[Resenha - Galera Record] Amy & Matthew

Título: Amy & Matthew

Autora: Cammie McGovern

Tradução: Raquel Zampil

Editora: Galera Record

Leia um trecho

Skoob

Amy tinha uma eterna fachada de felicidade estampada em seu rosto, mesmo tendo uma debilitante deficiência que restringe seus movimentos. Quando Matthew diz a Amy para parar de se enganar e enxergar a realidade, ela percebe que é exatamente de alguém assim que ela precisa. E quando a relação que começou como uma amizade se transforma em outra coisa que nenhum dos dois esperava (ou sabe definir), eles percebem que falam tudo um para o outro... exceto o que mais importa.

Amy tem hemiplegia, que é um tipo de paralisia cerebral que atinge um dos lados de seu corpo. O que quer dizer que tem dificuldade para comer, para falar, para andar... não é impossível para a garota fazer nada disso, mas algumas vezes precisa de ajuda. Tem um aparelho que a ajuda na questão da fala, ela digita com sua mão boa e uma voz (configurada como garota adolescente) é reproduzida por ele. Não come qualquer coisa na frente de qualquer pessoa, pois se envergonha da bagunça que acaba fazendo. 

Mas Amy se julga feliz. Pelo menos quer acreditar nisso, até que um dia escreve uma redação dizendo o quanto é uma garota de sorte e Matthew é o único que faz questão de dizer que ela está mentindo, que não é possível que se sinta tão feliz assim, afinal, ela não tem amigos, muito menos vida social. E é quando ouve essas verdades que Amy percebe que precisa mudar.

Está no último ano do ensino médio, e vive acompanhada por auxiliares, adultos que a ajudam quando precisa - como quando tem que ir ao banheiro ou quando precisa carregar seu material pelo colégio. Decide que quer fazer uma experiência diferente: quer que seus colegas a auxiliem. E faz questão de pedir a Matthew para que se candidate a uma das vagas, já que precisa de alguém que seja sincero com ela. Assim, eles começam a conviver e a enxergar suas próprias vidas mais claramente ao observar um ao outro.

O desenvolvimento é um pouco lento, mas mesmo assim me envolvi bastante. E acredito que a lentidão tem uma razão para existir, devido à situação das personagens principais. Torci loucamente para cada um dos protagonistas conseguir se superar a cada dia, porque Amy não é a única que tem dificuldades a vencer nessa história. É muito bonito vê-los nessa jornada de autoconhecimento, aprendendo a se aceitar e, ao mesmo tempo, a não deixar que suas limitações os impeçam de fazer alguma coisa.

Certas partes do enredo foram bem previsíveis, na minha opinião. As reviravoltas não me surpreenderam, mas serviram para dar fôlego à história. E, quando o livro acabou, me decepcionei um pouco por não ser o final que eu esperava. Mas, mais uma vez, isso é problema meu, e não da escrita da autora... rs... 

Achei a capa linda e delicada, como a história. A diagramação é simples, as folhas são amarelas. Só uma coisa me incomodou: quando o aparelho que Amy usa para "falar" está emitindo som, isso é representado em caixa alta. Sim, é culpa da internet, sempre vou ler caixa alta como se fosse um grito, então fiquei um pouco incomodada. Felizmente, na hora das mensagens de texto ou dos e-mails, esse recurso não foi utilizado; a fonte foi alterada de formas diferentes nesses momentos.

O livro transmite belas lições, sempre acho super válido ler sobre alguém que tem muito mais dificuldades em sua própria vida. É um lembrete para pararmos de reclamar e para sermos gratos por tudo o que temos, começando por um corpo e uma mente saudáveis, que nos permitem fazer o que desejarmos, desde que estejamos dispostos a lutar para que as coisas aconteçam.

Acho que vamos todos descobrir que não existe um único e grande teste ou maneira de nos validar no mundo. Existe apenas um longo e silencioso processo de descobrir nosso lugar nele.