[Resenha - Rocco] Dartana

Título: Dartana
Autor: André Vianco
Livro #1 da trilogia
Editora: Rocco
(Selo Fábrica231)
Número de páginas: 784

Novo livro do escritor e roteirista André Vianco, um dos maiores nomes da literatura de fantasia nacional, Dartana apresenta um mundo retalhado entre vida e morte, fé e descrença, mitologias e mentiras. No romance, o primeiro de uma trilogia, Dartana é um planeta castigado por uma maldição da qual somente as feiticeiras escapam. Quando um novo deus da guerra surge, muitos habitantes daquele mundo sombrio marcham com ele rumo ao Combatheon, uma plataforma de guerra que representa sua única chance de se libertar da terrível maldição. Esbanjando criatividade e domínio narrativo, André Vianco constrói uma obra surpreendente em que deuses guerreiros, feiticeiras, soldados e construtores se unem para forjar um novo mundo.

Dartana é um mundo amaldiçoado. Seus habitantes não conseguem reter o conhecimento, não aprendem nada e claro que assim é impossível evoluir intelectualmente. Mas há esperança de que as coisas sejam diferentes.

Os únicos seres que habitam o planeta que são capazes de fazer coisas úteis para todos, apesar de simples, são as feiticeiras. Também são elas as responsáveis por explicar ao povo o porquê daquela situação e como podem conseguir viver de outra maneira. Dartana não é o único lugar em que a maldição impera.

Vários mundos enfrentam o mesmo problema. Para se verem livres dele, só há uma saída: vencer a guerra no Combatheon, que é um lugar que eles não têm comprovação de que existe, já que de lá ninguém nunca volta, mas em que são ensinados a crer desde sempre. De tempos em tempos, cada planeta é abençoado com um deus, e esse deus deve marchar com os habitantes que estiverem em condições de segui-lo - e quiserem fazer isso - com destino à guerra.

E é uma guerra que só tem dois finais possíveis: a morte ou a vitória. Deuses de vários mundos combatem e apenas um deles pode sobreviver para ter direito a atravessar o Portão da Vitória - que ninguém sabe para onde leva, mas é a garantia de que os povos de origem dos guerreiros vencedores serão libertados da escuridão e poderão adquirir conhecimento. Todos creem que isso vale qualquer sacrifício. Para vencer, cada povo precisa construir suas próprias armas. Cada deus tem a capacidade de ver através dos olhos de habitantes de outros planetas, planetas que já se livraram da maldição - e é assim que habitantes da Terra passam a ser importantes para o destino de Dartana.

Faz muito tempo que queria ler algo do André Vianco. Até tenho Os sete aqui, mas achei que não seria indicado começar por ele, já que não sou muito fã de vampiros - pelo menos não sou fã da parte sangrenta que normalmente está presente nas histórias desses seres. Quando vi o lançamento de Dartana e li a sinopse, fiquei fascinada e achei que seria o livro ideal para conhecer a escrita do autor. E eu estava certa.

Obviamente, como a guerra está presente em grande parte do enredo, temos sangue. Mas sangue durante batalhas não é algo que me incomoda normalmente - só tive um probleminha com um curto momento de canibalismo. Achei fascinante a forma como a história foi construída. O livro tem quase 800 páginas e todas foram necessárias e bem aproveitadas. A leitura fluiu muito facilmente.

Cada povo que guerreia no Combatheon tem características próprias e adorei conhecê-los. Os personagens têm vida, conseguimos acreditar em todos eles. Torci muito pelos que conquistaram minha afeição e desejei mortes dolorosas para outros.

É interessante a forma como Vianco nos mostra que o progresso nem sempre é benéfico - afinal, alguém acha legal que a Terra seja considerada uma excelente fonte de conhecimento para ensinar a matar, a destruir os semelhantes? Adorei ver que foi demonstrado como o poder cega as pessoas, como a arrogância pode ter um preço altíssimo. E o livro não deixou de mostrar que sim, é possível manter a bondade no coração e fazer o que é certo.

O final deixa um ótimo gancho para o próximo volume, mas pelo menos não é desesperador. Confesso que achei que o autor terminaria sua narrativa um pouquinho antes, o que teria me deixado completamente enlouquecida por respostas, mas felizmente ele foi legal e diminuiu consideravelmente meu sofrimento. Mesmo assim, claro que estou bem curiosa para saber como a história vai terminar. Acredito que ainda serei muito surpreendida.