[Resenha - Galera Record] A Profecia do Paladino

Título: A Profecia do Paladino

Autor: Mark Frost

Livro #1 da série A Profecia do Paladino

Tradução: Glenda d'Oliveira

Editora: Galera Record

Número de páginas: 420

Skoob | Leia um trecho

Uma nova série de aventura do autor de Quarteto Fantástico e co-criador da série Twin Peaks. Will West faz de tudo para não chamar a atenção. A pedido dos pais, ele se esforça para tirar notas medíocres e não se destacar. Mas quando sua escola o obriga a fazer uma prova de desempenho geral, ele acaba se esquecendo de errar algumas respostas. Seu resultado espetacular atrai o interesse de uma das escolas particulares mais exclusivas do país, que o procura para oferecer uma bolsa de estudos. No entanto, assim que recebe essa oferta, começa a ser seguido por homens misteriosos e sedãs pretos. Ao tentar escapar de perseguidores, seus pais desaparecem e Will acaba se matriculando às pressas no misterioso colégio. Chegando à sua nova escola, ele percebe possuir talentos físicos e mentais que beiram o impossível e descobre que suas habilidades estão conectadas a uma batalha milenar entre forças épicas.

Para as pessoas que, como eu, dificilmente leem sinopses, começo com uma explicação necessária: esse livro não tem nada de medieval. A armadura na capa e o título me fizeram ficar encantada por ele desde o início, mas é uma história que se passa no tempo atual. Não deixem seus olhos lhe enganarem: a armadura não é bem isso, não tem nada daquelas coisas enormes de metal, é feita de algo que adere bem ao corpo. E sim, temos paladinos e uma profecia no enredo, mas essa profecia não é esclarecida até o final do livro e a questão de quem seria ou não um paladino se mantém confusa até a última página.

Infelizmente, essa não é a única coisa confusa no enredo. Até mais ou menos o meio do livro, eu não conseguia entender basicamente nada do que estava acontecendo. Talvez tenha sido a intenção do autor, já que apesar da narrativa ser em terceira pessoa acompanhamos tudo pelo ponto de vista do protagonista, e ele não tem a menor ideia de porque coisas estranhas e assustadoras começaram a acontecer em sua vida. Mas, para mim, essa forma de narrativa não funcionou. Espero que os próximos livros da série esclareçam melhor as coisas.

Achei difícil acreditar em vários acontecimentos e não me envolvi de verdade com eles. Fora que o autor é roteirista de cinema e TV e, devido a isso, esperava encontrar um texto bem mais ágil e visual. A única coisa que encontrei que me deu uma pista de que ele era dessa área foi o fato de ter incluído merchandising no livro - para quem não sabe o que é isso, é o fato de fazer propaganda de uma marca específica colocando o produto como parte da história. No caso, o protagonista corre, e ganha um tênis que claro que era o que ele sempre sonhou ter.

Por falar na história, vamos a ela, já que senti a necessidade de começar essa resenha de outro jeito. Will West é um garoto de 15 anos que não tem nenhum amigo. Por algum motivo, sua família se muda a cada 18 meses, e isso não permite que ele forme laços em lugar algum. Na verdade, o garoto nem tenta fazer isso, já que sabe que terá que se despedir das pessoas em um curto espaço de tempo. Mas, mesmo assim, tem uma vida feliz. Tem ótimos pais que o criaram com muitas regras, mas regras que fazem sentido, e não desnecessárias. Regras que com certeza deram a ele condições de se virar caso um dia precisasse seguir a vida sozinho... o que ele não esperava que fosse acontecer tão cedo.

Numa manhã, o garoto percebe que está sendo seguido. Consegue despistar seu perseguidor, mas aquela não seria a única surpresa de seu dia. Uma mulher o procura na escola para dizer que ele se saiu impressionantemente bem em uma prova aplicada em todo o país, e lhe oferece uma bolsa integral para que estude em um colégio super exclusivo. A mãe de Will é chamada e tem uma reação muito estranha à notícia. Depois de mais alguns fatos, o garoto conclui que, apesar daquela mulher ser igual a sua mãe na aparência física, não parece ter nada dela por dentro.

Acaba dando um jeito de fugir de casa e se matricular na escola nova, que fica em outra parte do país, falsificando a assinatura dos pais. A partir desse momento, começa a investigar com a ajuda de uma pessoa improvável o que está acontecendo, ao mesmo tempo que percebe que ele tem, sim, habilidades especiais, e que seus pais sempre fizeram questão que não chamasse a atenção para si por algum motivo importante - que, infelizmente, Will não tem a menor ideia de qual seja. 

Mesmo não sendo a história que eu esperava, é uma premissa interessante. E claro que o livro não tem só pontos negativos. Os personagens são muito bem trabalhados. Tanto o protagonista quanto os personagens secundários, principalmente os amigos que Will acaba fazendo na escola nova. Achei um pouco estranho, aliás, que ele tenha feito isso tão rapidamente, mas depois entendi que o garoto nunca havia estado sozinho e, quando as pessoas se abriram com ele e se mostraram dispostas a ajudá-lo no que fosse necessário sem querer nada em troca, ele sentiu a necessidade de se abrir também - mas claro que só revelou as coisas aos poucos, e houve detalhes que precisou guardar apenas para si.

Vemos um enorme crescimento dele no decorrer do enredo. Todas as regras que memorizou e sempre procurou seguir o tornaram meio paranoico, o que foi algo bem útil para enfrentar tudo o que começou a surgir em sua vida e o ajudou a se manter preparado para as surpresas. Will pensa bem rápido, e não tem medo de se arriscar para fazer a coisa certa. No livro, temos aventura e fantasia, incluindo aí realidades paralelas, algo que sempre chama a minha atenção. A Profecia do Paladino realmente não me conquistou, mas não é porque não foi uma boa leitura para mim que não será para vocês. Aconselho que leiam para tirar suas próprias conclusões.