[Resenha - Rocco] Em um bosque muito escuro

Título: Em um bosque muito escuro

Autora: Ruth Ware

Tradução: Alyda Sauer

Número de páginas: 288

Editora: Rocco

Skoob

A britânica Ruth Ware alcançou as listas dos mais vendidos do The New York Times, USA Today e Los Angeles Times com este surpreendente romance de estreia que chega ao Brasil pela coleção de suspense Luz Negra. Em um bosque muito escuro é narrado por uma escritora reclusa que aceita o convite para a despedida de solteira de uma amiga de escola com a qual não tinha contato há anos. Quarenta e oito horas depois de chegar ao local da festa, uma casa de campo isolada, ela desperta numa cama de hospital, com a devastadora certeza de que alguém está morto. E mais do que tentar lembrar o que aconteceu no fatídico fim de semana, precisa descobrir o que fez. Com uma atmosfera inquietante, em que segredos do passado são revelados aos poucos e as relações se constroem pelo entrelaçamento de admiração, carinho, inveja e ressentimentos, Ruth Ware entrega um thriller arrebatador, que não à toa a colocou entre os principais nomes do novo suspense feminino, como Paula Hawkins e Gillian Flynn. Em um bosque muito escuro será adaptado para o cinema por Reese Whiterspoon. 

Recebi esse livro de surpresa na sexta-feira passada. Junto com ele, veio um véu daqueles usados em despedidas de solteira todo sujo de sangue (sangue de mentirinha, obviamente)… Imaginem a situação da pessoa mais medrosa e aversa a sangue do mundo pensando se teria coragem de ler. Mas eu estava corajosa no dia e decidi que leria logo, antes que o colocasse indefinidamente no fim da fila. Claro que esperei a manhã do dia seguinte para começar, não estava corajosa a ponto de me arriscar com o enredo à noite. E acabei me surpreendendo bastante.

Vocês não têm ideia de como fiquei tensa no início da leitura. O livro é narrado por Nora, uma escritora de 26 anos que mora sozinha em Londres, que é convidada pela dama de honra de sua ex-melhor amiga, que não vê há dez anos, para sua despedida de solteira. O que é estranho não só por terem perdido completamente o contato, mas também por ela não ter sido convidada para o casamento. Mas a curiosidade fala mais alto e Nora aceita o convite, sem saber que teria um final de semana inesquecível - mas não de um jeito bom.

A narrativa é em primeira pessoa e nos mostra Nora no presente, em um hospital, onde chega coberta de sangue e com a certeza de que alguém está morto, apesar de não se lembrar de grande parte dos acontecimentos; ao mesmo tempo que retroage para antes e durante a despedida de solteira, que não foi planejada do modo tradicional e sim como um final de semana inteiro em uma casa com paredes de vidro no meio de um bosque aparentemente deserto e muito, muito escuro, em que celulares não funcionam.

É tipo o cenário perfeito para um filme de terror, certo? Se alguém me fizesse um convite desses eu com certeza recusaria, mas claro que Nora só descobre todos esses detalhes ao chegar no local. Fiquei muito nervosa enquanto lia, afinal, sabia que algo terrível aconteceria e no começo não sabia nem com quem.

A autora, a propósito, conseguiu me deixar extremamente confusa, não consegui juntar as peças para suspeitar de ninguém de verdade, mas claro que as peças estavam lá, eu só precisava ser uma leitora mais atenta. Apenas um detalhe que deixei passar era o suficiente para ter desvendado o crime. Amo quando tenho uma experiência desse tipo, quando não descubro o que aconteceu mas depois percebo que foi tudo muito bem construído e esclarecido.

A narrativa é muito ágil, e adorei isso. Eu ficava entre o medo de descobrir o que tinha acontecido e a vontade de saber todos os detalhes, porque a história é viciante e era difícil demais fazer alguma pausa na leitura. E não, não tem muito sangue durante a narrativa. O desfecho é mais difícil de encarar pelo fato de mostrar que é assustador o que seres humanos são capazes de fazer. Eu poderia dizer mais, mas prefiro evitar para não correr o risco de dar uma pista mesmo sem querer. Só sei que gostei bastante da leitura e recomendo.