[Resenha - Benvirá] Pretty Girl - 13

Título: Pretty Girl - 13

Autora: Liz Coley

Tradução: Magda Lopes

Editora: Benvirá

Skoob

Como fazia todo verão, Angie arrumou as malas e seguiu para o acampamento das bandeirantes. Mas, quando as férias acabaram, ela não voltou. As buscas duraram três meses, até que as esperanças de encontrá-la se esgotaram. Não havia mais nada a fazer, ainda mais depois da nevasca que caiu sobre a montanha apagando todos os vestígios. Angie foi dada como morta e o caso, encerrado. Três anos depois, Angie aparece em sua casa; sua única lembrança é ter se perdido na floresta. Não reconhece a jovem magra, abatida e de cabelos longos e malcuidados que vê no espelho. Não sabe de onde vêm as cicatrizes e vergões, o anel na mão esquerda, o avental amarelo e a camisola de renda preta que estavam na única sacola que carregava consigo. São tantas as perguntas. Onde esteve? Com quem esteve? O que fez e, principalmente, o que fizeram com ela? Como sobreviveu? Como voltou para casa? Angie pode agora recuperar a sua vida, mas terá de ser capaz de preencher as lacunas da sua memória e entender tudo o que aconteceu. E essa tarefa, se possível, não será nada fácil.

Vi uma resenha desse livro há algum tempo atrás, não me lembro onde (se eu comentei no seu blog, pode me lembrar! rs...). Fiquei com muita vontade de ler, e quando o vi numa promoção da Fnac em que 3 livros custavam 20 reais logo arrumei mais dois para comprar junto com ele. Claro que o pobre livro não tinha previsão de ser lido, mas aí veio o Desafio Literário A fila precisa andar... para salvá-lo de uma longa permanência na estante de livros não lidos (sim, eu sou louca e separo os que já li dos que não li ainda). Com essa leitura, cumpro o item 15 de uma listagem de 36 itens em que devo encaixar os livros que não são de parceria: "que fale de perda de memória ou viagem no tempo". =)

Aos 13 anos, Angie cumpre seu ritual de todos os verões: vai acampar com outras bandeirantes. Acorda bem cedo e percebe que não vai conseguir dormir novamente enquanto não for ao "banheiro". Procura um lugar afastado e discreto para isso, e aí... nada. De repente a garota se vê no final de sua rua, com um saco contendo alguns objetos estranhos na mão, sem ter a menor ideia de como foi parar lá.

Caminha até sua casa e descobre uma coisa aterrorizante: esteve desaparecida por três anos. O investigador responsável pelo seu caso é chamado, e indica uma psicóloga para ajudar Angie a recuperar suas memórias. Aí vem o diagnóstico, que a deixa ainda mais assustada: ela possui TID - Transtorno de Identidade Dissociativa. Esse transtorno normalmente surge como um mecanismo de defesa em caso de um grande trauma, e a pessoa desenvolve outras personalidades que são totalmente independentes e compartilham seu corpo. Só uma identidade se manifesta de cada vez, quando é necessária. E a garota precisará descobrir quem são essas pessoas e o que sabem para ter sua vida de volta de verdade.

Ah, Angie, você estava tão zangada com a gente. Não sabe como salvamos a sua vida - como eu me esforcei com as garotas e com o portão para te manter pura, escondida e intocada, nossa Menina Bonita de Treze Anos. Era assim que te chamávamos. Sinto muito por não termos podido fazer nada a respeito das cicatrizes.

A autora conseguiu superar minhas expectativas. Achei brilhante a construção da história e das personagens. Ela permitiu que o leitor soubesse algumas coisas antes da protagonista, e isso só serviu para me deixar mais agoniada e viciada na leitura. Teve apenas um pequeno detalhe que achei que foi um pouco forçado, coincidência demais para o meu gosto, mas o restante considerei perfeito.

O livro trata de temas fortes (não vou contar quais porque seria spoiler), mas é o tipo de livro que faz isso sem chocar demais. Claro que só o fato de algumas coisas terem acontecido já é chocante, mas o leitor não é obrigado a acompanhar todos os detalhes sórdidos do que aconteceu, com aquelas descrições que dão até vontade de correr para o banheiro e vomitar. Fiquei muito grata à autora, não tenho estômago para livros que são escritos dessa forma.

A única coisa que não gostei foi que a fonte é um pouco menor do que estou acostumada. Mas, para falar a verdade, isso acabou não me incomodando. A história me envolveu de um jeito absurdo, eu simplesmente precisava saber o que cada uma das pessoas que dividiam o corpo da Angie tinha vivido e não seria uma letra pequena que me impediria de fazer isso. Adorei a capa, ela tem tudo a ver com o enredo.

O ritmo do livro é muito bom, a leitura fluiu do início ao fim. Por esse livro, com certeza valeu a pena furar a fila das leituras de parceria. Vi o book trailer só depois, e me deu até arrepios. Assistam, e leiam!