Título: Dias de Inferno na Síria
Autor: Klester Cavalcanti
Editora: Benvirá
O jornalista Klester Cavalcanti saiu de São Paulo, em maio de 2012, com a missão de registrar a realidade da guerra civil na Síria, iniciada em março de 2011. Partiu para Beirute, no Líbano, com toda a documentação em ordem. Tinha o visto sírio, uma lista dos equipamentos que poderia portar, passaporte e um contato esperando-o na cidade de Homs, então epicentro do conflito entre as forças do ditador Bashar al-Assad e os rebeldes do Exército Livre da Síria. Seu plano era entrar em território sírio pela fronteira libanesa e acompanhar por alguns dias a ação dos rebeldes. Mas nada aconteceu como planejado. O jornalista foi preso pelas tropas oficiais, torturado e encarcerado por seis dias numa cela que dividia com mais de 20 detentos. Acostumado a denunciar violações dos Direitos Humanos no Brasil, o jornalista conseguiu fazer seu trabalho no ambiente inóspito da prisão. Naquele microcosmo, estavam os personagens e as histórias que precisava para retratar a guerra civil que acompanhava da cela, ouvindo os tiros e as explosões que vinham das ruas. O resultado é este Dias de Inferno na Síria, que apresenta o conflito sírio de uma perspectiva inédita, já que visto de dentro, ao mesmo tempo em que e as vítimas e os algozes da guerra ganham a dimensão humana que faz refletir sobre as diferenças religiosas, de raça e de poder que maltratam o mundo. O livro recebeu o premio Jabuti como segundo melhor livro reportagem em 2013.
Até que ponto você seria capaz de arriscar sua vida por algo que quer muito fazer? Em 2012, o jornalista Klester Cavalcanti queria mostrar a realidade da guerra na Síria, mesmo sabendo que se tudo desse errado poderia morrer. Um conflito que começou em março de 2011 e não tem previsão de acabar. Uma guerra civil que procura tirar um ditador do poder. Que já causou mais de duzentas mil mortes, além de ter feito com que milhões de pessoas tivessem que deixar suas casas.
Eu tinha uma expectativa diferente a respeito do livro, mais uma vez devido a não ter lido a sinopse... ela explica direitinho o que vamos encontrar. O jornalista brasileiro procurou fazer tudo o que podia para não ter problemas na missão que se propôs a desempenhar: fazer a cobertura da guerra acompanhando os rebeldes por alguns dias. Conseguiu um visto (válido apenas por uma semana) e uma autorização para portar câmera e filmadora. Mas isso acaba não ajudando muito em um país em guerra, e os planos dele são frustrados bem rapidamente.
Dias de Inferno na Síria é um livro reportagem. Klester é detido logo depois de chegar à cidade mais afetada pelo conflito (depois de enfrentar vários problemas para conseguir entrar nela), e narra toda a sua trajetória enquanto o governo decide o que fazer com ele. Como está escrito na capa do livro, é preso e torturado. Mas, para ser sincera, achei que fosse ler algo muito mais aterrorizante.
A maior parte da violência que o jornalista sofreu foi o completo desrespeito aos direitos humanos, ninguém nunca lhe disse de que estava sendo acusado e não teve direito a nem um único telefonema. Teve que ficar numa cela superlotada sem ter permissão nem mesmo para tomar banho. A incerteza que ele precisou enfrentar deve ter doído demais, imaginem acordar todos os dias pensando que esse será seu último dia de vida.
Este livro não tem muito a ver comigo. Realmente não fico atenta ao que está acontecendo no mundo. O autor faz uma boa contextualização do conflito, permite até a uma pessoa como eu entender porque aquilo está acontecendo. Como em toda guerra, as pessoas que moram nas áreas mais afetadas por ela sofrem muito mais seus efeitos. Perdem seus trabalhos, suas casas, sua motivação para a vida. Veem familiares, amigos, vizinhos, serem mortos na sua frente. Não conseguem entender porque aquilo está acontecendo, e só lhes resta orar por dias melhores.
Durante toda a narrativa, Klester nos apresenta histórias de sobreviventes. Pessoas que tiveram suas vidas completamente modificadas, que tiveram que fazer coisas de que não se orgulham nem um pouco para conseguir alimentar a família, ou que tiveram que abandonar essa mesma família para servir a uma causa mesmo sem acreditar nela. O jornalista não conseguiu mostrar a guerra da forma que queria, mas presenciou muita coisa acontecendo, além de ouvir constantemente bombas e tiros de sua cela. Através das histórias das pessoas que cruzaram seu caminho, conseguiu dar ao leitor a visão de quem o sentia os efeitos da guerra na pele.
Foi uma boa leitura para sair da minha zona de conforto, e com ela cumpro o item 17 de uma lista de 36 itens do Desafio Literário A fila precisa andar... (ambientado na guerra). O livro não me envolveu muito, mas a leitura valeu a pena por ter me apresentado a um conflito ao qual eu nunca tinha prestado atenção, apesar de estar acontecendo há quase quatro anos. Só torço para que ele termine, e para que o povo sírio consiga se recuperar da barbárie que precisa enfrentar todos os dias.
- Muitos colegas que fiz aqui, desde que fui convocado, já tiveram de combater contra conhecidos. Alguns deles já até mataram, sem saber, amigos queridos no meio da batalha. Só quando iam averiguar se o inimigo realmente estava morto, descobriam que eram amigos seus. (...) Essa é uma parte da guerra que ninguém sabe que existe. Ninguém pensa nisso. Nosso povo está se matando aos poucos.
