domingo, 15 de junho de 2014

[Resenha - Geração Editorial] Quem Teme a Morte

Postado por Ju às 22:30
Título: Quem Teme a Morte
Autora: Nnedi Okorafor
Tradução: Mariana Mesquita

Numa terra devastada por uma hecatombe nuclear, uma jovem e misteriosa mulher com o incomum nome de Onyesonwu – que pode ser traduzido como Quem Teme a Morte – descobre que tem superpoderes e foi escolhida para salvar a humanidade. Este seria um romance distópico como qualquer outro se não transcorresse na África e sua autora não fosse a surpreendente Nnedi Okorafor, elogiada pelo prêmio Nobel nigeriano Woyle Soyinka. Fantasias, batalhas, tradições e alta tecnologia, sonhos, visões, discriminação racial e sexual, tudo se mistura numa narrativa tensa e poética que confere uma nova linguagem para os romances do gênero.

Não sei nem como começar a falar sobre esse livro para vocês. Ele não é nada do que eu esperava. Bom, temos a sinopse, que nos diz que a história se passa em uma terra devastada por uma "hecatombe nuclear". Claro que posso ter entendido tudo errado, mas não encontrei nada disso durante a leitura. Ok, hecatombe é o sacrifício de várias vidas - tive que pesquisar -, mas não tenho a menor ideia do que o termo nuclear está fazendo junto dessa palavra.

Também não consegui entender porque foi classificado como distopia. O romance se passa na África, e a única pista que encontrei de que se passa no futuro é que existem equipamentos tecnológicos abandonados em uma caverna, para tentar aplacar a ira de uma espécie de deusa que não gostou nada de eles terem sido criados.

Existem dois povos: os okeke e os nuru. Os okeke, segundo o Grande Livro, que contém informações sobre a criação do mundo e os motivos de ele ser como é, foram os primeiros seres a existir. Após terem irritado a deusa, foram castigados com a criação dos nuru - seu destino, a partir daí, era a escravidão. No mundo em que a autora descreve, existem regiões em que esse destino se concretizou, regiões em que os okeke são constantemente dizimados, e regiões em que vivem livres, sem nem tomar conhecimento da forma em que vive o restante de seu povo.

Nas regiões em que os nuru escolheram dizimar os okeke, muitas vezes eles aparecem com o objetivo de matar os homens e estuprar as mulheres, para que gerem filhos deles. Esses filhos são chamados de ewu, e todos acreditam que o seres desse tipo sempre acabam se tornando pessoas violentas, por serem filhos da violência. A heroína do livro, Onyesonwu (nome que quer dizer "quem teme a morte), é uma ewu. Em seus primeiros anos, viveu no deserto, até que sua mãe decidiu que era hora de as duas irem viver em uma cidade. E é nessa cidade que Onye começa a traçar seu destino.

A protagonista é uma personagem fascinante. Extremamente teimosa, mas de um jeito bom. Não suporta injustiça, não suporta pré-julgamentos. Acompanhamos a vida de Onye mais de perto dos 11 aos 20 anos, mas ela nos conta coisas desde que foi concebida. É obrigada a crescer e a aceitar que seu destino não será nem um pouco parecido com o que ela desejaria. Mas não tenta fugir dele, o encara e segue em frente. Temos várias outras personagens tão fascinantes como ela.

O livro é muito bem escrito. Apesar de ser altamente complexo, tem uma narrativa que me fez ir até o fim e que me manteve interessada durante todos os acontecimentos. Mas ele aborda aspectos da cultura africana e, como não sei nada sobre ela, ficou difícil para mim definir o que seria baseado numa realidade existente e o que foi invenção da autora. Além disso, existem cenas bem violentas e difíceis de digerir.

Não consegui entender o final. É descrita uma coisa, depois é descrita outra completamente diferente. Não sei o que realmente aconteceu até agora. Fui pesquisar a respeito do livro para saber se era uma série e não encontrei nenhuma informação. Como ele foi publicado em 2010 nos Estados Unidos, acredito que se trate mesmo de um livro único, o que quer dizer que terei essa dúvida sempre comigo.

