas muito arborizadas, região sinalizada nos mapas como apenas F.I. - que Prue sabia ser a Floresta Impassável, já que o pai havia lhe dado uma longa explicação a respeito do local quando questionado.

Há lugares no mundo em que as pessoas simplesmente não vão morar. Talvez seja muito frio, ou haja árvores demais, ou as montanhas sejam íngremes demais para escalar. Mas qualquer que seja a razão, ninguém pensou em construir uma estrada lá e, sem estradas, não há casas e, sem casas, não há cidades. (...) O lugar, com o tempo, apenas ficou mais coberto de vegetação e mais inóspito. (...) Não quero nunca, nunca mesmo, que você entre lá.

Prue não planejava desobedecer, até que algo beirando o inacreditável aconteceu. Enquanto ela cuidava do irmãozinho de um ano, Mac, no parque, ele foi simplesmente levado por cinco corvos, que se dirigiram à floresta. A garota se vê sem saída, simplesmente precisa ir atrás dele. Um colega da escola acaba seguindo a menina, e os dois passam por muitas aventuras em sua jornada.

O que Prue realmente não esperava era descobrir que naquela floresta viviam sim muitas pessoas, além de animais falantes, organizados em sociedade. A verdade é que existiam diversas regiões naquele bosque, cada uma com seu governo e seu modo de vida. A garota conhece várias pessoas em seu caminho, ouve várias versões dos fatos. Mas em quem ela poderia confiar? Quem poderia ajudá-la a encontrar Mac? 

Sou louca por fantasia, então claro que um mundo escondido por uma floresta aparentemente impenetrável me encantou. E o mais legal é que conhecemos personagens que se relacionam de formas bem diferentes com a floresta, vemos desde os que transformaram a região em que vivem em populosas cidades, até os que interagem da forma mais harmônica possível com a natureza, inclusive se comunicando com ela de certa maneira.

Dessa posição, pensou Prue, era Portland que parecia o país mágico e estranho - não o mundo em que ela estava naquele momento, com seus bosques imponentes de árvores altas e habitantes ocupados, cuidando das próprias vidas.

A leitura fluiu muito bem para mim, o livro tem quase 500 páginas mas me prendeu durante todo o decorrer da narrativa. A obra possui um número bem grande de ilustrações em preto e branco de diversos tamanhos, o que permitiu que eu me sentisse ainda mais dentro da história. E, no final do livro, o leitor ainda é presenteado com ilustrações coloridas que retratam momentos importantes da trama.

Temos algumas batalhas que deram muito mais agilidade ao enredo. Fiquei tensa demais em alguns momentos, temi pelo destino de personagens que se tornaram queridos para mim. Os personagens, aliás, são muitos, mas foram todos bem trabalhados e em nenhum momento me perdi. 

Quando descobri o que havia realmente acontecido com o irmão de Prue, fiquei horrorizada, indignada e de coração partido. Não dá para acreditar a que ponto as pessoas chegam simplesmente pela possibilidade de ter mais poder, ou simplesmente para sentir o gosto da vingança. Felizmente, o livro não mostra só maldades, pelo contrário, os protagonistas acabam encontrando várias pessoas dispostas a ajudá-los em seu caminho.

Este é o primeiro livro de uma série, mas tem um desfecho bem trabalhado e, caso alguém decidisse não fazer a leitura dos outros volumes, ainda assim se sentiria satisfeito com o final. Não é o meu caso, já estou com o segundo volume em mãos e logo trarei para vocês minha opinião sobre ele.

Há tantos benefícios em querer parar o mundo quanto há em exigir que um botão floresça. (...) É melhor viver no presente. Assim, talvez possamos aprender a compreender a natureza dessa frágil coexistência que compartilhamos com o mundo à nossa volta.