Ola Ju é um livro quer também sairia de minha zona de conforto com certeza, mas me deixou curiosa sobre o relato do jornalista, afinal os dias dele não certeza não foram nada fáceis, e conhecer o outro lado das pessoas lá presentes, Me interessou bastante o livro. anotado a dica. beijos
ResponderExcluirJoyce
www.livrosencantos.com
cara n era algo que eu leria pq com certeza a leitura me abalaria um pouco sabe ju. mas o livro n deixa de ser interessante.
ResponderExcluirSeguindo o Coelho Branco
Oi, Ju! Também não sou fã desse tipo de livro, maas sempre tive uma vontadinha de trabalhar como fotojornalista e cobrir conflitos como esses e acho que ler um livro assim poderia me dar uma noção do que eu poderia realmente encontrar e dos perigos. Realmente, uma leitura para sair da zona de conforto. ;-;
ResponderExcluirBeijos.
Blog Cantar Em Verso
Oi, Ju!
ResponderExcluirDeferente do você, eu gosto de acompanhar todos os conflitos no Oriente Médio. Tem sempre muitas questões envolvidas.
Um dos meus livros favoritos, que aborda esse tema, é Nota sobre Gaza. É um livro reportagem também.
Eu me interessei pelo livro, realmente.
Beijos
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirConfesso que eu sou meio "avoada" sobre o que acontece no mundo, então é de se epserar que eu não tenha prestado atenção nessa guerra. Quando comecei a ler a resenha fiquei desanimada, não sou acostumada a ler livros assim e acabei julgando o livro pela capa, mas depois de terminar de ler a sua resenha eu fiquei um tanto curiosa, deve ser bacana acompanhar o que o jornalista passou. Enfim, gostei bastante da sua resenha e do livro, se eu tiver oportunidade tentarei sair da minha zona de conforto com esse livro kkk
Beijos :*
Larissa - http://srtabookaholic.blogspot.com
Olá Ju, eu acompanho um pouco desse conflitos, mas nada que me possa ajudar em alguma discussão profunda sobre o assunto, achei bem legal você ler esse livro e sair um pouco da sua zona de conforto e se atualizar sobre o assunto.
ResponderExcluirVisite o blog "Meu Mundo, Meu Estilo"
Oi Jú, não curto muito esse gênero e assim como você teria que sair da minha zona de conforto para lê-lo, então por enquanto passo essa leitura.
ResponderExcluirBjs, Glaucia.
www.maisquelivros.com
Oi Ju, tudo bem?
ResponderExcluirDa mesma forma que você também sou um pouco desligada sobre o que está acontecendo no mundo, então nem sabia da história desse jornalista. Sem dúvidas deve ter sido um período mais do que difícil =( Não é o tipo de livro que eu leria, mas para quem gosta deve ser um prato cheio.
Beijinhos :*
Blog Procurei em Sonhos
Oi Juju, tudo bem?
ResponderExcluirUma vez eu li um livro de um jornalista nosso falando sobre a nossa própria violência e fiquei impressionada, Eu gosto de livros assim, que deem um choque de realidade. É assustador, difícil de digerir, mas são nossos irmãos do mundo, alguém precisa ser a voz deles. Por isso entendo esse jornalista, as vezes queremos dar um propósito maior a nossa vida, então, se o livro dele incomodar pelo menos uma pessoa, o risco que ele correu já terá valido a pena.
beijinhos.
cila.
http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/
Oi, Ju!
ResponderExcluirQue loucura, hein! Não me imagino no lugar dele. Deve ter sido bem difícil os dias em que ele passou na prisão. Realmente tem que amar muito essa profissão e querer demais escrever sobre a guerra, fora manter a mente equilibrada em uma situação assim. Ele realmente merecia não somente um, mas muitos prêmios pela coragem ou loucura de ter ido até lá e ainda vivido tudo que viveu. Devem ter sido os 6 piores dias da vida dele.
Apesar disso tudo, não seria um livro que eu pegaria pra ler. Não curto muito esses documentários, muito menos sobre guerra. :/
Beijinhos!
Jaque - Prazer, me chamo Livro.
Oi, Ju
ResponderExcluirSai do ensino médio recentemente, portanto a Guerra na Síria, Primavera Árabe e o que acontece nessa parte do mundo é um assunto fresco em minha memória. Gosto de estar sempre contextualizado com o que acontece no mundo, mas não sei se me interessaria ler sobre isso.
Acredito que são relatos valiosos e que mostram com crueza o desrespeito aos direitos humanos como você pontuou e como a vida é destroçada nessas regiões!
Tem de ser muito corajoso para correr tanto perigo para documentar isso. Certamente é algo que eu não faria, apesar de achar enobrecedor quem se sacrifica para ajudar outros povos como os Médicos sem Fronteiras :)
Adorei a resenha!
Abraços
Adriano
GeraçãoLeitura.com || http://geracaoleiturapontocom.blogspot.com.br/
Olá Ju!
ResponderExcluirQue livro tenso. O Jornalista deve ter sofrido muito. Não gosto muito de ler esses temas, mas assim como você, vou ter que ler um livro ambientado na guerra pois estou participando do mesmo desafio. Mas numa parte é bom pra nós sabermos o que está acontecendo lá fora.
Beijinhos!
http://eraumavezolivro.blogspot.com.br/
Oi Ju,
ResponderExcluirRealmente um livro para sair da zona de conforto. Não teria muito interesse em lê-lo, porque não sou muito ligada as atualidades, como você falou. Mas também é bom para sabermos o que está acontecendo lá fora. Parabéns pela resenha =)
Beijos, Denise
www.sacudindoaspalavras.com.br