Enfim, gostei da leitura, mas fiquei bem insatisfeita com a forma com que o livro terminou. Prefiro narrativas que apresentem um final em que tudo é bem amarrado; em que os fatos ficam claros e os destinos de todas as pessoas definidos. Isso não aconteceu. Mas, se você não se incomoda com isso, e gosta de ler livros que te apresentem culturas diferentes, leia.

18 comentários:

  1. Olá Ju, bom vamos começar pela capa; eu achei ela muito linda, diferente de muitas que já vi, e nela tem algo que nos faz pensar na época de cristo, sabe.
    Fui lendo sua resenha e notei que não tinha nada a ver com isso, mas sim algo mais futurista. Ai eu li uma parte que você mencionou sobre ser algo distópico, bom tem um quê, mas acho que não seria o caso de considerar este subgênero.
    Como disse logo ali em cima eu achei a capa linda então imaginei que a historia seria algo espetacular, contudo nada disso aconteceu. A historia sendo explicada por você me fez ver que não é aquilo que eu tinha imaginado ou esperado, então vou deixar desta vez passar, quem sabe mais tarde eu pegue e leia, mas por enquanto não estou muito empolgada não.
    Ju adorei a resenha e principalmente a sua opinião que foi a mais sincera.

    Beijokas Ana Zuky

    http://www.sanguecomamor.com.br

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  2. Olá!!
    Não conhecia o livro, mas achai a premissa interessante (se bem que também não entendi o uso da palavra nuclear - mesmo sem ter lido o livro).
    Assim como você, eu não conheço absolutamente nada sobre a cultura africana e pode ser que eu fique um pouco perdida se decidir me aventurar nessa história. Mas, sobre o final... não sei se me animo a encarar um livro sabendo que o final não é tão conclusivo como esperamos. Meio que desanima, né?! Também gosto de finais bem amarrados, bem resolvidos...

    Adorei a resenha!

    Beijos,
    Amanda
    http://minhasconfissoesfemininas.blogspot.com.br/

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  3. Olá

    Caramba, adorei conhecer o livro por sua resenha e me senti interessado na história do mesmo. Gosto muito de desvendar tramas complexas e me aventurar por lugares exóticos. Além de conhecer novas mitologias entre outros fatores que esse livro aparenta apresentar. Gostei de saber da protagonista ser interessante e fascinante, sobre o final não posso comentar nada ainda mas espero ler em breve e ver se gosto!

    Abraço!
    www.umomt.com

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  4. Oi, Ju!
    Boa resenha!
    Não sei se eu vou gostar do livro por causa do final e tal...
    Mas gostei de ter conhecido mais!
    BJs, Lu
    http://resenhasdalu.blogspot.com.br/

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  5. Hey Ju,

    A capa me deixou encantada, ela é muito linda, gosto muio de historia, mas como não sei muita coisa da cultura africana, acho que ficaria inviável essa leitura, pois não iria entender nada, mas fiquei curiosa com o desenvolver do livro, e parece bastante complexo, só pela resenha, acho que não leria o livro agora, mas depois de saber bastante sobre a Africa eu leria sim.

    Mayla

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  6. Nunca li nada dessa editora, já vi sobre esse livro, mais a leitura não chamou a minha atenção, porém sua resenha ficou boa.

    http://momentocrivelli.blogspot.com.br/

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  7. Oie Ju
    Quando vi o lançamento desse livro, um dos motivos de querer lê-lo foi por causa que imaginei que era distopia.. Mas percebi que não é. Bom, eu gosto de conhecer novas culturas e personagens fortes e destemidas, mas não sei se leria. Como parece que não tem continuação eu não consigo ler imaginando que as coisas não vão se fechar, que não vai haver um fechamento que esclareça tudo. Uma pena, mas não vou ler por enquanto.

