[Resenha - Chiado Editora] O Aprendiz do Arquimago

Título: O Aprendiz do Arquimago

Autor: Michael A. Iora

Chiado Editora

Número de páginas: 630

Skoob

No mundo de Herannon os chamados “heróis” nem sempre são dignos de tal título e às vezes são tão perturbados e cruéis quanto seus inimigos. Mesmo quando a amargura de um guerreiro é tão forte quando o braço que empunha a espada, ou o poder arcano de um mago é tão intenso quanto seu ódio, são realizadas façanhas lendárias – e se elas culminam em algo bom, pode ser por mero acaso. Entretanto, mesmo em um mundo tão conflituoso ainda existem valorosos indivíduos dispostos a fazer a diferença, na esperança de provar – inclusive para eles mesmos – que honra, amizade, gentileza e altruísmo podem fazer toda a diferença no eterno conflito do Bem contra o Mal… que nem sempre podem ser claramente diferenciados.

Para quem não sabe, fantasia é meu gênero preferido. Quando fechei parceria com a Chiado Editora, não tive dúvida nenhuma de qual seria o primeiro livro da minha lista de solicitações. Só de ver a palavra mago já me animo, então pensem o efeito que "arquimago" teve sobre mim... rs... Fora que achei essa capa lindíssima, e depois de ler posso dizer que além de linda ela é perfeita: ilustra um momento muito importante do enredo e retrata os personagens de forma extremamente fiel.

Não tenho palavras para descrever o quanto amei essa leitura. O livro tem mais de 600 páginas, mas a história é tão fascinante que quando vi já estava terminando. O mundo de Herannon me envolveu de tal forma que me senti dentro dele, pude visualizar muito bem todos os cenários e criaturas descritas. 

No prólogo, sabemos que aconteceu alguma tragédia. Aparentemente, com alguém próximo ao protagonista, um elfo que se denomina Aglarion - ele tinha outro nome, mas escolheu esse e não nos conta o anterior. Se vocês querem saber qual foi a tragédia, desistam, isso não é revelado até o final deste primeiro livro da série. Mas sabemos o que esse acontecimento mega importante causou: o garotinho decidiu que queria ter um ofício. Sua maior vontade era ser guerreiro, mas sua mãe o convenceu de que não seria o trabalho ideal para ele, e disse que melhor seria se ele se tornasse um mago, então ele passou a querer isso com todas as suas forças. A história que conta a todos é que quer ser um herói, um aventureiro.

- Não existem limites para o seu crescimento, exceto aqueles que você impuser a si mesmo. (...) Não permita que o convençam do contrário.

Quando ainda era uma criança, Aglarion foi levado a Kyehntw'arthal (pronuncia-se |qui|.|ên|.|twar|.|tao| - existe um guia de pronúncias dos nomes no final do livro), o arquimago do título. Sua mãe conseguiu convencê-lo a aceitar seu filho como aprendiz, pois apesar de existir uma escola de magia, ela queria que ele tivesse o melhor treinamento possível - portanto, teria que ser dado pelo mago mais poderoso de todos. Um arquimago é alguém que domina todos os elementos básicos - água, fogo, terra, ar, raio e mente. Kyehn além desses domina mais um, com o qual quase ninguém se atreve a trabalhar. O resultado disso é que seus poderes são praticamente ilimitados.

- Ele é capaz de transformar montanhas em planícies, vales em lagos, homens em mulheres e ferro em ouro, e vice-versa para tudo isso, obviamente. Ele pode atravessar a rocha, respirar água, caminhar nas nuvens e construir castelos; também pode comandar dragões, fazer inimigos lutarem entre si e dizimar um exército com um gesto. Ele só não pode devolver a vida àqueles que a perderam... ou prolongar vidas.

Só que desde o início o garoto sofre com o treinamento - além de incluir coisas como lavar a louça de todas as refeições, correr uma enorme distância mais rápido a cada dia, nadar de forma exaustiva; Aglarion nunca imaginou que fosse demorar tanto para concluí-lo. Segundo seu mestre, na melhor das hipóteses, ele o completará em 15 ciclos (que correspondem a 15 anos, o autor criou unidades de medida de tempo, de extensão e de massa). E o pior é que enquanto o treinamento durar ele não poderá ver a mãe, que é pessoa mais importante no mundo para ele. Acompanhamos a vida de Aglarion por aproximadamente esses 15 anos neste volume, então claro que não faltam acontecimentos para preencher as 630 páginas que ele contém.

- Às vezes os problemas vão sugerir elementos para confundi-lo, enquanto a resposta é muito mais simples do que você pode esperar: tenha a sabedoria de não superestimar as dificuldades.

Kyehn não é a pessoa mais fácil de conviver do mundo. Abusa do sarcasmo e não se esforça nem um pouco para ser gentil com nenhuma das pessoas ao seu redor. Nem mesmo com uma garota elfa que ele criou desde que ainda era um bebê, filha de seus mestres. Vedriny dá um pouco de leveza à convivência na casa. 

Mas não é porque o arquimago aparentemente não tem um coração que o livro se torna pesado. Em alguns momentos ri bastante com ele, em outros quis esganá-lo pelas grosserias sem tamanho que cometeu. O importante é que me envolvi completamente com os acontecimentos.

A narrativa do autor é bem ágil. A história é construída de uma forma que eu só interrompia a leitura quando era extremamente necessário. Quando terminei, só conseguia sentir que queria muito mais. Infelizmente, ainda não foi publicada a continuação. Como este volume saiu em setembro de 2015, imagino que ainda leve um tempo para  o próximo ficar disponível.

A boa notícia é que o universo de Herannon pode ser vislumbrado de outras formas. O autor pretende publicar contos exclusivamente em e-book, e um deles já foi lançado. Mais informações sobre isso  - e sobre várias outras coisas - podem ser encontradas no site da série. A propósito, trata-se de um livro nacional. :)

Por fim, deixo para vocês o booktrailer. Espero que leiam O Aprendiz do Arquimago e fiquem tão fascinados quanto eu fiquei!