[Resenha - Arqueiro] Meio Rei

Título: Meio Rei

Autor: Joe Abercrombie

Tradução: Alves Calado

Livro #1 da trilogia Mar Despedaçado

Editora: Arqueiro

Número de páginas: 288

Skoob

Ganhador do prêmio Locus, Meio rei foi considerado, em 2014, uma das 5 melhores obras de fantasia pelo The Washington Post e um dos 10 melhores livros para jovens pela Time. "Jurei vingar a morte do meu pai. Posso até ser meio homem, mas sou capaz de fazer um juramento por inteiro". Filho caçula do rei Uthrik, Yarvi nasceu com a mão deformada e sempre foi considerado fraco pela família. Num mundo em que as leis são ditadas por pessoas de braço forte e coração frio, ser incapaz de brandir uma espada ou portar um escudo é o pior defeito de um homem. Mas o que falta a Yarvi em força física lhe sobra em inteligência. Por isso ele estuda para ser ministro e, pelo resto da vida, curar e aconselhar. Ou pelo menos era o que ele pensava. Certa noite, o jovem recebe a notícia de que o pai e o irmão mais velho foram assassinados e não lhe resta escolha a não ser assumir o trono. De uma hora para outra, ele precisa endurecer para vingar as duas mortes. E logo sua jornada o lança numa saga de crueldade e amargura, traição e cinismo, em que as decisões de Yarvi determinarão o destino do reino e de todo o povo. Joe Abercrombie nos apresenta um protagonista surpreendente, numa história de percalços e amadurecimento que abre a trilogia Mar Despedaçado.

Yarvi sempre se considerou inferior. É um príncipe, o filho mais novo de um rei, mas nasceu com um defeito: faltam dedos em sua mão esquerda, que é uma espécie de cotoco. Cresceu sabendo que seu irmão herdaria o trono e realmente nunca se chateou com isso. Muito pelo contrário. 

O garoto se dedicou a um outro caminho, tornou-se aprendiz da Ministra do reino e estudou por anos para prestar uma prova que o faria "trocar de família": deixaria de pertencer à Família Real e se tornaria parte da "família" do Ministério, em que o título que os aprendizes aprovados na prova passam a usar é o de irmão ou irmã, e o que os Ministros que estão exercendo seu cargo oficialmente em um reino ostentam é o de Pai ou Mãe. 

Entrando para o Ministério, abre-se mão de qualquer herança ou direito de nascença. A vida passa a ser dedicada a aconselhar reis e a curar. É um longo processo de formação, em que os aprendizes aprendem várias línguas, passam a conhecer as propriedades de todas as plantas a seu alcance, são treinados em diplomacia... Yarvi nunca imaginou que precisaria exercitar essas habilidades tão cedo.

Quando seu pai e seu irmão são assassinados pelo governante de um reino vizinho, o garoto se vê em uma situação completamente inesperada: se torna rei instantaneamente e precisa partir o mais rápido possível para vingar a morte de seus familiares. Precisa aceitar que não terá a vida que planejou e se adequar ao novo papel que deve desempenhar. Só que logo descobre que sua jornada será muito mais complicada do que poderia prever.

Isso é só o comecinho do livro, e não quero contar mais para não estragar nenhuma surpresa. Me apaixonei pelo Yarvi desde a primeira página, ele é apenas um garoto que teve que encarar uma enorme responsabilidade mesmo que não a desejasse. As pessoas que estão a seu redor começam a traçar uma vida de que ele não tem a menor ideia de como escapar. 

Um garoto completamente averso à violência, com habilidades quase nulas no campo de batalha, precisa enfrentar uma vida repleta dela, com muito sangue em seu caminho - felizmente meu estômago não tem nenhum problema com sangue quando ele vem de lutas. O Mar Despedaçado é circundado por vários reinos e por regiões praticamente desabitadas, e Yarvi acaba passando por praticamente todos esses lugares.

A narrativa do Joe Abercrombie é simplesmente extraordinária, o enredo se passa na época medieval e fui transportada imediatamente para ela. Os personagens são todos bem marcantes e humanos, além de muito complexos. A primeira reviravolta que aconteceu achei bem previsível, mas as demais me deixaram literalmente de boca aberta. Estou super curiosa para ler o próximo volume da trilogia, e apesar do primeiro capítulo ter sido disponibilizado no final do livro ele não me ajudou nem um pouquinho com a ansiedade.