    Beijos,
    Jéssica
    www.leitorasempre.com

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  8. Oi, Ju! Quem leu esse foi uma resenhista, então não posso julgar. Não me senti atraída pela sinopse, e depois da resenha dela e da sua definitivamente não me interesso por ele.
    Beijinhos!
    Giulia - Prazer, me chamo Livro

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  9. Oi querida,como sempre sua resenha muito bem feita,,da vontade ir correndo comprar o livro rsrsrs ainda bem que nao tem livraria aqui pois se nao estava perdida,mais anoto todas resenhas que vcs postam pois mesmo q as vezes vc nao gosta do final,mais a historia e interessante e adoro uma resenha sincera bjs lindona
    www.zilandramakes.com.br

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  10. Uma resenha perfeita, eu já fiquei com vontade de ler o livro, a capa é linda demais e o estilo do livro é o que eu gosto.

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  11. Ah Ju, o principal que é um desfecho bem ligadinho já me deixou com o pé atrás, ainda mais se o livro não tem continuação, não gosto dessas histórias que tenho que ficar deduzindo e imaginando o desfecho.
    Pelo que você descreveu na resenha, nota-se que o enredo é bem complexo mesmo, mas eu até que gosto quando o livro traz outras culturas, é claro que isso torna a leitura mais trabalhosa porque tenho que sair fazendo pesquisas rsrsrs, mas eu acho válido.
    Você colocou sua opinião de forma bem esclarecedora e direta, mas essa não é uma leitura que eu faria.

    Beijos.
    Leituras da Paty

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  12. Já tinha lido resenha desse livro em outros blogs e parece ser um bom livro, mas eu acabei ficando com dúvida. Sua resenha me fez desistir. Não gosto de livros com finais mal resolvidos. Eu sempre lembro de todos os personagens e fico muito irritado quando algum fica esquecido.
    Acho que também ia perder muito tempo tentando pronunciar o nome da personagem principal cada vez que eu lesse.

    http://enquantoestavalendo.blogspot.com.br/

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  13. Oi Ju, eu amo distopias, mas quando você me diz que isso não fica tão explicito me preocupa! Anyway, não conhecia o livro e achei algo bem envolvente, mas não é algo fácil de se entender hahaha mas eu amo isso em livros, com certeza vou pesquisar mais sobre

    Beijos Joi Cardoso
    Estante Diagonal

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  14. A sua resenha está ótima, super detalhada mas não é o estilo de livro que eu gosto.
    XoXo
    Mah
    http://mah-in-wonderland.blogspot.com

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  15. Oi Ju, tudo bem?
    Que pena que o livro não foi o que esperava. Mitologia, é um tema que me fascina, já despertou meu interesse. E a narrativa lhe prender durante todos os acontecimentos, é mais um ponto positivo. Porque as mulheres sempre sofrem tanto?? O pior é que essa prática tão antiga, não é ficção e infelizmente acontece até hoje.
    Mas gostei da protagonista ser forte, coloco minhas esperanças nela para mudar esse destino de escravidão.
    Tomara que eu entenda esse final, pois é um livro que eu leria.
    beijinhos.
    cila-leitora voraz
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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  16. eita que massa! adorei a premissa! adoro distopias e histórias que tem como personagem principal mulheres!

    www.umbigosemfundo.com.br

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  17. Oi Ju!
    Acho que todas nós gostamos de leituras com fins perfeitos e amarrados! Eu gosto! Eu li essa sinopse quando apareceu primeiro aqui no seu blog e também pensei de uma forma diferente no livro pela sua resenha. Já aconteceu comigo de ler livros que a sinopse não tem muito haver ou tem informações erradas! Acho bem mal! Que bom que gostou da protagonista e de cultura apresentada na história mesmo sem saber se era real ou não!
    Ele não me chamou atenção! Mas que bom que gostou, apesar do fim!
    Beijos

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  18. Olá Ju, tudo bem?
    Fiquei um tanto encucada em saber que nada proposto na sinopse é encontrado no texto em si. Afinal, a sinopse nada mais é que um complemento, um resumo do que será lido. Com certeza foi uma chamada de marketing, mas que não convenceu!

    Beijo

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