[Resenha - Cosac Naify] Mary Poppins

Título: Mary Poppins

Autora: P. L. Travers

Tradução: Joca Reiners Terron

Ilustrações: Ronaldo Fraga

Bordados: Stella Gomes Guimarães e equipe

Fotos: Nino Andrés

Editora: Cosac Naify

Skoob

Uma das histórias mais amadas por crianças e adultos do mundo todo, Mary Poppins ganha uma nova edição, com ilustrações do estilista Ronaldo Fraga, tradução do escritor Joca Reiners Terron e posfácio da professora de literatura inglesa da USP Sandra Vasconcellos. Depois de desenhadas por Fraga, como verdadeiros croquis de moda, os desenhos foram bordados à mão em tecido e fotografados em estúdio. O leitor vai, finalmente, descobrir a história de Mary Poppins, a babá mágica que chega inesperadamente para cuidar das crianças Banks e lhes abre os olhos para os mistérios e as maravilhas que nos cercam, todos os dias.

Mary Poppins com certeza era um dos meus filmes favoritos quando criança: como não se apaixonar por uma história em que a babá é trazida pelo vento? Para ser sincera, não tinha a menor ideia de que o filme era baseado em um livro até me deparar com essa edição na livraria. Foi amor à primeira vista, ela é linda demais. É repleta de ilustrações, e depois de ler descobri um detalhe ainda mais especial sobre elas: foram desenhadas por Ronaldo Fraga, em seguida bordadas por Stella Guimarães e sua equipe de bordadeiras, e então os bordados foram fotografados e só depois incluídos no livro. Só depois de ler esse esclarecimento entendi o constante efeito de fios soltos que percebi em cada ilustração.

Ao perder repentinamente sua babá, a sra. Banks fica sem rumo. Ela tem quatro filhos e, mesmo que não possa pagar um bom salário a alguém para cuidar deles, simplesmente não pode abrir mão disso. De forma basicamente milagrosa, uma nova babá chega em sua casa. Claro que ela não viu, mas seus dois filhos mais velhos sim: ela foi soprada pelo vento leste em direção à residência.

- Como foi que você chegou até aqui? (...) Pareceu que o vento soprou você pra cá. - E soprou. (...) Vou ficar até os ventos mudarem.

Com a chegada de Mary Poppins, a vida de Michael, Jane e dos gêmeos John e Barbara, ainda bebês, muda completamente. A babá apresenta às crianças um mundo fantástico que elas nunca imaginaram que existisse, e elas passam a ter experiências únicas, a maior parte delas encantadoras, mas algumas um tanto quanto estranhas. 

No posfácio do livro, é dito que a obra mistura o "realismo", compreendido como a presença da realidade cotidiana, comum, contemporânea; e o romanesco, cujo maior traço distintivo reside no recurso ao maravilhoso e à violação das leis naturais, e cujo enredo se baseia na lógica do acontecimento e, portanto, numa estrutura episódica que se sobrepõe aos detalhes da vida cotidiana e à sondagem das motivações íntimas das personagens.

Principalmente o que foi dito sobre o romanesco descreve o livro de forma perfeita, na minha opinião. Violação das leis naturais é algo presente no decorrer do enredo - temos animais falantes, pessoas em jaulas em um zoológico, um tio que flutua de tanto rir...  A estrutura do livro é mesmo episódica, são focados alguns momentos que as crianças ou a babá viveram, mas não existe um cotidiano a acompanhar no livro.

Existem cenas extremamente singelas, em que não tem como não manter um sorriso no rosto. Em outras, Mary é um tanto quanto indelicada, mas não sabemos porque ela age assim. A leitura foi uma delícia em todos os momentos. 

Também no posfácio, descobri que trata-se de uma série de seis livros, e fiquei realmente com vontade de conhecer mais sobre a vida dessa babá misteriosa. Espero que os outros volumes ainda sejam publicados por aqui.