[Resenha - Arqueiro] O primeiro dia do resto da nossa vida

Título: O primeiro dia do resto da nossa vida
Autora: Kate Eberlen
Tradução: Thalita Uba
Editora: Arqueiro
Número de páginas: 432

Tess e Gus foram feitos um para o outro. Só que eles não se encontraram ainda. E pode ser que nunca se encontrem... Tess sonha em ir para a universidade. Gus mal pode esperar para fugir do controle da família e descobrir sozinho o que realmente quer ser. Por um dia, nas férias, os caminhos desses dois jovens de 18 anos se cruzam antes que os dois retornem para casa e vejam que a vida nem sempre acontece como o planejado. Ao longo dos dezesseis anos seguintes, traçando rumos diferentes, cada um vai descobrir os prazeres da juventude, enfrentar problemas familiares e encarar as dificuldades da vida adulta. Separados pela distância e pelo destino, tudo indica que é impossível que um dia eles se conheçam de verdade... ou será que não? O primeiro dia do resto da nossa vida narra duas trajetórias que se entrelaçam sem de fato se tocarem, fazendo o leitor se divertir, se emocionar e torcer o tempo todo por um encontro que pode nunca acontecer.

O primeiro dia do resto da nossa vida nos conta as histórias de duas pessoas, Tess e Gus, durante um período de 16 anos (de 1997 a 2013). Eles se encontram em Florença bem no início do livro, mas é apenas um encontro casual; trocam algumas palavras mas nada muito marcante. Gus está viajando com a família após perder o irmão em um acidente de esqui, Tess está viajando com uma amiga antes de se despedir de sua antiga vida e ir para a faculdade. Isso é o que ela pensa, pelo menos, mas o destino se encarrega de estragar seus planos.

Quando comecei a leitura tinha uma expectativa de encontrar algo diferente. Achei que teriam muitos “quase encontros” entre os protagonistas no livro, mas não foi o que aconteceu. No começo sim, e fiquei fascinada com a forma com que a autora entrelaçava sem entrelaçar de verdade a vida dos personagens. Era sempre por um triz que eles não tinham a oportunidade de se conhecer melhor. Só que isso logo mudou, e a vida dos dois durante grande parte do enredo foi contada separadamente. E aí as coisas não correram bem pra mim.

Não demorei a criar uma certa antipatia pelo Gus. Ok, ele estava presente quando o irmão morreu. Ok, ele carregava aquela culpa que muita gente carrega sem motivo, porque não é como se pudesse ter evitado o que aconteceu. Mas chegar a não fazer sua vontade valer e se submeter a viver a vida que o irmão teria vivido foi algo que realmente me irritou. E não foi o maior problema que tive com ele. Sim, é legal ter personagens imperfeitos no enredo, mas o Gus exagera nas atitudes insanas (não é insana de incomum, só de absurda mesmo, pelo menos na minha opinião).

 Já a Tess, bem, a garota com certeza ganhou meu respeito no início. Tomou uma responsabilidade enorme para si aos 18 anos, mas não é como se ela tivesse escolha. Eu teria feito a mesma coisa que ela fez sem pestanejar, mesmo que houvesse um preço alto a pagar. Mas perdeu uma grande parte desse respeito que conquistou inicialmente quando deu uma enorme mancada. 

Uma coisa que amei no livro foi que estão presentes muitas descrições de Londres (que não conheço mas quero muito conhecer) e da Itália (principalmente de Florença, cidade em que passei três semanas e amei muito!). Alguns dos lugares que ganharam meu coração durante a viagem foram citados pelos personagens, e se tornaram bem importantes na história, principalmente a Igreja de San Miniato al Monte, local que encontrei completamente por acaso mas que oferece a melhor vista da cidade - na minha opinião e na dos protagonistas também. E o engraçado é que ela fica a uma pequena distância de um mirante famoso, mas a vista de lá é algo que não vi ser divulgado. Descobri algumas coisas que não sabia e já guardei como dicas para uma próxima visita.

O livro não atendeu plenamente minhas expectativas e foi até uma leitura um pouco lenta, porque em alguns momentos eu me cansava dos protagonistas e precisava de um intervalo. Felizmente, existem personagens secundários bem mais interessantes, como a melhor amiga de Gus, Nash, e a irmã de Tess, Hope. Mesmo com as ressalvas, aconselho que leiam para tirar suas próprias conclusões. No mínimo vão fazer uma viagem gostosa pela Europa, já que a ambientação para mim foi um dos pontos mais fortes da obra.