[Resenha - Novo Conceito] Apenas um dia

Título: Apenas um dia

Autora: Gayle Forman

Tradução: Ana Paula Doherty

Editora: Novo Conceito

Skoob

A vida de Allyson Healey é exatamente igual a sua mala de viagem: organizada, planejada, sistematizada. Então, no último dia do seu curso de extensão na Europa, depois de três semanas de dedicação integral, ela conhece Willem. De espírito livre, o ator sem destino certo é tudo o que Allyson não é. Willem a convida para adiar seus próximos compromissos e ir com ele para Paris. E Allyson aceita. Essa decisão inesperada a impulsiona para um dia de riscos, de romance, de liberdade, de intimidade: 24 horas que irão transformar a sua vida. Apenas um Dia fala de amor, mágoa, viagem, identidade e sobre os acidentes provocados pelo destino, mostrando que, às vezes, para nos encontrarmos, precisamos nos perder primeiro... Muito do que procuramos está bem mais perto do que pensamos.

A vida de Allyson não tem espaço para imprevistos. Desde criança, tem todas as suas atividades organizadas de uma forma que chega a ser excessiva, e controladas por sua mãe. Existe um objetivo para tanto planejamento e esforço: entrar na faculdade de Medicina. Mas será que isso é o que ela realmente deseja para a sua vida?

Seus pais decidem mandá-la em um tour pela Europa antes que comece a faculdade. A aparente viagem dos sonhos acaba se tornando algo extremamente cansativo, já que a excursão de que ela e sua melhor amiga fazem parte precisa visitar uma ou até duas cidades por dia para cumprir o extenso cronograma. Enquanto aguardam na fila para assistir a Hamlet, montado pela Royal Shakespeare Company, em Stratford-upon-Avon, a cidade natal de Shakespeare, um grupo de teatro passa divulgando sua própria montagem de um texto do dramaturgo, Noite de Reis, que será apresentada naquela mesma noite. Cansadas de seguir um roteiro, as garotas decidem dizer sim à oportunidade que a vida lhes apresenta. E é depois dessa apresentação que  a vida de Allyson começa a virar de cabeça para baixo.

Um dos atores a encanta, e qual não é sua surpresa ao encontrá-lo no dia seguinte, em um trem para Londres. E a surpresa só aumenta quando ele lhe propõe levá-la para visitar Paris - os dois passariam apenas um dia na cidade que Allyson sempre sonhou conhecer. A garota nem acredita em si mesma quando aceita embarcar na maior aventura de sua vida.

É engraçado como você pensa que tem medo de algumas coisas até que elas estejam na sua frente, e daí você não tem mais medo.

Se você, assim como eu, acreditou que a história do livro se passaria em apenas um dia, tenho que dizer que não é bem isso o que acontece. Uma grande parte dele se passa, sim, nesse período, mas o restante se estende por praticamente um ano. 

Será mesmo possível fazer isso? Recomeçar? Será que eu iria querer? Será que, se eu pudesse, apagaria todo o ano passado?

Durante esse tempo, Allyson aprende muito sobre si mesma e sobre a vida. As 24 horas que se permitiu viver deixando todas as regras de lado, andando sem rumo e fazendo o que sentisse vontade de fazer a cada momento a marcam profundamente. Ela não tem mais certeza de quem é e nem de como quer viver - será que vale a pena voltar à segurança que o controle lhe traz, ou será que se arriscar lhe fará mais feliz? Como não consegue definir isso, é bem difícil se relacionar com as pessoas e seguir em frente.

As pessoas que fingimos ser já estão dentro de nós. É por isso que fingimos ser essas pessoas, para começar.

A narrativa tem focos diferentes em cada parte do enredo: primeiro, romance; depois, drama. Aí embarcamos com a protagonista em uma investigação, e foi nesse momento que fiquei mais viciada na leitura. Ela precisava esclarecer os fatos, e eu precisava disso tanto quanto ela. A dúvida chegava a doer em mim. E aí, quando achei que estava entendendo as coisas, pelo menos em parte, o livro terminou e fiquei sem entender nada. Algo muito importante acontece, mas a Gayle mais uma vez termina um livro de um jeito inacreditável. 

A história desse livro não me tocou tanto quanto a história de Se eu ficar, mesmo que eu tenha adorado a leitura também. É meio impossível eu não gostar de um livro que fale de Shakespeare em tantos momentos. Tenho um pressentimento de que desta vez o segundo livro da série, Apenas um ano, vai mexer mais comigo, porque é ele que vai preencher as lacunas. Espero que seja lançado logo, porque estou louca de curiosidade!

Talvez acaso não seja a palavra certa, ao final. Talvez seja milagre. Ou talvez não seja um milagre. Talvez seja simplesmente a vida. Quando a gente se abre para ela. Quando se coloca no caminho dela. Quando diz sim.